A limitação na disponibilidade por petróleo e carvão, principais fontes mundiais de energia, deixa em alerta a comunidade científica e governantes dos principais países consumidores de energia. Para buscar alternativas que possam minimizar uma futura crise energética mundial cerca de 50 cientistas, autoridades e empresários da Europa, Estados Unidos e Brasil reúnem-se de 9 a 11 de setembro, em Amsterdã, Holanda.

O objetivo é debater a sustentabilidade da produção comercial de energia proveniente de biomassa, do Mercosul para a Europa, num evento promovido pelo Instituto de Estudos Ambientais, da Universidade de Vrije, na Holanda. O pesquisador Décio Gazzoni, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, foi convidado para coordenar um dos workshops do evento, abordando os aspectos científicos e tecnológicos da produção energética via biomassa.

Gazzoni diz que a energia derivada da biomassa pode ser obtida do processamento de reflorestamentos e de plantas que concentram grande quantidade de óleo, como a soja, o girassol e a palma. O resíduo do processamento de agroprodutos (bagaço de cana de açúcar e da palha de arroz) também pode ser transformado em energia. "É claro que o caminho é a utilização de biomassa, fonte de energia renovável. Esses substitutos energéticos e de base serão a matéria-prima futura para a indústria química e petroquímica", diz o pesquisador da Embrapa Soja (Londrina/PR).

Atualmente, a pesquisa já consegue produzir biodiesel, plásticos e tintas de soja, mamona, algodão, dende, em nível experimental e até em pequenas escalas. Segundo Gazzoni, o desafio é produzir em escala comercial. "Se dentro de 20 anos, o Brasil produzir 100 milhões de toneladas de soja para consumo alimentar, por exemplo, outras 100 milhões de toneladas poderão ser destinadas para uso energético e industrial. A biomassa tem potencial de tornar-se a mais importante fonte de matriz energética mundial", vislumbra.

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