01/11/02 |

Sojicultores perdem dinheiro por adubação equivocada

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Produtores de soja de Norte a Sul do País vêm perdendo lucratividade por causa da aplicação inadequada de adubo no solo. Essa é a constatação de pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que de maio a julho, fizeram reuniões com produtores e profissionais da assistência técnica privada e oficial de vários estados brasileiros para avaliar a adoção de tecnologias e estimar custos de produção.

A avaliação periódica da fertilidade do solo dá uma indicação da disponibilidade de macro e de micronutrientes e mostra a situação do pH do solo. O histórico da área, quanto às adubações, produtividades e espécies cultivadas em anos anteriores, ajuda na determinação sobre a necessidade de aplicação de calcário e de adubação. "Percebemos que alguns produtores vêm fazendo a aplicação de adubos sem respeitar as quantidades indicadas pelas análises do solo e das folhas", explica o pesquisador Gedi Sfredo, da Embrapa Soja.

Sfredo diz ainda que mesmo depois de corrigidos, os solos devem ser monitorados ano a ano para que seja mantida a sua fertilidade. Para cada mil quilos de soja produzido por hectare, há necessidade de reposição 20 kg de fósforo (P2O5) e de 20kg de potássio (K20). No entanto, foram observados exemplos equivocados de reposição desses nutrientes em várias regiões produtoras. "São sojicultores que aplicam adubo acima da necessidade da planta e aumentam o custo de produção ou que aplicam doses abaixo da necessidade da planta e reduzem a produtividade. Nos dois casos, eles perdem dinheiro".

Em alguns casos no Mato Grosso, produtores que tiverem produtividade média de 3 mil t/ha deveriam repor os nutrientes absorvidos pela soja, aplicando 300 kg/ha da fórmula 0-20-20 (porcentagem de fósforo e de potássio) e ainda fazer a manutenção necessária, de acordo com a análise de solo. No entanto, houve casos de aplicação de 500kg/ha, ou seja, 200 kg desperdiçados em cada hectare. "Considerando os valores dos insumos praticados na última safra, podemos dizer que esses produtores desperdiçaram R$80,00 por hectare", afirma o pesquisador Antonio Carlos Roessing, da Embrapa Soja.

Em certas propriedades do Sul do País, a reposição de adubos também não foi ideal. Alguns produtores que obtiveram produtividade média de 1800kg/ha, ao invés de aplicar 180kg/ha da fórmula básica para atender as necessidades da planta, aplicaram 120kg/ha. "Nessa safra, esses produtores ainda não tiveram prejuízos econômicos, mas a falta de reposição dos nutrientes retirados do solo pela planta proporcionará um empobrecimento do solo. Isso pode levar a produtividades cada vez menores", diz Sfredo.

Tecnologias disponíveis para produção de soja não faltam, mesmo assim a não adoção de muitas delas e o uso incorreto de outras é uma realidade. A calagem de superfície utilizada por produtores da semeadura direta é um exemplo. Essa prática é viável em situações de plantio direto muito bem estabelecidos. "Se a primeira calagem não for bem elaborada, as futuras aplicações de calagem superficial podem inviabilizar a sua incorporação a camadas mais profundas. Com isso, o desenvolvimento do sistema radicular é prejudicado", diz Roessing.

De acordo com o pesquisador, raízes bem formadas a 20 cm de profundidade captam água do solo com mais facilidade em períodos de estiagem. Plantas com déficit hídrico apresentam diminuição na sua atividade metabólica e têm mais dificuldades de absorver os nutrientes necessários para seu desenvolvimento. Essa foi a situação de algumas lavouras do Cerrados que na última safra, sofreram com a estiagem de uma semana, justamente no período de enchimento dos grãos. Em muitas dessas lavouras houve quebras de até 20% da produtividade.

Outro ponto observado pelos pesquisadores da Embrapa foi a desatenção na aplicação de Molibdênio e de Cobalto, micronutrientes capazes de colaborar com o equilíbrio nutricional das plantas e auxiliar na fixação biológica do Nitrogênio. "A aplicação de Molibdênio em áreas deficientes desse elemento pode aumentar em 20% a produtividade de soja, mesmo assim muitos produtores não usam essa tecnologia", garante Sfredo.

Jornalista: Lebna Landgraf - MTb 2903 Embrapa Soja Telefone: (43) 371-6061/9994-2270 E-mail: lebna@cnpso.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Grãos\Soja 

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