Será lançada oficialmente nesta quinta-feira, dia 12 de dezembro, a partir das 15 horas, na sede da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas/BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, uma variedade de acerola (Malpighia emarginata). Batizada de Cabocla, a nova cultivar tanto pode ser destinada para o consumo natural, quanto para a indústria de processamento.

"Os frutos desta variedade são grandes, firmes, de cor vermelha, com boa palatabilidade e alta relação polpa/caroço, adequados para consumo como variedade de mesa", ressalta Rogério Ritzinger, pesquisador que desenvolveu a nova variedade, acrescentando, no entanto, que a nova acerola poderá ser utilizada também para o processamento de suco, apresentando teor de vitamina C (ácido ascórbico) superior a 1.000 mg a cada 100 g de polpa. Outra boa característica da Cabocla é que as plantas adultas apresentam produção superior a 40 quilos de frutos por ano, em condições adequadas de suprimento de água e nutrientes.

A Embrapa iniciou a pesquisa em 1994, quando os pesquisadores começaram a coletar plantas para a formação de um banco de germoplasma (genes vegetais) que, atualmente, conta com mais de 100 acessos. Foi dessa coleção genética que os cientistas escolheram a nova variedade, depois de um processo cuidadoso de avaliação de suas características.

Recomendações Técnicas - "A variedade é indicada para plantios sob condições de Tabuleiros Costeiros, devendo ser plantada com espaçamento de 5,0 x 4,0 m. O plantio sem uso de irrigação deve ser feito no início do período das chuvas. A precipitação de água da chuva bem distribuída ao longo do ano favorece a floração e frutificação da variedade", detalha o especialista em melhoramento genético. Ele explica que a nova variedade alcança uma produtividade excelente em condições irrigadas.

Pelos dados do IBGE, a área cultivada no Brasil é de mais de 11 mil hectares, com uma produção de aproximadamente 32.990 toneladas e um rendimento de 3.000 quilos por hectare. Depois de quase 50 anos da chegada ao Brasil das primeiras sementes de acerola, foi a partir do final da década de 80 que a cultura da acerola começou a se expandir no país.

O consumo em expansão da acerola, também chamada de Cereja das Antilhas, deve-se, basicamente, a seu elevado teor de ácido ascórbico (Vitamina C) que, em algumas variedades, alcança até 2.000 miligramas por 100 gramas de polpa em frutos maduros. Este índice chega a ser 40 vezes superior ao da laranja ou quatro vezes ao da goiaba, frutas com alto conteúdo dessa vitamina.

O trabalho da Embrapa, na seleção de variedades, tenta resolver um dos problemas básicos para o estabelecimento da cultura no agronegócio de frutas: segundo os especialistas, na quase totalidade dos pomares, observa-se uma mescla acentuada de tipos e formas de plantas. Esse fato tem causado sérias dificuldades para os produtores de acerola, porque a falta de uniformidade das plantas acarreta perdas de produtividade do pomar e de qualidade dos frutos.

Segundo João Roberto Pereira Oliveira, outro pesquisador da Embrapa que participou do trabalho de seleção da nova variedade, é comum encontrar-se, no mesmo pomar, plantas com hábitos de crescimento distintos, árvores que produzem frutos em cacho e isolados, com tamanhos, formatos e colorações diferentes. "É importante que os pomares sejam formados a partir de variedades bem definidas, portadoras de características agronômicas e tecnológicas, adequadas à finalidade a que se destinam", diz o pesquisador.

Principais características morfológicas da acerola Cabocla

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