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Pesquisas revelam variedades de banana tolerantes a doenças

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Apesar de a região Norte do Brasil representar uma área de risco para o avanço de uma das principais doenças que atacam os bananais - a sigatoka negra - experimentos conduzidos por pesquisadores da Embrapa Rondônia (Porto Velho/RO), Unidade da Empresa Brasilleira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, revelam variedades da fruta altamente tolerantes a uma das principais causas levantadas pelo cientista belga Emile Frison como determinante da extinção da espécie. O cientista é coordenador da Rede Internacional para o Aprimoramento da Banana, órgão sediado em Montpellier, na França. Segundo ele, em entrevista publicada no último dia 16, na revista "New Scientist", a banana pode desaparecer da face da Terra dentro de 10 anos, classificando fungos e outros tipos de peste como as principais ameaças da extinção. A alegação se baseia no fato de que a banana não produz sementes, impedindo a variação genética.

No entanto, de acordo com o bolsista da Embrapa/CNPq, Alvanir Garcia, o fungo responsável pelo desenvolvimento da sigatoka negra pode e está sendo combatido. "Variedades como o grupo FHIA, testadas pela Embrapa, se mostram altamente tolerantes ao ataque do fungo", revela o bolsista. Garcia se refere às variedades 01, 02, 03, 18, 20, 21 e 22 desenvolvidas pela Fundação Hondurense de Investigações Agrícolas (FHIA), entidade localizada em Honduras, e testadas pela Embrapa. Em experimentos montados na Unidade da empresa em Porto Velho (RO), comprovou-se também a tolerância de outras variedades, como Caipira, Prata Zulu, Ouro, Thap Maeo, PVO3-76 e PC-4201, e ainda a adaptação delas à região Norte do país. "A Embrapa testa essas variedades desde a década de 80. Trouxemos essas plantas de diversas partes do mundo para Rondônia, onde estamos verificando bons resultados", diz.

Intensificando o combate ao fungo, continua Garcia, o manejo integrado de pragas e doenças pode apresentar resultados satisfatórios aos produtores. "Deve-se alternar a aplicação de fungicidas para não possibilitar a criação de formas resistentes do fungo", completa. De acordo com o pesquisador, as folhas de bananeira atingidas devem ser cortadas, queimadas (para impedir a propagação da sigatoka negra via solo) e a planta deve receber aplicações de fungicida. "Estas são medidas de controle ao ataque da doença", pondera. A ação do fungo se concentra nas folhas da bananeira, responsáveis pela geração de energia à planta para a produção dos frutos. Após o ataque do fungo, manchas negras impedem a realização da fotossíntese e, consequentemente, não existe acúmulo de nutrientes, explica Alvanir Garcia.

Melhoramento genético - Em outra vertente, o melhoramento genético é a medida responsável pela resistência à sigatoka negra. A Embrapa Mandioca e Fruticultura, unidade da empresa localizada em Cruz das Almas (BA), está desenvolvendo uma variedade do tipo maçã tropical que se mostrou tolerante à sigatoka negra em experimentos realizados durante 12 anos. A variedade está sendo apresentada aos produtores das região. O pesquisador Sebastião de Oliveira e Silva, especializado em melhoramento de bananeiras, mostra que a Embrapa já testou uma série de materiais altamente tolerantes, como a Caipira e as classificações FHIA. Outra variedade, do tipo prata a Pacovan Ken - foi desenvolvida por pesquisadores da empresa e está sendo recomendada aos produtores de banana na região de Pernambuco.

Em Rondônia, a situação é peculiar. De acordo com o pesquisador da Embrapa na área de Fruticultura, Adriano Stephan Nascente, a doença chegou à região Amazônica em 1998 e em 1999 atingiu parte do Mato Grosso. "Existe pouca diversidade genética pela característica de reprodução da fruta: vegetativa. No entanto, o melhoramento convencional e as técnicas modernas da hibridação somática e da engenharia genética serão instrumentos para o desenvolvimento de materiais mais resistentes", pondera Nascente. Segundo o pesquisador, a atuação do Ministério da Agricultura e de órgãos de defesa sanitária dos Estados é essencial para o controle do fungo. "Devemos desenvolver campanhas para evitar que a doença chegue em outras regiões do Brasil", se referindo à possibilidade de transmissão através do trânsito de material vegetativo contaminado.

Em um bananal, o próprio facão de poda pode ser instrumento de contágio para bananeiras sadias, daí a necessidade de cuidado no manejo da planta. Na Embrapa Rondônia, variedades tolerantes à sigatoka negra em outros Estados estão sendo submetidas às condições climáticas e de relevo da região. Vitrines tecnológicas sediam experimentos onde mudas tolerantes ao fungo já foram plantadas há três anos. Até o momento, a indicação aos produtores é a substituição gradativa dos pés atingidos por variedades mais resistentes geneticamente e o controle ao fungo por meio da aplicação de fungicidas.

Mais informações podem ser obtidas junto à assessoria de comunicação social da Embrapa Rondônia (69 222-0014, ramal 6530) ou pelo endereço eletrônico sac@cpafro.embrapa.br

Jornalista responsável: Guilherme Ferreira Viana (MG 06566 JP) Assessoria de Comunicação Embrapa Rondônia Área de Comunicação e Negócios (ACN) Telefone: (69) 222-0014 / Ramal 6530 E-mail: gfviana@cpafro.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas\Tropicais 

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