A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, produtores do Projeto Reca e a Ceplac-Rondônia estão pesquisando o uso de feromônios como forma de controle biológico da broca-do-cupuaçu. O feromônio é um cheiro característico presente em cada espécie e serve como meio de comunicação. Na fauna, entre outras funções, ele é responsável pela atração de indivíduos da mesma espécie para cópula, demarcação de território, organização de atividades e outros tipos de comportamento.

A técnica já é usada com sucesso no caso do besouro da cana-de-açúcar. Cientistas criaram uma armadilha com pastilhas impregnadas de feromônio sintetizado que permite o monitoramento e a captura de grandes quantidades de insetos sem o uso de agrotóxicos.

No Acre, os pesquisadores das Embrapas Acre (Rio Branco-AC) e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF) querem desenhar um sistema similar. Hoje, a única recomendação de controle da broca é a retirada dos frutos afetados, queima e aterro. No entanto, os produtores ainda amargam perdas de até 70% nas lavouras de cupuaçu, principalmente na região de Vila Extrema (RO) onde estão os maiores plantios e uma das principais receitas da agricultura familiar da região.

A broca, que também prejudica as lavouras de cacau, ataca o fruto. A fêmea perfura a casca e deposita os ovos junto a polpa do cupuaçu. Lá, as larvas eclodem e se desenvolvem alimentando-se do fruto. Este processo leva quase um mês até evoluir, quando as larvas deixam o fruto e se infiltram no solo a uma profundidade de 5 a 20 centímetros. Daí ocorre a transformação em pupa. A fase seguinte é o adulto, um besouro de coloração marrom-escuro, que sai do solo, voltando a infestar os frutos.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Acre, Marcílio Thomazini, a longevidade da broca varia de 63 dias para os machos e 105 dias para a fêmea. Durante este período, a fêmea e capaz de produzir um ovo por dia. "Não há controle químico eficiente para a broca-do-cupuaçu. Por isto, o produtor tem estar atento à presença do besouro e providenciar a colheita dos frutos o mais rápido possível, destruindo os frutos atacados. A poda do cupuaçu também é uma alternativa porque a insolação ajuda a diminuir a incidência do inseto", afirma o pesquisador.

Jornalista: Soraya Pereira da Silva Embrapa Acre Telefone: (68) 212-3200 E-mail: soraya@cpafac.embrapa.br