"O estado do Pará pode produzir melão o ano todo". A afirmativa do pesquisador Simon Cheng, da Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA), uma das unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, resume o entusiasmo dos envolvidos no projeto que hoje exporta para o Suriname, Martinica e Caiena a primeira remessa de 30 kg do fruto. A colheita, realizada em fevereiro numa área próxima à Abaetetuba (PA), utilizou a técnica da plasticultura.

Na área dos produtores Cláudio Gonçalves e Léa Brauna, foi instalado um projeto piloto com o financiamento do Banco da Amazônia e orientação técnica da Embrapa. Os seis mil metros quadrados de plantio de melão - o equivalente a 0,6 hectare - são cobertos por 20 túneis de plástico, que impedem o encharcamento do solo por causa das chuvas, condição básica para que a cultura se desenvolva.

A técnica permite que a hortaliça seja cultivada o ano todo, mesmo durante as chuvas, período totalmente desfavorável à cultura do melão, pois prolifera uma doença chamada murchadeira do melão, que causa podridão das folhas e frutos. Além, disso a plantação é trabalhada com técnicas de fertirrigação, utilizando produtos naturais como o extrato de Nin para pulverização do local.

A colheita, de 15 toneladas de melão (algo inédito na região durante essa época), foi assistida pelos dirigentes da Embrapa Amazônia Oriental, à frente o chefe-geral Adilson Serrão, pelo gerente regional do Banco da Amazônia, Everaldo Pinheiro, engenheiros agrônomos do Banco e produtores interessados no cultivo de hortaliças na região.

De acordo com o pesquisador Simon Cheng, o Pará já chegou a ter 770 hectares plantados de melão, mas a área foi drasticamente reduzida para 40 hectares, o que não abastece nem mesmo 5% do mercado local. O principal motivo da redução foi a existência de um clima desfavorável ao cultivo do melão. Resultado: o Estado importa cerca de 95% do que consome, principalmente, do Sudeste e Sul do País.

Com a tecnologia gerada pela Embrapa de Belém, aliada ao desenvolvimento de variedades mais resistentes às doenças, às chuvas e mais produtivas, o cultivo do melão, e das hortaliças em geral, torna-se uma alternativa viável para o produtor rural da região. Simon Cheng afirma que essa técnica dá todas as condições necessárias para que o Estado possa até mesmo ser exportador de melão. Para os produtores Cláudio e Léa isso já é uma realidade, pois hoje estarão mandando sua primeira remessa - 30 quilos de melão - para o Suriname, Martinica e Caiena. "É ainda uma carga de certa forma experimental, mas já demonstra o interesse do mercado internacional no produto", completa Léa Brauna.

O custo total do projeto, de acordo com os produtores, foi de 100 mil reais, dos quais 45 mil financiados pelo Banco da Amazônia. O próximo passo é o monitoramento da produção. Para isso, já contam com a parceira da Embrapa. Na opinião do chefe geral da instituição, Adilson Serrão, esse projeto é realmente inovador e terá disponível todo o apoio técnico da empresa, inclusive para a fase de pós-colheita, como o armazenamento seguro, e para o beneficiamento da polpa, garantindo qualidade ao produto. Já gerente regional do Banco da Amazônia, Everaldo Pinheiro ressaltou que é possível tornar o Pará o maior produtor de melão da Amazônia.

Jornalista: Ana Laura Lima, DRT-Pa: 1268 Embrapa Amazônia Oriental Telefone: (91) 299-4599 E-mail: analaura@sede.embrapa.br