Nesta quinta-feira, 20 de março, acontece o seminário "Cogumelos e Imunoterapia: avanços científicos". O evento acontece a partir das 19h no Auditório do Centro de Ciências Florestais e da Madeira da Universidade Federal do Paraná. O evento é uma realização da Embrapa Florestas (Colombo/PR), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Universidade Federal do Paraná e Faculdade Evangélica do Paraná.

Os cogumelos têm sido tratados como alimentos especiais desde tempos remotos tanto por sua palatabilidade como por suas propriedades nutricionais e medicinais, mas seu uso é pouco difundido no Brasil. Países como China, Japão, Estados Unidos e vários da Europa fazem uso de seus benefícios, mantendo certas espécies deste grupo de fungos como parte de sua dieta alimentar. No Brasil, as espécies mais conhecidas são o champignon, shiitake, shimeji e o Agaricus brasiliensis, conhecido, entre outras denominações, como Cogumelo de Piedade, Cogumelo do Sol e Cogumelo de Deus. Este cogumelo é desidratado e consumido no mercado interno na forma de chá ou exportado para o Japão, onde foi comprovada a sua ação anti-tumoral.

Por seu valor nutricional e medicinal, aliado às características peculiares do seu sabor, fragrância de amêndoa e excelente textura – que o tornam particularmente adequado a inúmeras aplicações culinárias – o cogumelo Agaricus brasiliensis é, atualmente, um dos cogumelos cultivados mais valorados no mercado mundial. Entre suas propriedades medicinais, destacam-se seus efeitos imunomoduladores e anti-tumorais, bem como sua ação na redução da glicose sangüínea e do colesterol. Os elevados teores de ergosterol, precursor da vitamina D, lhe conferem, ainda, atributos de importância no combate a enfermidades ósseas, como raquitismo e osteoporose.

O seminário vai tratar justamente de pesquisas científicas realizadas com o cogumelo Agaricus brasiliensis e sua utilização na imunoterapia. A primeira palestra será da pesquisadora Maria Angela Amazonas, da Embrapa Florestas, biomédica, mestre em microbiologia e doutora em bioquímica. Em sua palestra, a pesquisadora vai tratar da "Biodiversidade de macrofungos e potencial de uso na alimentação e saúde", com enfoque nas pesquisas realizadas pela Embrapa Florestas. Estima-se que 12.000 espécies de fungos produzem corpos de frutificação de tamanho suficiente e textura adequada para serem consideradas como "cogumelos". Dessas, calcula-se que a metade possui diferentes graus de comestibilidade e mais de 2.000 são de primeira qualidade quanto ao seu valor para consumo humano. Aproximadamente 100 espécies já foram testadas para cultivo, das quais 35 são cultivadas comercialmente e apenas 7 ou 8 em escala industrial.

São muitas as demandas da pesquisa com cogumelos: inventário, caracterização bioquímica, caracterização molecular, avaliação do potencial de uso, caracterização fisiológica, conservação, biologia reprodutiva, caracterização de metabólitos bioativos, desenvolvimento de processos de cultivo, caracterização de elementos funcionais, melhoramento genético e definição de critérios para controle de qualidade. Para isso, foi formado um grupo de pesquisa multidisciplinar que está desenvolvendo o projeto "Bioprospecção da Macromicota da Floresta com Araucária e Mata Atlântica". O grupo reúne Embrapa Florestas, Universidade Federal do Paraná, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Faculdade Evangélica do Paraná e Universidade Regional de Blumenau – Furb, e Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS.

O segundo palestrante será o Prof. Dr. Ricardo Veronesi, que vai proferir a palestra "Imunoterapia: tratamento milenar avalizado pela moderna tecnologia". Dr. Veronesi é Professor Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - SP, consultor da Organização Mundial de Saúde – OMS, Presidente Honorário e fundador da Sociedade Brasileira de Infectologia e presidente do InFito – Instituto Ricardo Veronesi de Pesquisas em Saúde. Sua palestra vai trazer o histórico das pesquisas mundiais com cogumelos, principalmente em tratamentos de imunoterapia, incluindo o câncer. Desde a década de 1980 foi comprovado o papel imunomodulador de vários princípios ativos contidos nos cogumelos, tanto em animais de laboratório como em seres humanos, portadores de várias patologias, particularmente tumores malignos. Segundo pesquisas realizadas desde então, foi comprovado que a imunoterapia, isoladamente ou como complemento terapêutico, pode intervir na destruição de células tumorais.

O terceiro palestrante será o Prof. Dr. Jorge Gennari, ginecologista, obstetra e mastologista, ex-diretor do Oncocentro de São Paulo, ex-coordenador do Programa de Controle de Câncer de São Paulo e vice-presidente do InFito. Sua palestra será "Atividade anti-tumoral do cogumelo Agaricus brasiliensis: avaliação de 79 casos", onde vai apresentar como foi realizada esta pesquisa e quais os resultados obtidos. Segundo um artigo publicado pelo Dr. Gennari e Dr. José de Felippe Júnior na Revista de Medicina Complementar, em 2001, esta pesquisa permitiu comprovar que o cogumelo do sol tem a propriedade de aumentar o número de células NK (que combatem o câncer) em pacientes com câncer. Nesta pesquisa, este efeito biológico foi eficaz em 75% dos pacientes.

O último palestrante será o Dr. Marcelo de Souza Gennari, cardiologista e perito médico judicial formado pelo Instituto Brasileiro de Extensão Jurídica – IBEJ, Coordenador de Medicina do Esporte da Associação Brasileira de Medicina Complementar e Estratégias Integrativas em Saúde – AMC e diretor secretário do InFito. Sua palestra será sobre "Ética Médica e Legislação: Implicações no uso de cogumelos".

Data: 20/03/2003 – quinta-feira Local: Auditório do Centro de Ciências Florestais e da Madeira da Universidade Federal do Paraná – Rua Lothário Meissner, 3400 – Jd. Botânico – Curitiba/PR Horário: 19h

Mais informações: Embrapa Florestas Área de Comunicação e Negócios Katia Pichelli – Jornalista – MTb 3594 PR Fones: (41) 666-1313 / 9969-9871 E-mail: katia@cnpf.embrapa.br