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Agricultura familiar pode alavancar novo ciclo de desenvolvimento rural brasileiro

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A Embrapa decidiu acertadamente ao eleger a agricultura familiar como uma de suas áreas de concentração. Quem festeja é o professor da Escola dos Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris e co-diretor do seu Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo, Ignacy Sachs. O eco-socio-economista vê na agricultura familiar a "base fundamental da estratégia rumo ao novo ciclo de desenvolvimento rural brasileiro".

Foi o que Sachs defendeu ontem, 24, em palestra sobre o tema, que encerrou o ciclo de palestras Alimentação, Agricultura Sustentável e Importância da Pesquisa para o Brasil, que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, realizou em seu auditório, na sede da Empresa, em Brasília/DF, entre os dias 22 e 24 de abril, em comemoração aos seus 30 anos.

Segundo o professor, recente estudo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos mostra que o Brasil tem uma área de cerca de 200 milhões de hectares em terras cultiváveis, clima favorável e pesquisadores de classe internacional, condições que projetam o país como celerio da humanidade. Mas qual a estratégia de utilização dessas terras? Destiná-las às culturas altamente mecanizadas? O economista questiona e em seguida avalia: para definir a forma de uso das áreas cultiváveis, "o Brasil deve ter o emprego como porta de entrada na discussão de estratégias para promover um desenvolvimento includente".

No mundo, lembra Sachs, 30 por cento da força de trabalho está desempregada ou subempregada e, segundo entende, será impossível resolver o problema "sem olhar de perto as potencialidades não realizadas do emprego rural". No Brasil, será essencial alavancar a agricultura familiar, avalia. Sachs ressalta, no entanto, que a prioridade ao setor pode ser dada sem medo de onerar as exportações ou de uma volta à agricultura de subsistência.

Para o eco-sócio-economista, o papel da Embrapa e das universidades será proporcionar, por meio da pesquisa, a abertura do leque dos produtos derivados da biomassa, diversificando os empregos gerados na agricultura familiar e permitindo que os agricultores se engajem em pluriatividades. Isso, assegura Sachs, trará significativos impactos sociais, econômicos e ambientais, com efeito multiplicador sobre a economia nacional.

Ignacy Sachs sugere ainda que a Embrapa desenvolva programas de pesquisa tendo como referencial os ecossistemas - o Ibama catalogou recentemente quase 60 ecossitemas. "É preciso que os pesquisadores trabalhem a partir da diferenciação, diferentes propostas para diferentes ecorregiões". Grande conhecedor da realidade econômica brasileira, o professor Sachs entende que o país está maduro para um novo ciclo de desenvolvimento rural, "predestinado a liderar em escala mundial o processo de invenção de uma nova civilização sustentável dos trópicos baseada na valorização do trinômio biodiversidade-biomassas-biotecnologia".

Foto: Marcelo Lima

Sachs: Brasil está maduro para novo ciclo de desenvolvimento rural

Valéria Costa - MTb 15.533/59/32-SP Assessoria de Comunicação Social da Embrapa Fone: 61 4484379 Endereço eletrônico: valeria.costa@embrapa.br  

Tema: Atividades Temáticas\Agricultura Familiar 

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