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Especial 30 Anos - Pesquisas ajudaram a expandir a cultura da soja para a região tropical do Brasil

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Cultivares adaptadas às regiões de baixa latitude dos trópicos romperam o paradigma da produção da soja em regiões temperadas

Ao longo dos últimos 50 anos, a soja passou de um cultivo inexpressivo à cultura líder do agronegócio nacional. Em 1960, o País produzia pouco mais de 200 mil toneladas do produto e mal figurava nas estatísticas internacionais. Desse montante, 95% era colhido no Rio Grande do Sul (28 a 32 graus de latitude sul), utilizando cultivares introduzidas do sul dos Estados Unidos que apresentavam alta sensibilidade ao fotoperíodo, fato que limitava o seu cultivo no tempo e no espaço. Apesar disso, a produção de soja nessa década multiplicou-se por cinco, atingindo o primeiro milhão de toneladas em 1969. Foi na década seguinte que ocorreu o incremento mais significativo do seu cultivo, partindo de uma produção de 1,5 milhões de toneladas para 15 milhões em 1979. Cerca de 80% dessa produção concentrava-se na Região Sul, com a liderança ainda em poder do Rio Grande do Sul, devido à maior adaptação das cultivares americanas nessa região.

As principais ações de pesquisa de então estavam relacionadas com a regionalização de cultivares, seleção de linhagens, correção e manejo da fertilidade do solo, práticas culturais, envolvendo espaçamento e densidade de plantas, assim como a identificação da melhor época de semeadura. Também foram disponibilizadas informações sobre controle químico de pragas e plantas daninhas, bem como sobre inoculação de sementes com bactérias fixadoras de nitrogênio e tecnologia de produção de sementes de alta qualidade.

A partir dos anos 70, a Região Centro-Oeste passou a ter importância na produção nacional de soja, em função da imigração dos produtores do Sul em busca de terras mais baratas e às ações de Governo para colonização do Brasil Central. Essa região, que era responsável por apenas 2% da produção brasileira em 1970, passou para 20% em 1980 e 40% em 1990. Atualmente a produção do Centro-Oeste supera a da Região Sul, com perspectivas de ampliar a cada nova safra essa diferença. Contudo, o fato mais expressivo que proporcionou o avanço da soja na região tropical é representado pela contribuição da pesquisa agropecuária brasileira, que .

A oferta de cultivares adaptadas à região do cerrado e o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à rotação de culturas e ao manejo da fertilidade e dos sistemas de preparo de solo contribuíram para a obtenção de altos rendimentos de grãos, viabilizando o cultivo da soja em qualquer ponto do território brasileiro. Somente no Cerrado, mais de 200 milhões de hectares improdutivos foram transformados em áreas potenciais para o cultivo agrícola, sendo possível a disponibilização imediata – sem limitações ecológicas ou edafoclimáticas – de 50 milhões de hectares para a produção de soja e de outros grãos.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, teve participação decisiva no avanço da soja rumo ao Cerrado. Segundo o diretor-presidente Clayton Campanhola, boa parte do sucesso deve-se ao modelo de parcerias adotado pela empresa no programa de desenvolvimento de cultivares, constituído por contratos de cooperação técnica e financeira com instituições públicas estaduais e com associações de produtores de sementes, abrangendo as principais regiões produtoras do País. "Esses parceiros incrementaram a capacidade de desenvolvimento de novas cultivares da Embrapa, provendo logística local, sustentação financeira e, consequentemente, agilizando o processo de obtenção de novas cultivares", explica Clayton. Hoje as cultivares "Embrapa" respondem por mais de 50% do mercado nacional de sementes de soja. A oferta de cultivares foi acompanhada pela incorporação, tanto nas "velhas" quanto nas novas cultivares, de resistência às principais doenças que atacam a cultura no território brasileiro.

A transformação do Cerrado em área agrícola, ideal à produção de grãos como a soja, estimulou a rápida ocupação do Brasil Central, levando o progresso e o desenvolvimento para uma região inicialmente despovoada e pouco valorizada. O progresso pode ser avaliado pela transformação de pequenos conglomerados urbanos em metrópoles e pelo surgimento de cidades em áreas onde havia baixa densidade populacional. O avanço da cultura na região promoveu o Mato Grosso a líder nacional de produção e produtividade de soja, com grandes perspectivas de consolidar-se nessa posição - o agronegócio da soja contribui com mais de 50% do PIB desse estado.

Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor de soja, com cerca de 50 milhões de toneladas, superado pelos Estados Unidos com 78 milhões e seguido pela Argentina com 35 milhões. Essa posição é fortalecida pela capacidade de expansão de sua fronteira agrícola na região tropical, ainda inexplorada e apta ao cultivo da soja, comparável à falta de novas áreas disponíveis para produção nos Estados Unidos, Argentina, China e Índia, cujas produções deverão se estabilizar, a menos que o cultivo ocorra em detrimento de outras culturas como o milho, sorgo, girassol e pastagens. A produção mundial de soja cresceu, em média, 3,8% ao ano no período 1997/2001, projetando uma produção de 220 milhões de toneladas na safra 2005/2006, se for mantida a mesma taxa de expansão.

Mais informações: Assessoria de Comunicação Social da Embrapa Telefone: (61) 448-4113 E-mail: robinson@sede.embrapa.br

Brasília-DF, 29 de abril de 2003  

Tema: A Embrapa 

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