A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, inovou a ciência brasileira e mudou o perfil da agricultura tropical ao unir a Física à agricultura. O pioneirismo ousado rendeu tecnologias que já beneficiaram economicamente a pecuária nacional e internacional, com a introdução do ultra-som para detectar prenhez de bovinos e eqüinos. O aparelho detecta a prenhez com 100% de acerto em éguas e vacas, respectivamente com 22 e 35 dias, após a cobertura. No método tradicional o resultado só é possível após 60 dias , por meio de apalpação manual. A prenhez detectada com rapidez e precisão, reduz o intervalo de parto de 18 para 12 meses e faz com que a produção de leite aumente de 100 litros/dia para 150 litros/dia, com as mesmas vacas. A quantidade de bezerros também aumenta, passando de 66 para 100 bezerros/ano, significando 34 bezerros a mais. Cerca de três mil aparelhos já foram comercializados.

Outras técnicas também consagradas na medicina ganharam força no desenvolvimento de instrumentos, como o tomógrafo computadorizado para análise de solos e plantas, que pode ser utilizado no próprio campo. O equipamento permite a análise detalhada de solos – compactação, raízes e umidade – e troncos de árvores com até 30 cm de diâmetro. A técnica tomográfica, além de não destruir a amostra, permite a visualização no próprio local, estudar a distribuição de densidades, e água no solo, visualização não destrutiva de raízes, seleção de matrizes de árvores, ataques de cupins e formigas no interior de árvores. Grande parte destas análises eram impossíveis antes da inserção da tomografia na agricultura.

Já o emprego da ressonância magnética nuclear agilizou a análise do teor de óleo em sementes e grãos, como soja, milho, girassol, amendoim, sem destruí-las. Em segundos, também verifica o teor de umidade em produtos agrícolas, entre eles, grãos e sementes não oleaginosas, rações, produtos alimentícios, farmacêuticos e químicos em geral. O método de análise tradicional, amassa a semente, impedindo seu uso em programas de seleção e melhoramento genético.

Caracterizada pelo estilo inovador, o Centro utilizou, pela primeira vez, plásticos que conduzem eletricidade para criar a Língua Eletrônica, em parceria com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. O sensor gustativo é muito mais sensível que a língua humana e é capaz de avaliar a qualidade e paladar de bebidas, entre elas, a água, vinho, leite e café. Com rapidez, precisão e simplicidade, a Língua analisa a qualidade da água, a existência de contaminantes, pesticidas, substâncias húmicas e metais pesados, enquanto nas demais bebidas, a Língua Eletrônica diferencia sem dificuldade os padrões básicos de paladar, doce, salgado, azedo e amargo, em concentrações abaixo do limite de detecção do ser humano. Em 2001, o equipamento recebeu o Prêmio Governador do Estado, categoria Invento Brasileiro.

Jornalista: Joanir Silva Embrapa Instrumentação Agropecuária Telefone: 16-274-2477 E-mail: jo@cnpdia.embrapa.br