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Especial 30 Anos - Tecnologias ajudam a recuperar áreas degradadas

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Sistemas agroflorestais, leguminosas associadas com microorganismos e integração lavoura/pecuária são pesquisas que deram certo no Brasil

Mais de 15% dos solos do mundo encontram-se degradados ou em processo de degradação. Na área tropical a situação ainda é pior: mais da metade dos solos tropicais possuem algum grau de degradação. Das áreas degradadas, 98,8% estão relacionadas as atividades de produção e extrativismo e 1,2% a atividades industriais e de mineração (que causam degradação de maior intensidade). Apesar das tecnologias disponíveis, ainda se pratica um manejo inadequado nos solos brasileiros: dos 120 milhões de hectares de pastagem cultivadas em nosso país, 50 milhões estão em diferentes estágio de degradação.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, têm desenvolvido inúmeras tecnologias visando a recuperação de áreas degradadas, como a integração lavoura/pecuária, a recuperação de vegetação com espécies de leguminosas em associação com microorganismos benéficos, os sistemas agroflorestais, o sistema de plantio direto e a alternativa de recuperação e utilização de áreas alteradas e abandonadas na Amazônia, dentre outros.

Uma das tecnologias pioneiras visando a recuperação de pastagens degradadas através da integração lavoura-pecuária, é o Sistema Barreirão, que consiste na produção de culturas anuais de grãos em consórcio com espécies forrageiras. São fundamentais o preparo e a correção do solo, a adubação correta e a escolha das cultivares/variedades que melhor se adeqüem ao sistema. As culturas mais utilizadas são o milho, arroz, sorgo e milheto. As médias de rendimento por hectare de arroz de sequeiro e milho, onde se utilizou a tecnologia, foram de 33,5 sacos de arroz e 61,5 sacos de milho - produtividades que têm permitido ao produtor recuperar a pastagem com lucro de até 27% pela produção dos grãos.

Já o Sistema Santa Fé consiste no consórcio de culturas anuais com forrageiras, com ênfase nas braquiárias, objetivando a produção de forragens para a entressafra e/ou ainda palhada para o sistema de plantio direto. Esta tecnologia permite explorar durante todo o ano mais de 10 milhões de hectares, atualmente utilizados no verão somente com culturas de grãos. Estima-se que na recuperação de pastagens degradadas usando a integração lavoura-pecuária, mais de 20 milhões de hectares poderão ser incorporados ao processo produtivo brasileiro para produção de grãos sem abertura de novas áreas.

A utilização de espécies de leguminosas em associação com microorganismos benéficos tem sido utilizada na recuperação de áreas em avançados processos erosivos, como as voçorocas, encostas com risco de deslizamento e áreas de mineração de bauxita, ouro, zinco, ferro, areia etc. A tecnologia alcançou excelentes resultados em locais cuja vocação natural é a floresta ou proteção de mananciais hídricos. Permite aliar produção agropecuária com geração de serviços ambientais (como o aumento da recarga de água, aumento da biodiversidade, produtos orgânicos, aumento dos teores de carbono no solo) e ainda mantém estas áreas diretamente ligadas ao setor produtivo.

A redução de desmatamentos e queimadas na Amazônia pode ser viabilizada com a utilização de tecnologias já existentes. São mais de 47 milhões de hectares já desmatados e a estimativa é de que 20 milhões sejam pastagens (a metade degradadas), um milhão com plantas perenes, 1,5 milhão com cultivos anuais e 24,5 milhões de vegetação secundária (capoeira). Com o uso de manejo de capoeiras, integração lavoura-pastagem e plantio direto, poderiam ser incorporados, no mínimo 10 milhões de hectares destas áreas para produção agrícola sem a necessidade de novos desmatamentos na região.

Jornalista: Robinson Cipriano Assessoria de Comunicação Social da Embrapa Telefone: (61) 448-4113 E-mail: robinson@sede.embrapa.br Brasília-DF, 28 de abril de 2003  

Tema: A Embrapa 

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