01/04/03 |

Discurso do Diretor-Presidente Clayton Campanhola nos 30 anos da Embrapa

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Embrapa 30 anos: o papel da tecnologia agropecuária em um mundo em transformação
É uma grande honra fazer a abertura de uma solenidade de tamanha envergadura para a nossa instituição!

Aos 30 anos de existência, atingimos a plena maturidade, com a consolidação de uma instituição desenhada para acordar o Brasil, demonstrando que o potencial produtivo agrícola nacional pode ser viabilizado. A Embrapa muito contribuiu para que os agricultores se tornassem agentes estruturadores do nosso meio rural, produzindo alimentos, renda, divisas e tornando o país referência em pesquisa & desenvolvimento agropecuários.

Nestas últimas três décadas, o país consolidou-se como um dos mais importantes produtores mundiais de soja, milho, leite, carne, laranja, aves, suínos, entre vários outros produtos, o que tem sido uma tarefa altamente desafiadora para enfrentar um mundo cada vez mais competitivo.

Ao analisarmos como se deu esta evolução, não há quem não consiga identificar, em cada uma dessas cadeias produtivas, o esforço do conhecimento gerado pela Embrapa.

A cultura da soja, por exemplo, conquistou todas as regiões do país. tornou-se um dos carros chefes na nossa pauta de exportação agrícola e redefiniu de forma indiscutível o conceito de agricultura tropical. A partir da adaptação de uma espécie exótica, originária de ambientes de latitude elevada, hoje ela chega a ser cultivava em regiões equatoriais, graças aos esforços de nossos melhoristas. Entre o ano de 1970 e hoje, a área cultivada com a soja cresceu de 2,2 milhões para 17,9 milhões de hectares, ou seja, mais de 8 vezes. a quantidade total produzida aumentou de 1,9 milhão para 49,7 milhões de toneladas de grãos, ou seja, mais de 26 vezes. Isso significa que, se não tivesse havido aumento na produtividade, cerca de 40 milhões de hectares teriam que ter sido incorporados à produção para que se obtivesse a mesma quantidade total produzida atualmente. Estes 40 milhões de hectares correspondem, hoje, a praticamente toda a área cultivada com grãos no país.

Destaque-se também a grande economia de fertilizantes nitrogenados resultante da utilização de bactérias fixadoras de nitrogênio em toda a área plantada com soja no país, o que representou, somente nesta safra de 2003, uma redução de despesas da ordem de R$ 6,2 bilhões.

Importantes também foram as centenas de cultivares e híbridos de milho, feijão phaseolus e feijão vigna, algodão, mandioca, tomate, cenoura, maçã, pêssego, trigo, arroz, frutas tropicais, entre outros, disponibilizadas para uso pelos agricultores de todo o brasil. Além de contribuírem para o aumento da produtividade, essas cultivares e híbridos conferiram maior resistência a pragas e doenças, com economia no uso de agrotóxicos.

O avanço da genética, juntamente com as boas práticas de manejo do solo e das pragas, mecanização, irrigação, armazenamento e transporte fizeram com que o país chegasse a 2003 com uma produção de 118 milhões de toneladas de grãos, e um superávit comercial no agronegócio de 22 bilhões de dólares. desde os anos 70, a produção de leite e hortaliças dobrou. a produção de carne bovina e suína foi multiplicada por 3, e a produção de frango aumentou 20 vezes.

No que se refere ao meio ambiente, uma área sensível ao desenvolvimento de qualquer nação, uma vez que nem sempre se tem compatibilizado produção agrícola e pecuária com conservação ambiental, exemplos como o manejo sustentável florestal, para a região norte; o manejo da caatinga, para a região nordeste; a recuperação de pastagens degradadas e o Projeto Silvânia, no cerrado; e o zoneamento agrícola, em diversos estados da federação, são marcos significativos e iniciativas que visam compatibilizar crescimento econômico com respeito ao homem e à natureza.

Nesses 30 anos, outro aspecto relevante foi o avanço obtido pelo país, e particularmente pela Embrapa, na área da biotecnologia. Atualmente, são dezenas de laboratórios especializados em cultura de tecidos, biologia molecular, modificação de plantas, clonagem animal, genômica e bioinformática que geram conhecimentos estratégicos para todos os recantos da nação.

Só a campanha nacional de sementes melhoradas de milho e feijão para pequenos agricultores, já beneficiou mais de 250 mil famílias, em quase 5 mil comunidades.

Temos ainda um grande caminho a percorrer! a inclusão social de milhões de irmãos e irmãs, pequenos e médios produtores, que não têm conseguido utilizar os conhecimentos e as tecnologias desenvolvidos por nós, na escala e na intensidade com que gostaríamos de ver. Ao chegarmos até aqui, torna-se evidente que um grande esforço adicional deve ser incorporado às nossas atividades de modo a colaborar com a inserção duradoura no processo de desenvolvimento socioeconômico daqueles e daquelas que fazem a agricultura familiar, das nossas comunidades quilombolas, indígenas e das milhares de famílias assentadas da reforma agrária.

Não há como avançarmos, como nação, convivendo com comunidades rurais tão díspares. De um lado, presenciam-se modelos produtivos tão ou mais modernos do que aqueles encontrados em qualquer país desenvolvido, e de outro, práticas agrícolas que testemunham o início da domesticação de plantas e animais e o início da agricultura.

Os desafios e as oportunidades que se apresentam para a Embrapa são cada vez maiores. Além de darmos conta de melhorar a competitividade e a qualidade das cadeias das commodities agrícolas, temos que contribuir para o desenvolvimento de comunidades rurais que precisam de tecnologia de produção agropecuária, de tecnologia de agregação de valor aos seus produtos, de conhecimentos técnicos, de conservação dos recursos naturais, enfim, de pesquisas que atendam seus anseios e que garantam sua sustentabilidade.

Não podemos caminhar sós. Precisamos construir arranjos institucionais que resolvam questões de infra-estrutura, crédito, capacitação profissional, gestão, entre outros, para que os resultados gerados e transferidos pela Embrapa produzam os efeitos desejados. Para isso, devemos fortalecer nossas relações com as diferentes esferas de atuação dos setores público, privado e da sociedade organizada.

A Embrapa deste milênio deverá ser uma empresa cidadã, com controle social, e voltada para atender os mais diversos grupos de agricultores que compõem o nosso meio rural.

Muito Obrigado!  

Tema: A Embrapa 

Mais informações sobre o tema
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