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Especial 30 anos - Tecnologias ajudam no desenvolvimento econômico e social da Amazônia brasileira

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No futuro a pesquisa agropecuária deverá ser o diferencial no crescimento dessa região rica em biodiversidade

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atua na região amazônica com seis unidades de pesquisa. A Amazônia é uma das regiões mais conhecidas no mundo e uma das que mais despertam a curiosidade da população e dos cientistas. São cinco milhões de quilômetros quadrados, mais da metade do território brasileiro. Apenas no Brasil ela tem 88% de sua cobertura formada por floresta intacta. Vinte milhões de pessoas habitam a região. No século XXI o objetivo da pesquisa é atuar da melhor maneira possível nesse patrimônio riquíssimo em biodiversidade. Nos últimos 30 anos a Embrapa disponibilizou uma série de tecnologias, processos e serviços que estão contribuindo para o crescimento econômico e social da região. Foram 12 clones de guaraná, resistentes à antracnose, principal doença dessa cultura. Produção de sementes híbridas comerciais de dendê com maior produtividade de óleo; resistentes a algumas doenças e maior tempo de sobrevivência produtiva do plantio. Trabalhos com melhoramento genético tornaram a região possuidora do maior rebanho bubalino do Brasil. Pesquisas descobrem usos econômicos com plantas nativas. É o caso da pimenta longa, que produz óleo essencial, como o safrol. E o Projeto Tipitamba, no Pará, vem desenvolvendo diversas tecnologias para que os produtores rurais não usem a queimada como prática de preparo do solo.

Pimenta Longa. A espécie Piper hispidinervium, vulgarmente conhecida como pimenta longa, é encontrada em condições silvestres no Estado do Acre e vem despertando grande interesse de empresas nacionais e internacionais, processadoras de óleos essenciais com alto teor de safrol. O safrol é um componente químico aromático, utilizado pela indústria química como matéria-prima na manufatura de Heliotropina ( fixador de fragrâncias) e Butóxido de piperonila - PBO usado como agente sinérgico nos inseticidas naturais, a base de Piretrium. Pesquisas realizadas pela Embrapa revelam que a pimenta longa pode atingir uma produtividade anual de 100 a 150 kg/ha de óleo essencial, com mais de 90% de safrol. Este resultado é atraente para o pequeno produtor rural, pois o preço no mercado nacional e internacional está oscilando entre U$ 4,5 e 8,0 por litro. A exploração racional da pimenta longa, poderá contribuir no desenvolvimento de um sistema de produção alternativo e sustentável, proporcionando melhorias das condições de vida das populações rurais; Além disso ela propicia o aproveitamento de áreas já ocupadas pelo homem por ser uma cultura facilmente adaptada tanto a solos ácidos como a ligeiramente ácidos. Outro aspecto importante da produção do safrol é estimular a instalação de agroindústrias de óleo essencial na Região Amazônica.

Projeto Tipitamba. A agricultura de derruba e queima ainda se constitui em dos mais importantes sistemas de uso da terra na Amazônia. Cerca de 500 mil pequenos produtores que cultivam principalmente arroz, milho, caupi e mandioca utilizam esta prática somente no estado do Pará. Desde 1991 a Embrapa, em parceria com diversas instituições nacionais e estrangeiras vem desenvolvendo uma tecnologia que possa dar ao agricultor uma alternativa para preparo da área de plantio sem o uso do fogo. As conseqüências do uso da queima de vegetação é representado pelas perdas de nutrientes acumulados na biomassa da vegetação na fase de pousio que atingem valores de 96% de nitrogênio, 47% de fósforo, 48% de potássio, 35% de cálcio, 40% de magnésio e 76% de enxofre. A tecnologia que pode substituir a queima para preparo da área consiste basicamente na trituração motomecanizada da biomassa da vegetação secundária e sua utilização como cobertura morta do solo para cultivos, como uma modalidade do sistema de plantio direto. São diversas as vantagens do uso desse processo: Evita a perda de nutrientes pela queima da vegetação; Melhora as condições químicas, físicas e biológicas do solo pela adição de matéria orgânica; Flexibiliza o calendário agrícola devido a maior umidade no solo; Garante melhor balanço de carbono e nutrientes; Reduz a incidência de ervas daninhas durante a fase de cultivo; Permite o ganho de tempo durante o processo de preparo de área par o plantio; Diminui os riscos de incêndios acidentais; Torna menos penoso o trabalho de preparo da área pelo agricultor; Cria a possibilidade de períodos consecutivos de cultivo; Encurta o período de pousio aumentando a intensidade do uso da terra; e Garante a regeneração da vegetação mantendo a biodiversidade. O Projeto Tipitamba, palavra adaptada da língua dos índios Tiryó do norte do Pará que significa ex-roça ou capoeira, é composto ainda de mais quatro projetos de pesquisa: técnicas de preparo de área sem uso do fogo; melhoramento das capoeiras com árvores leguminosas de rápido crescimento; integração da pecuária bovina no ciclo da capoeira; e, avaliação socioeconômica e valoração da tecnologia sem queima e capoeira melhorada.

Guaraná. Uma fruta amazônica. O programa de melhoramento genético do guaranazeiro lançou e recomendou para o plantio no Estado do Amazonas 12 clones de guaraná. De acordo com as pesquisas, estes clones podem contribuir para o desenvolvimento da cultura, com aumento da quantidade e da qualidade da produção estadual desse fruto, que é considerado de grande importância econômica e social na região. De acordo com o pesquisador de Genética e Melhoramento de Guaraná da Embrapa, André Atroch, a estratégia é colocar no mercado novas opções aos produtores, que podem escolher o grupo de clones que melhor servir para sua plantação. A principal vantagem dos novos clones é a alta produtividade: mais de 1,5 quilo de sementes por planta contra uma média regional de 200 gramas por planta. Além disso eles vão garantir a diversidade genética da cultura no Amazonas, impedindo o avanço da antracnose, que está causando perdas totais de produção. As principais vantagens destes clones, obtidos pelo método de estaquia (reprodução sexuada), são: o tempo de formação da muda clonada é de 7 meses, enquanto que, a muda tradicional, por semente, demora 12 meses para ficar pronta e ir ao campo; possuem tolerância à doença antracnose. As plantas tradicionais são severamente atacadas por esta doença, que causa perdas de até 100% da produção. A produtividade é 10 vezes maior do que a produtividade das plantas tradicionais; os clones possuem precocidade para o início da produção, em média, de dois anos, contra quatro anos das plantas tradicionais; a produção comercial estabiliza-se após três anos do plantio no caso dos clones, e em cinco anos nas plantas tradicionais e a sobrevivência dos clones no campo, após um ano do plantio, supera 90% e, nas plantas provenientes de sementes, geralmente está abaixo de 80%. O Brasil é ainda o único produtor comercial de guaraná do mundo. Estima-se que a produção nacional esteja em torno de 3.600 toneladas por ano. A produção do Amazonas é de aproximadamente 1.300 toneladas. Municípios produtores de guaraná têm maior população rural do que urbana, exemplo disso se verifica em Maués e Urucará. O primeiro, é o maior produtor, com aproximadamente 60% da produção estadual. Atualmente, quase toda a produção, cerca de 70%, é consumida no mercado interno pelas indústrias de refrigerantes e de sucos. A demanda tende-se a crescer, visto que as grandes fábricas de concentrados, tais como Ambev e Pepsi Cola, planejam exportar o guaraná Antarctica para 175 países.

Bubalinocultura. Na Amazônia está a maior parte do rebanho bubalino brasileiro. Pesquisas da Embrapa em alimentação, manejo melhoramento genético, sanidade, instalações, industrialização e equipamentos tem melhorado a qualidade dos animais com a redução do índice de mortalidade dos búfalos e o intervalo entre partos. A fertilidade dos rebanhos aumentou em cerca de 25%.

Híbridos de dendê. Uma das atividades de pesquisa na região amazônica é a produção de novos híbridos de dendê. Exemplo é híbrido dendê X caiaué, material tolerante ao amarelecimento fatal. Sua produtividade é semelhante ao dendê comercial, com taxa de extração de óleo de 18%. Maior tempo de sobrevivência produtiva do plantio com produção econômica rentável por mais de 25 anos. Hoje o Brasil exporta sementes de híbridos de dendê para alguns países da América do Sul. Outra tecnologia que já está sendo usada pelos dendeicultores é o aproveitamento dos cachos vazios de dendê como fonte de nutrientes para dendezais. Esta utilização como fertilizante natural ajuda a evitar problemas tanto de ordem econômica, pelo elevado custo da retirada do material do parque da indústria, quanto ecológico, pela formação de depósitos a céu aberto, próximo de rios e igarapés, utilizados pela população rural.

Lineu Marcos Gobeth (MTb 376/PB) Assessoria de Comunicação Social da Embrapa Telefone: (61) 448 4561 E-mail: Lineu.Gobeth@embrapa.br Brasília-DF, 29 de abril de 2003  

Tema: A Embrapa 

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