Pesquisadores mexicanos do Instituto Nacional de Investigaciones Forestales y Agropecuarias (Inifap) estão visitando nesta semana a Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju-SE), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para discutir um intercâmbio técnico-científico com pesquisadores brasileiros na cultura do coco.

O Inifap é uma instituição de pesquisa agropecuária que atua em todas as regiões e ambientes mexicanos, com uma rede de 81 estações experimentais espalhadas pelo país. Estuda 18 linhas de pesquisa relacionadas com as principais explorações agrícolas, gerando tecnologias, validando os resultados das pesquisas e transferindo as tecnologias.

Os pesquisadores brasileiros e mexicanos, principalmente os especializados em fitossanidade, estão estudando os problemas da cultura do coco nos dois países, dando ênfase para Amarelecimento Letal - doença que tem afetado o México nos últimos anos. Segundo o pesquisador mexicano Humberto Carrillo Ramirez, a exploração do coqueiro no México apresenta muitas dificuldades, sendo que alguns aspectos são comuns aos produtores do Nordeste brasileiro. "No país,  o coqueiro é explorado em terras marginais, impróprias para outras culturas, os coqueirais já estão com a idade avançada e a grande maioria dos plantios, 97%,  é feita em regime de sequeiro, sem irrigação. Há ainda grande flutuação dos preços pagos aos produtores e estes por sua vez não fazem o aproveitamento integral das propriedades. Além disso,  a cadeia agroindustrial é incipiente e a cultura enfrenta outra doença que é "anel vermelho" e muitas pragas", ressalta.

O interesse dos mexicanos em estabelecerem um intercâmbio técnico-científico deve-se ao destaque de Sergipe nas pesquisas com o coqueiro no Brasil. "Queremos realizar um intercâmbio técnico científico com os pesquisadores brasileiros, repassando os avanços científicos ocorridos no México e conhecendo os que estão se realizando no Brasil , para, depois, estabelecermos um acordo para o desenvolvimento de trabalhos conjuntos de interesse para os nossos países", enfatiza Ramirez.   A visita dos mexicanos à Unidade da Embrapa em Aracaju deverá  continuar por mais uma semana. Até o dia 28, a equipe irá fazer contatos e visitas a campos experimentais de Betume e Itaporanga, no Sergipe, ao ecotipo de coqueiro de Pacatuba-SE e Praia do Forte-BA e à Sococo, em Maceió-AL.

Doença do coqueiro é pesquisada pela Embrapa

O coqueiro é uma importante cultura no México, plantado em cerca de 164 mil hectares, ocupando 70,000 famílias de pequenos produtores rurais e produzindo 160 mil toneladas de copra ( coco seco desidratado) , além de ser um símbolo para o turismo. O principal problema enfrentado pelos produtores e técnicos mexicanos é a ocorrência da doença "amarelecimento letal do coqueiro", que surgiu em 1970 e dizimou 70% dos 15 mil hectares de coqueiros existentes na Península de Yucatán.

Para enfrentar essa doença, os técnicos mexicanos optaram pela busca de materiais resistentes, iniciando os trabalhos de pesquisa em 1987. Hoje, o país dispõem de híbridos de coqueiro  com 90 a 95% de resistência à doença, materiais precoces e de alta produtividade. Para ampliar o leque de materiais disponíveis para os trabalhos de pesquisa, visando a obtenção de materiais resistentes às pragas e doenças, o México vai implantar um Banco Internacional de Germoplasma, importando material genético de 37 países. Esse trabalho  já vem sendo feito pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, no Campo Experimental de Itaporanga d"Ajuda, com a implantação do maior Banco de Germoplasma de coqueiro da América do Sul. A Unidade Tabuleiros Costeiros é um centro nacional de referência com as pesquisas do coco. No México, o Governo Federal produz as mudas de coqueiro híbrido resistente ao amareclecimento letal e as distribui, gratuitamente aos produtores, visando a renovação do coqueiral, com material adaptado e de alta produtividade.

Jornalista: Sayonara Marinho - MTb-895 Embrapa Tabuleiros Costeiros Telefone: 2261300 ramal 1361 Endereço eletrônico: sayonara@cpatc.embrapa.br