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Girassol é usado como fonte de biocombustível

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Palestra e demonstração do uso do combustível foram a sensação da feira
Uma das novidades da 39ª Expoagro, realizada em Dourados, MS, de 22 de maio a 1º de junho, foi a discussão sobre o uso do girassol como fonte de biocombustível. O assunto fez parte da programa do 2º Simpósio de Agricultura, idealizado pela Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com Sindicato Rural de Dourados, Grupo Plantio na Palha e UFMS. A palestra atraiu aproximadamente 500 pessoas, a maioria produtores rurais da região. Além desta alternativa econômica para a produção do girassol, também foi discutida a sua utilização na rotação de culturas, viabilizando o Sistema Plantio Direto (SPD). Seu cultivo, inclusive, é feito com vantagem sobre o milho no inverno, pois é altamente resistente à geada. Outra possibilidade apresentada foi a utilização das tortas residuais da extração de óleos na composição de rações, ricas em proteínas.

A palestra foi ministrada por dois agrônomos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI/SP, José Orilton Franco Pereira e Dílson Rodrigues Cáceres. Após essa discussão, Valdemir Antônio Justo, Diretor da OMINSA, empresa produtora da mini-prensa extratora do óleo bruto da semente de girassol, com sede em Manduri, SP, fez uma demonstração desse equipamento e do funcionamento de um trator comum, cedido por um produtor rural local, utilizando o óleo como combustível.

Em sua exposição, os agrônomos explicaram todo o custo de produção do óleo bruto, cujo litro sai em média R$ 0,73 para o produtor e o rendimento é de cerca de 1/4 a 1/3 do peso inicial de grãos. Segundo José Orilton, o uso do óleo bruto como combustível proporciona um ganho ambiental para todo o planeta, pois colabora para diminuir a poluição e o efeito estufa. "Hoje, 25% da poluição mundial tem origem na fumaça do óleo diesel. O consumo brasileiro está na casa dos 37 bilhões de litros - 30% importado. Imagine só o que ganharíamos com o biocombustível. Sem contar que essa nova opção beneficia os nossos agricultores e contribui para o crescimento econômico dos municípios, pois reduz a exportação de divisas e permite a redução de custo desse insumo", salienta.

Os testes com o biocombustível vêm sendo feitos desde 2001, na fazenda da CATI em Manduri, SP, em dois tratores: MF 235, ano 1978, motor Perkins, injeção indireta (100%OBG) e Valmet 985 turbo, ano 1994, motor MWM, injeção direta (50%ODP+50%OBG). "O consumo foi de 2,8 litros por hora de serviço, uma média inferior ao óleo diesel", disse José Orilton. Ele complementou que a viabilidade do uso direto deste óleo vegetal In natura foi comprovada na avaliação dos componentes do motor, que não apresentou qualquer tipo de resíduo que comprometesse o seu desempenho. É importante ressaltar que, para a utilização do biocombustível, não foi realizada nenhuma adaptação dos tratores.

O agrônomo afirmou que biocombustível é uma fonte limpa e renovável de energia que vai gerar emprego e renda para o campo. E justifica porque acredita que o Brasil tem condições de ser o maior produtor do mundo: abriga o maior território tropical do planeta, com solos de alta qualidade - que permitem a agricultura sustentável através do Plantio Direto; tem uma topografia favorável à mecanização e é a nação mais rica em água doce do mundo, com um clima e tecnologia que permitem a produção de duas safras por ano.

Mercado e pesquisa

De acordo com Dilson, o valor dos grãos de girassol gira em torno de 80% do preço da soja. Mato Grosso do Sul possui condições agronômicas favoráveis para o cultivo da cultura, porém a produção é inexpressiva, pois não existe mercado consumidor interno. Lúcio Damalia, produtor rural no município de Dourados, planta girassol há três anos, na safra de inverno, em 150 ha de sua propriedade. Sua opção à cultura se deu devido à necessidade de implantar a rotação de culturas, no Sistema Plantio Direto. "Hoje, toda a semente que produzo, eu vendo para cidades do interior de São Paulo. Acredito que, a partir de agora, a tendência seja a abertura de um novo mercado, pois a pesquisa está avançada e muitos produtores despertaram o interesse pela cultura depois desta palestra, que mostrou as várias alternativas econômicas do girassol", disse.

A palestra gerou uma grande discussão sobre a viabilidade do girassol em Mato Grosso do Sul e as perspectivas de mudanças positivas que essa cultura pode imprimir na economia regional, através do valor que se pode agregar ao seu produto. O interesse demonstrado pelos produtores é um incentivo a mais para que a Embrapa continue investindo na pesquisa relacionada à cultura. Segundo João Carlos Heckler, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, os estudos desenvolvidos por esta instituição estão focados na viabilização da agricultura conservacionista, baseada no Sistema Plantio Direto. "A rotação de culturas é a prática na qual se fundamenta esse sistema, e o girassol, além dos benefícios econômicos já comentados, pode contribuir para o SPD porque, ao ser cultivado como uma espécie a mais na propriedade, colabora para a erradicação de doenças e pragas que porventura fiquem nos restos da cultura anterior; sua cultura também proporciona um maior equilíbrio de nutrientes do solo, além de que o sistema radicular da planta favorece a descompactação deste solo". Com todos esses benefícios, o girassol tem, portanto, um grande potencial para colaborar para a expansão da área do SPD, no Estado.

Mini-prensa

A demonstração da extração do óleo bruto da semente do girassol, bem como do seu uso em trator, chamou a atenção dos produtores rurais da Expoagro. A empresa expôs duas máquinas na feira: uma com capacidade de prensagem de 40 Kg de sementes por hora, que custa de R$ 5.500,00 e outra com capacidade de 100 Kg de sementes por hora, no valor de R$ 13.600,00. A vida útil da mini-prensa é de 15 anos. A máquina também extrai óleo de outras sementes, como soja, amendoim, nabo forrageiro e algodão. Segundo Valdemir, o rendimento varia de acordo com o tipo de matéria-prima. "No caso do girassol, o processo de prensagem a frio consegue transformar em óleo 1/4 a 1/3 do peso inicial dos grãos".

Observações

- No site da CATI/SP, podem ser encontradas mais informações sobre a utilização do uso do biocombustível, inclusive com relato de pessoas que estão utilizando em automóveis e o contato dessas pessoas. Acessar: www.cati.gov.sp.br, entrar no departamento de sementes, mudas e matrizes.

Contatos Área de Comunicação Empresarial da Embrapa Agropecuária Oeste (ACE): 67 425-5122 – sac@cpao.embrapa.br José Orilton: 14 3356-1196 – cel: 9796-8593(CATI Manduri/SP) – npsal@uol.com.br Dílson Cáceres: 16 626-0235 (CATI Ribeirão Preto/SP) – nps.ribeirao@cati.sp.gov.br Valdemir Justo: 14 3356-1673 (fábrica de Manduri/SP) – ominsa@ig.com.br Lúcio Damalia (Dourados/MS – 67 9971-7132 - luciodamalia@bol.com.br

Mais informações Área de Comunicação Empresarial Embrapa Agropecuária Oeste Fone: (67) 425-5122 sac@cnpo.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Grãos\Girassol 

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