01/06/03 |

Projeto propõe uso alternativo e sustentável das várzeas

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A degradação progressiva que marca o atual uso das várzeas na região do Médio Amazonas Paraense reuniu instituições de pesquisa, de ensino, pequenos produtores e a Procuradoria da República em Santarém em torno de um projeto que além de recuperar áreas degradadas, também se propõe a aumentar a produção leiteira, beneficiar o leite produzido nas comunidades selecionadas e capacitar os comunitários sobre o mercado consumidor e comercialização do produto gerado.

Previsto para iniciar ainda este mês e coordenado pela pesquisadora Gladys Martínez, da Embrapa Amazônia Oriental, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento o projeto faz parte de outro macroprojeto denominado "Manejo Naturais da Várzea - Provárzea", do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7).

Ele envolverá três comunidades: Ipanema, localizada na margem direita do rio Amazonas, no município de Prainha; Fé em Deus do Ituqui 1, à margem direito do rio Ituqui, em Santarém e Cacoal Grande, na margem esquerda do rio Amazonas, no município de Monte Alegre. Serão 47 famílias, muitas sem nenhuma infra-estrutura básica como energia elétrica, escola ou água encanada que têm em comum o uso desordenado das várzeas.

Uma forma de utilizar que está causando uma progressiva e acelerada degradação deste ecossistema, com os recursos naturais sendo subaproveitados e superexplorados ao mesmo tempo. Um quadro, que segundo Gladys Martínez, é explicado pela exploração de apenas uma parte do potencial produtivo que têm as várzeas e acabam sendo também superexplorados quando há o esgotamento de parte dos recursos utilizados. E a pesquisadora afirma: "a ocupação desordenada dessas áreas sem avaliação ecológica, social e econômica pode levar ao colapso do ecossistema caso estas tendências não sejam revertidas".

E é justamente isso que o projeto quer reverter ao propor às comunidades o estabelecimento de um sistema de uso do solo de várzea capaz de reduzir a pressão sobre as várzeas, baseado na recuperação das áreas já degradadas, na verticalização da produção e na promoção socioeconômica dos ribeirinhos.

Profissionais da Embrapa, através do Núcleo de Apoio à Pesquisa e Transferência de Tecnologia do Médio Amazonas, do Instituto Santareno de Educação Superior/Faculdades Integradas do Tapajós (FIT) e da Procuradoria da República no Município de Santarém estão empenhados ainda em promover a evolução socioeconômica das comunidades que participam do projeto; introduzir um sistema silvipastorial que permita a recuperação das áreas que foram alteradas pela prática da pecuária e beneficiar o leite produzido pelos pequenos produtores, oferecendo-lhes, assim, uma outra alternativa de renda. Os solos e as plantas que compõem as várzeas e que têm sido impactadas pela pecuária praticada nas comunidades, também serão avaliados pelos especialistas.

Os comunitários de Cacoal Grande, Ipanema e Fé em Deus do Ituqui 1 vão aprender como fabricar queijos, doce de leite, licores etc e ainda ter noções sobre a higiene no processo. Toda a energia a ser utilizada será via sistema fotovoltática captada através de placas solares.

A hipótese de que "existe um mercado consumidor para os laticínios produzidos nessas comunidades", segundo Gladys Martínez, que também é a coordenadora do NAPT do Médio Amazonas, levará a um diagnóstico do consumo atual dos derivados do leite nos municípios de Santarém, Monte Alegre, Almerim, Porto de Moz, Breves e Porto Trombetas. "O levantamento será feito pelos próprios comunitários sob a coordenação de um professor da FIT, junto aos principais pontos de venda desse tipo de produto como mercearias, lanchonetes, supermercados...".

Mas os técnicos sabem que não basta apenas produzir um bom produto. É preciso colocá-lo no mercado e um item do projeto trará especificamente das vendas e comercialização com treinamento de alguns comunitários que passarão a ter a responsabilidade de comercializar o que for produzidos nas usinas de beneficiamento do leite. Eles receberão informações sobre conceitos de marketing, marketing pessoal, negociação, estratégias de marketing e comunicação mercadológica.

Serão 36 meses de um trabalho financiado pelo Ministério do Meio Ambiente e Ibama e que ao final acredita contribuir com o surgimento de comunidades mais sustentáveis, capazes de suprir suas necessidades mais imediatas, descobrir ou despertar suas vocações locais e desenvolver suas potencialidades específicas, além de fomentar o intercâmbio externo. Mas para a coordenadora técnica do projeto, ele deverá ser apenas um começo. "Nossa expectativa é que a partir dessa experiência piloto outras comunidades da região também passem a usar esta alternativa que está começando a ser testada. Não queremos parar por aqui".

Uma proposta que pode ser resumida na "convicção de que cada ser humano tem o potencial inerente de tornar-se o sujeito da sua própria pessoa, do seu próprio desenvolvimento, de sua própria história, seja enquanto indivíduo seja enquanto coletividade".

Ruth Rendeiro - DRT- PA609/ 9985 1229 Embrapa Amazônia Oriental Contatos: (92) 622-2012 - ruth@cpatu.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Matérias Primas\Recursos Florestais 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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