01/06/03 |

Participação da Embrapa no programa Fome Zero rende os primeiros resultados

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Foram quase três meses de reuniões, encontros, debates, visitas a experiências de sucesso e entrevistas com produtores e habitantes do Semi-Árido nordestino. E os primeiros resultados desse esforço, de construir a participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no programa Fome Zero do Governo Federal, começam a sair do papel e do campo das ideias

"É natural que neste primeiro momento a sociedade crie expectativas em torno de resultados práticos do Fome Zero, mas estes só vão surgir a médio e longo prazos", explica o diretor-presidente da Embrapa, Clayton Campanhola. "Poderíamos muito bem limitar nossa participação com a apresentação de um pacote de tecnologias para o Semi-Árido, mas sabemos que isso não vai mudar a vida daquelas pessoas. Nosso trabalho para ter sucesso deverá ser fruto da participação da sociedade civil organizada", conclui ele.

O primeiro resultado concreto foi a criação e instalação de um Comitê de Segurança Alimentar em cada um das sete Unidades Descentralizadas localizadas na Região Nordeste: Embrapa Algodão (Campina Grande-PB), Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza-CE), Embrapa Caprinos (Sobral-CE), Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas-BA), Embrapa Meio-Norte (Teresina-PI), Embrapa Semi-Árido (Petrolina-PE) e Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju-SE). Um detalhe importante teve que ser seguido: todos os segmentos de empregados tinham que estar representados no Comitê.

"O papel de cada Comitê é motivar os trabalhadores e articular ações da Unidade com outros parceiros, inserindo nosso esforço em torno do Fome Zero", explica Laércio Nunes, assessor da Presidência da Embrapa. Segundo ele, cada Comitê vai desenvolver um plano de trabalho, sempre se articulando com os conselhos sociais e grupos da sociedade civil para combate à fome e à pobreza na região. Outro objetivo é contribuir para internalizar, na cultura dos trabalhadores da Embrapa, a questão da segurança alimentar.

Laércio explica, ainda, que já existiam nas Unidades ações isoladas e importantes dos empregados para participar, como cidadãos, do Programa do Governo Federal. Os Comitês pretendem agora organizar melhor essas ações, dar mais representatividade a esse esforço.

A segunda ação concreta foi a criação de um grupo de coordenação para organizar e implementar ações de Pesquisa & Desenvolvimento no Semi-Árido, em apoio ao Fome Zero. Cada Unidade do Nordeste indicou um representante e o grupo já se reuniu na Unidade de Execução de Pesquisa (UEP) de Recife-PE, no começo de maio, para planejar ações ainda para 2003.

"Esse grupo está respaldado pelas chefias das Unidades e foi criado para agilizar os procedimentos da Embrapa no que se refere às ações de cunho estruturante, ou seja, fortalecer a agricultura familiar no Semi-Árido, e com isso, gerar oportunidades de emprego, de renda e aumento da oferta de alimentos", afirma Laércio.

Cinco linhas de ação já foram definidas para Acauã e Guaribas

O primeiro trabalho a ser realizado no Semi-Árido, objetivamente para o Fome Zero, está voltado para os interesses dos municípios de Acauã e Guaribas, no Piauí. Cinco proposições foram definidas pelo grupo de coordenação para organizar e implementar ações de Pesquisa & Desenvolvimento no Semi-Árido. A primeira é a proposta para desenvolvimento de agroindústrias familiares. A segunda é a organização da produção e da comercialização com base nas potencialidades desses dois municípios prioritários do Programa.

A terceira linha de ação é a capacitação de técnicos e agricultores para, por exemplo, qualificar a possibilidade de convivência com a seca. As duas últimas propostas são o levantamento de solos dos dois municípios (a ser feita pela Unidade de Execução de Pesquisa de Recife-PE, da Embrapa Solos) e o diagnóstico qualitativo das águas subterrâneas e superficiais de Acauã e Guaribas.

Laércio lembra que a ação da Embrapa vai ser realizada por meio de um esquema de rede, potencializando a participação e a contribuição de suas Unidades localizadas no Semi-Árido, de forma articulada com outras instituições públicas (estaduais e municipais) e da sociedade civil organizada. "A nossa participação será feita através de projetos específicos, para os quais estão sendo levantadas oportunidades de captação de recursos, além dos provenientes da própria Embrapa", finaliza.

Pesquisadores participarão de projeto de qualificação

A Embrapa está ajustando, com o Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento – Agricultura e Sociedade (CPDA), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, um projeto de qualificação dos seus quadros técnicos no tema de Segurança Alimentar e Nutricional.

Segundo Laércio Nunes, o projeto deverá ser desenvolvido pelo Centro de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional, vinculado ao CPDA e terá dois objetivos principais: firmar a noção de segurança alimentar e nutricional no corpo de trabalhadores da Embrapa e analisar o papel da Pesquisa Agropecuária em uma estratégia nacional de segurança alimentar e nutricional.

O curso será desenvolvido de forma modular, com seções semi-presenciais e aulas à distância, por um período de três meses. O primeiro evento deverá privilegiar os quadros técnicos da Embrapa localizados nas Unidades Descentralizadas do Semi-Árido. Mais informações poderão ser obtidas diretamente com Laércio Nunes, pelo telefone (61) 448-4458 ou pelo e-mail laercio.nunes@embrapa.br .

Mesa demanda novas ações da Embrapa

Clayton Campanhola declara que o Ministério de Segurança Alimentar e Combate à Fome (Mesa) já demandou da Embrapa três projetos para Segurança Alimentar, dentro do Fome Zero. O primeiro é a elaboração de uma proposta para estudo da questão das perdas. O trabalho está sendo organizado pela Secretaria de Gestão Estratégica (SGE), em articulação com as Unidades da Embrapa localizadas no Semi-Árido e com outras instituições, como a Conab, por exemplo.

O segundo é o Projeto de Educação Alimentar, que está sendo desenvolvido pela Embrapa Semi-Árido, em parceria com outras Unidades da Embrapa. "Deverá recuperar informações e experiências realizadas na Região para promover a melhoria da qualidade da alimentação da população de baixa renda, preservando a cultura alimentar do Semi-Árido", explica Clayton.

Já o terceiro é o projeto de logística, que vai analisar os grandes problemas estruturais do Nordeste, como, por exemplo, a capacidade de armazenamento na Região, os sistemas viários existentes, infra-estrutura para comercialização, entre outros. O trabalho também está sendo organizado pela SGE, em articulação com as Unidades da Embrapa e outras instituições.

A Embrapa será envolvida também em outros projetos do Fome Zero, relacionados a analfabetismo, insumos, opções de ocupação de mão-de-obra, solos, água, convivência com a seca, manejo e valorização de produtos regionais.

Oepas também começam a discutir participação

Dois importantes encontros relacionados ao programa Fome Zero foram promovidos pela Embrapa em junho. No dia 3, aconteceu em Natal-RN, na sede da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), a primeira reunião para discussão da participação das Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas) do Nordeste no Programa do Governo Federal. Participaram do encontro dirigentes e pesquisadores das instituições - pela Embrapa estiveram presentes os assessores da Presidência Laércio Nunes e Nunes e Talize Alves e a coordenadora de Relacionamento Institucional, Minelvina Nascimento Freitas.

Ao final do encontro, ficou decidido que, para a próxima reunião do grupo de coordenação do Fome Zero na Embrapa, que vai ser realizada nos dias 17 e 18 de junho de 2003, em Campina Grande-PB, as Oepas enviarão representantes escolhidos dentro do seu quadro de pesquisadores, levando propostas detalhadas para serem adequadas e inseridas no Programa Fome Zero.

Já nos dias 5 e 6 de junho, a Embrapa Tabuleiros Costeiros sediou a primeira reunião do Projeto de Comercialização do Fome Zero, que faz parte da segunda etapa do Programa (que prevê ações estruturais e não somente emergenciais, como a atual primeira fase). Um dos grandes problemas do combate à fome no Semi-Árido é a distância percorrida pelo alimento até chegar à mesa da população, encarecendo o preço final dos produtos. O objetivo do encontro foi buscar soluções para diminuir essa distância e encontrar áreas produtivas mais próximas dos centros urbanizados do Nordeste. Participaram da reunião o diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Porto; o gerente da área de Negócios e Comercialização do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Vital Carvalho; o assessor da Presidência da Embrapa, Laércio Nunes, além de representantes do Governo do Estado de Sergipe e de quatro Unidades da Embrapa no Nordeste.

Por fim, no dia 8 de junho aconteceu, em Guaribas-PI, uma das primeiras cidades de implantação do Fome Zero, um evento cultural que reuniu produtos e serviços realizados pela comunidade e pelas instituições envolvidas com o Programa. A Embrapa esteve representada por meio de estandes, com exposição de produtos e tecnologias desenvolvidas pelas suas sete Unidades Descentralizadas localizadas no Nordeste, mostrando que é possível conviver com a seca do Semi-Árido e produzir alimentos com qualidade e produtividade alta.

Robinson Cipriano - jornalista Assessoria de Comunicação Social da Embrapa Fone: (61) 448-4113 robinson@sede.embrapa.br  

Tema: A Embrapa 

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