01/06/03 |

Curso técnico beneficia jovens de assentamentos rurais em Unaí

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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, apóia em Unaí (MG)  o Curso Técnico em Agropecuária e Desenvolvimento Sustentável. O projeto funciona na Escola Agrícola "Juvêncio Martins Ferreira", em parceria com o Grupo de Trabalho de Reforma Agrária da Universidade de Brasília - UnB e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra, e atende 56 estudantes da região da SR 28 do Incra, onde estão 107 assentamentos de ex-trabalhadores sem-terras com 6.593 famílias.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF), Marcelo Leite Gastal, o curso, que começou neste ano, segue o princípio da pedagogia da alternância, em que os alunos revezam 15 dias de aulas com 45 dias nos seus assentamentos de origem. Eles receberão os diplomas após três anos de aulas.

"Já foram dadas três etapas de 15 dias, em que os jovens tiveram aulas sobre agricultura familiar, cooperativismo, associativismo e diagnóstico da realidade, entre outros assuntos", explica o pesquisador. Ele é um dos envolvidos no Projeto Unaí, de apoio ao desenvolvimento sustentável de assentamentos de reforma agrária, que está sendo conduzido no município sob coordenação do pesquisador José Luiz Fernandes Zoby, também da Embrapa Cerrados.

Um dos jovens que participam do programa é o agricultor João Batista Alves Ribeiro, de 24 anos, que vive no assentamento de Colônia I, em Padre Bernardo (GO), próximo ao Distrito Federal. No assentamento, João Batista é também o presidente da Associação do Projeto dos Produtores do Colônia I (APTC). Por isso, garante ter muitas expectativas em relação ao curso.

"Já estou pondo em prática o que estamos aprendendo na escola, como algumas técnicas de planejamento e organização. Estou aplicando questionários para levantamento das famílias no meu assentamento, verificando as árvores genealógicas e a tradição rural de cada grupo familiar", conta o estudante.

João Batista diz que gosta da proposta pedagógica do curso que, embora atrase o diploma, permite a aplicação dos conhecimentos durante os períodos de permanência ao assentamento de origem. "O conhecimento é feito durante um processo que o aluno constrói na comunidade", analisa. Outra vantagem, para ele, é a integração entre trabalhadores de diversos assentamentos e a troca de experiências profissionais e comunitárias.

O estudante viveu em Buriti (MG) até os nove anos, onde morava na zona rural com o pai, que plantava arroz, feijão e milho. Quando tinha essa idade, o pai foi ser caseiro de uma fazenda de 11 ha de arroz em Planaltina (DF), onde ficaram um ano. Depois, a família viveu um ano e meio em uma chácara entre Brazlândia e Ceilândia. Aseguir foram para um povoado rural próximo, mas o pai já trabalhava na cidade como vigia.

João Batista conta que esse foi um processo difícil, porque a família queria voltar a ter uma vida essencialmente rural. Durante os seis anos que viveu em Brazlândia como um sem-terra, João Batista trabalhou em um bar de beira de estrada. Entre 1994 e 1996, moradores do povoado se organizaram em um acampamento. Em 1994, a fazenda Colônia I foi desapropriada, e no ano seguinte, começou a ser demarcada. "Foi uma nova realidade. Começamos a conviver com gente de diversas culturas. Tinha muitos paulistas, baianos, goianos e mineiros. A associação começou a pegar os primeiros créditos para produção".

No primeiro ano de assentamento, foram feitas culturas de subsistência: capim, cana, maracujá, milho e feijão. Além disso, cada família tinha três cabeças de gado. "No segundo ano começaram as dificuldades. Alguns trabalhadores não agüentaram e começaram a vender dois dias de serviço na semana". João Batista acredita que a evasão e a venda dos dias de serviço são problemas que poderão ser superados com os conhecimentos adquiridos por ele e outros três trabalhadores da comunidade que participam do Curso Técnico em Agropecuária e Desenvolvimento Sustentável, além do apoio que o assentamento vem recebendo de um projeto da UnB e da Petrobrás para a formação de hortas e viveiros florestais.

Vivian de Moraes - MTb 294.621 Embrapa Cerrados Fone: (61) 388-9953  

Tema: A Embrapa 

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