As tecnologias para o cultivo e industrialização do cupuaçuzeiro, uma das frutas regionais mais aceitas pelos consumidores brasileiros, foram apresentadas por especialistas da Embrapa Amazônia Oriental (Belém,PA), para agricultores, técnicos, pesquisadores, empresários e representantes das agências de crédito durante o Dia de Campo "Tecnologias apropriadas para o sistema de produção do cupuaçuzeiro" que aconteceu dia 02 de julho, no campo experimental da Embrapa, localizado no município de Tomé-Açu, PA.

Durante o Dia de Campo, que tem o apoio da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), o público presente conheceu os resultados de pesquisa com cultivo, propagação, manejo e controle de doenças, técnicas para o aproveitamento agroindustrial do cupuaçu. Na ocasião também foram apresentadas quatro clones tolerantes à vassoura-de-bruxa, recomendados pela pesquisa.

Existem mais de 30 mil plantios racionais dessa fruteira distribuídos nos estados do Pará, Rondônia, Amazonas e Acre. No Pará, são mais de 14 mil hectares plantados, dos quais 5 mil hectares estão em plena produção. As plantas de cupuaçuzeiro são atacadas por diversos patógenos na região amazônica por causa das condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de doenças, aliadas ao aumento expressivo da área plantada com essa fruteira nos últimos anos.

Entre as doenças já observadas nas áreas de cultivo, a vassoura-de-bruxa, causada pelo fungo Crinipellis perniciosa, é a doença mais prejudicial. Apesar de não matar a planta, ela compromete totalmente a produção ao longo dos anos, acarretando prejuízos econômicos de grandes proporções.

No Amazonas, cerca de 60% dos plantios de cupuaçuzeiro, que ocupam uma área de 10 mil hectares, foram atacados pela vassoura-de-bruxa. Além dela, outras doenças como a antracnose, a podridão negra dos frutos e morte progressiva, a mancha parda, a podridão branca das raízes etc, também foram apresentadas pela pesquisadora Ruth Linda Benchimol, que ensinou como manejar e controlar essas doenças, através de escolha do material de plantio, manejo fitotécnico, controle químico e poda fitossanitária.

Sabe-se hoje que os agricultores têm utilizado, como material básico de plantação, sementes oriundas de cupuaçuzais nativos, pomares caseiros e plantios comerciais, sem informações quanto à potencialidade genética desses materiais. Por isso, é observada grande variabilidade entre as plantas, principalmente quanto à capacidade produtiva e tolerância às doenças, o que compromete a produtividade média dos pomares.

Para minimizar o problema, a Embrapa Amazônia Oriental lançou em, novembro de 2002, quatro clones de cupuaçuzeiro, denominados Coari, Codajás, Manacapuru e Belém. O principal diferencial desses materiais é porque apresentam tolerância à vassoura-de-bruxa, além de produtividade média de 14 frutos/planta/safra, com frutos grandes em torno de 21 cm de comprimento e 1,2 kg. Isso significa que cada planta produz em média 17 kg de frutos por safra.

Aliado a tudo isso, a utilização dos clones reduz os custos de produção por causa da eliminação das etapas de combate à doença, como a poda, queima, aplicação de fungicidas, etc. O plantio desse clones requer alguns cuidados especiais, que serão demonstrado na prática pelo pesquisador Rafael Moysés Alves.

Todos os detalhamentos de preparo de mudas, implantação e manejo de um pomar de cupuaçuzeiro, foram apresentados, pelo pesquisador José Urano de Carvalho e pelo assistente Wagner Nazareno dos Santos. O cupuaçu também foi apresentado na forma de doces, néctares, geléias e até como o famoso cupulate. O aproveitamento agroindustrial da fruta está sob a responsabilidade da especialista Fátima Ribeiro. Dentro desse assunto, o que chamou a atenção do público foi a utilização da manteiga da semente do cupuaçu para a fabricação do cupulate e de produtos para as indústrias farmacêutica e de cosméticos.

Ana Laura Lima - DRT-PA 1268 Embrapa Amazônia Oriental Contatos: (92) 622-2012 - ruth@cpatu.embrapa.br