01/07/03 |

Fome Zero estimula iniciativas produtivas de combate à pobreza

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Em Acauã (PI), ao lado da distribuição dos cartões alimentação, o Programa Fome Zero come-ça a inspirar novas iniciativas de combate à miséria. Com recursos de R$ 30 mil, ofertados pela Embaixada da Alemanha no Brasil, e com apoio técnico da Secretaria de Agricultura do Piauí, o padre Otto Backmann e agentes da sua paróquia, em pouco mais de três meses, já contam a im-plantação de 74 hortas familiares. E seguem empolgados para alcançar a meta de instalar 600 dessas hortas próximas aos cacimbões que são as fontes de água das famílias.

Pesquisadores da Embrapa Semi-Árido (Petrolina, PE) e do Cirad, por sua vez, estão próximos de concluir um diagnóstico dos problemas que impedem o desenvolvimento agropecuário do município. O docu-mento vai reunir informações de solos, recursos naturais, tipos de sistema de produção adotados pelos agricultores e o nível de emprego de tecnologias nas propriedades. São informações abrangentes e importantes para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, conhecer a diversidade de situações ambientais, sociais e econômicas e estabelecer com os produtores e os órgãos públicos e privados que atuam na região, planos de atuação em Acauã, explica o pesquisador Pedro Carlos Gama da Silva, da Embrapa Semi-Árido.

Mais comida e renda – A instalação de hortas para melhorar a alimentação e gerar renda para as famílias pobres, é uma experiência que o padre Otto vem estimulando há cerca de seis anos em uma antiga área do DNOCS às margens do Açude Ingazeira, em Paulistana (PI). Nesta área, está construída uma caixa d'água que armazena 100 mil litros de água e, por gravidade, vai abastecer pequenos tanques de 1500 litros que se espalham por cada 20 metros da área cultivada por 60 famílias. Cada uma das famílias dispõe de uma área de 80 m2 para cultivar hortaliças e frutas.

Segundo Felipe Luis Celestino, presidente da associação que congrega as famílias, diz que nas hortas são cultivadas, de forma orgânica, mais de 13 tipos de hortaliças e 5 de frutas, irrigadas com regador manual. Por semana, comercializam cerca de 200-300 caixas dos produtos nas feiras livres de Paulistana e municípios vizinhos.

A relação custo x benefício das hortas são muito favoráveis às famílias dos agricultores, conforme os números que o padre Otto apresenta. Segundo ele, entre as famílias situadas na linha de pobreza a alimentação é muito ruim, em especial no período da seca. As safras das hortaliças e frutas melhoram a comida de forma impressionante e deixam as famílias mais saudáveis, garante.

O padre ainda avalia que será muito positiva a repercussão das hortas implantadas na renda das famílias e na economia local. Com base em estimativas modestas, ele afirma que cada horta gera, no mínimo, um emprego direto por dia. Além disso, cerca de 7200 pessoas serão beneficiadas com o produto das safras. Tendo por base as necessidades de consumo dessa quantidade de gente e mais a renda que poderão obter com a venda do excedente colhido, as famílias deixar de gastar cerca de R$ 657.000, com verduras e virem a arrecadar aproximadamente R$ 360.000, de renda líquida com o comércio dos produtos nas feiras livres e mercadinhos da região. Nestes dados não estão computadas as despesas que as famílias terão com as hortas.

Sociedade organizada – Segundo Pedro Gama, da Embrapa Semi-Árido, todos os sete centros de pesquisa da empresa na região Nordeste estão mobilizados em um Grupo de coordenação das ações da Embrapa para atuar junto ao Programa Fome Zero. Não atuarão, no entanto, de forma individualizada, exibindo para os produtores pacotes de tecnologias. O desenvolvimento social e econômico dos municípios empobrecidos não deve estar limitado apenas à melhoria do desempenho produtivo das atividades agrícolas. Ele precisa estar ao crescimento das atividades econômicas rurais, agrícolas e não agrícolas, defende o pesquisador.

Na sua opinião, os pobres resultados obtidos nos programas públicos de desenvolvimento rural implantados até hoje no semi-árido decorrem não apenas de sua concepção assistencialista e a extrema setorização das medidas adotadas. Eles, também, deixaram de considerar fatores como o ambiente econômico e sócio-institucional adverso e bastante heterogêneo das comunidades do semi-árido, explica Pedro Gama.

A proposta em fase de conclusão da Embrapa para sua atuação no Programa Fome Zero está baseada no enfoque de desenvolvimento territorial. Desta forma, a empresa de pesquisa estará integrada ao empenho de várias outras instituições governamentais e da sociedade civil envolvidas no combate à pobreza. Nesta proposta, é valorizado o conhecimento dos agricultores. Assim, a Embrapa prioriza uma forma de relação com os produtores fora dos moldes tradicionais de transferência de tecnologia, afirma Pedro.

Mais informações: Pedro Carlos Gama da Silva – Pesquisador - chcn@cpatsa.embrapa.br Marcelino Ribeiro – Jornalista Embrapa Semi-Árido Contato: (87) 3862-1711 - marcelrn@cpatsa.embrapa.br  

Tema: Atividades Temáticas\Agricultura Familiar 

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