01/07/03 |

Desenvolvimento da mamona no Nordeste tem apoio da Embrapa

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Pesquisadores da empresa ajudam na formatação de projetos de cultivo da euforbiácea em Alagoas e no Rio Grande do Norte
   Pesquisadores da Embrapa Algodão (Campina Grande (PB), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estão dando suporte técnico a diversos programas estaduais de incentivo à cultura da mamona em pelo menos cinco Estados nordestinos: Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Alagoas.

No último dia 4 de julho ocorreu, em Maceió (AL), a reunião estadual para a  definição de um programa com esta cultura naquele Estado, que tem  nove municípios zoneados para o cultivo de sequeiro da mamona: Água Branca, Estrela de Alagoas, Ibategaura , Mar Vermelho, Mata Grande , Palmeiras dos Índios , Pariconha, Quebrânculo e Viçosa.

 O pesquisador Liv Severino Soares ministrou uma palestra sobre o cultivo desta euforbiácea  para as condições de sequeiro e irrigada no Nordeste brasileiro e o zoneamento para o Estado de Alagoas. Estiveram presentes à reunião representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), da Secretaria de Agricultura de Alagoas da Petrobrás e das empresas Tecbio e Santana Sementes. "O pessoal do Estado ficou de elaborar o Programa da Mamona de Alagoas para os próximos quatro anos. Foram realizadas várias outras palestras sobe o biodiesel, plano de safra e fomento à cultura", relata Soares.

"A Embrapa Algodão acabou de assinar a proposta de um projeto de pesquisa e desenvolvimento sobre sistemas de produção sustentáveis com a mamona isolada e consorciada com outras cultura, em condições de sequeiro e irrigada, em locais de altitude elevada, superior a 300 metros e também em baixas altitudes, a ser financiada pela Petrobrás, no Estado do Rio Grande do Norte, tendo como parceiros a empresa  de pesquisa do Estado (Emparn)  e outros órgãos", diz Napoleão Esberard, outro especialista da Embrapa na cultura. O projeto terá também ações de pesquisa em condições de casa-de-vegetação na sede da Embrapa, em Campina Grande (PB) e possivelmente na Escola Superior de Agronomia de Mossoró (RN). "Haverá também a inclusão de estudantes de mestrado e de doutorado das Universidade Federais de Campina Grande, da Paraíba e do Rio Grande do Norte e de outros centros de estudos", detalha Esberard. O projeto deverá ser iniciado no município de Carnaubais (RN) e também em outros 10 municípios potiguares com unidades de observação .   Segundo Ulisses Soares da Unidade da Petrobrás em Natal, a empresa deflagrou várias ações, além do projeto de P&D com a Embrapa Algodão no Estado. "Iremos trazer, se for necessário, mamona em baga da Bahia para movimentar a usina de biodiesel de Estreito, caso não haja no primeiro momento matéria-prima produzida no Rio Grande do Norte", garantiu o executivo. "A Petrobrás irá participar do Programa Fome Zero colocando um poço de água fossilizada tratada para que pequenos produtores façam irrigação de mamona e de outras culturas no município de Iupanema (RN), na região polarizada por de Mossoró, incrementando a renda e produzindo energia com mamona e proteínas com feijão em consorcio com a oleaginosa", acrescenta Napoleão.

Origem da planta

Segundo o pesquisador Liv Soares, a mamona é uma planta pertencente à família das Euforbiáceas, provavelmente originária da África que foi trazida para o Brasil há alguns séculos e atualmente encontra-se espalhada por quase todo o território nacional. Por ser encontrada de forma silvestre, chega-se a pensar que ela é uma planta nativa do Brasil. "De forma geral, as mamoneiras que crescem naturalmente em terrenos baldios nas cidades não se prestam ao plantio comercial por terem baixa produtividade, baixo teor de óleo nas sementes, são deiscentes e outras características agronômicas indesejáveis", diz o especialista da Embrapa.

Uma lavoura de mamona em condições adequadas produz em torno de 1.500 quilos por hectare em cultivo de sequeiro, embora a média de produtividade nacional situe-se abaixo de 500 kg/ha devido à baixa adoção de tecnologia apropriadas. Sob irrigação, ainda não se dispõe de sólidas informações de pesquisa, mas estima-se produtividade entre 2.500 a 3.500 quilos por hectare. Em campos de produção de sementes, há relatos de rendimento de até 4.000 quilos por hectare. "A produtividade pode ser influenciada por diversos fatores ambientais, pelo manejo e por características da planta conforme detalhado a seguir. Considerando essas produtividades, a área necessária para atender à demanda de 10 toneladas por dia da planta piloto seria de aproximadamente 2.500 hectares em plantio de sequeiro ou 1.250 hectares em plantio irrigado", detalha Liv.

A altitude adequada ao cultivo da mamona situa-se entre 300 e 1.500 metros. Quando cultivada em baixa altitude, a mamoneira apresenta desenvolvimento vegetativo normal, mas produz poucos frutos e apresenta produção mínima. "O mecanismo fisiológico envolvido neste comportamento sob baixa altitude ainda não é conhecido e não se sabe que fatores ligados à altitude interferem no desenvolvimento da planta, pois a literatura sobre este tema é escassa", descreve o pesquisador. Ele acrescenta que, em função da ocorrência espontânea da mamoneira em diversas regiões litorâneas do Brasil, assim como em regiões de altitude inferior a 300 metros, acredita-se que é possível selecionar material genético produtivo nestas condições. "A Embrapa Algodão dispõe de um banco de germoplasma de mamona com grande variabilidade genética, com cerca de 300 acessos (diferentes variedades de mamoneiras) que poderiam ser testados em variadas altitudes do Estado do Rio Grande do Norte a fim de detectar materiais potencialmente produtivos", explica o engenheiro agrônomo.

A capacidade de resistir ao estresse hídrico é uma das principais características da mamoneira e motivo para seu cultivo na região semi-árida do Nordeste. "A cultura exige pelo menos 500 milímetros de chuva nas fases de crescimento e floração para que atinja produtividade satisfatória, porém, mesmo com grande limitação hídrica em anos de seca, foi possível conseguir pequenas produções com chuvas em torno de 270 milímetros quando nas mesmas condições hídricas, uma cultura como milho não conseguiria produção alguma", explica o pesquisador.

  Dalmo Oliveira - MTbPB 0598/PB Embrapa Algodão Contatos: (83) 315.4361 – dalmo@cnpa.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Matérias Primas 

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