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Potencial do 'Boi Verde' deve ser explorado, revela seminário

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Detentora da maior biodiversidade do planeta e de 20% da água doce do mundo, a Amazônia é foco mundial das atenções em relação à preservação do meio ambiente.

Polêmico sob o ponto de vista ambiental, o desenvolvimento de atividades agropecuárias na região tem sido objeto de várias discussões entre pesquisadores durante a realização do "I Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia: Produtividade com Qualidade Ambiental", que está sendo realizado em Porto Velho, Rondônia.

A tendência evolutiva da pecuária no Brasil tem delineado também os rumos da atividade na Amazônia. Segundo dados do IBGE, o Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo, representando 12% da produção mundial.

Em relação à pecuária de corte, cerca de US$ 30 bilhões são movimentados anualmente pela cadeia produtiva. Na mesma direção, o Brasil é o terceiro maior consumidor de carne per capita mundial (40,9 kg), ficando atrás somente da Argentina e do Uruguai.

Em Rondônia, estado em que se realiza o I seminário internacional que discute o tema na Amazônia, o crescimento da pecuária leiteira associado ao desenvolvimento do setor industrial (com a perspectiva de instalação de curtumes e novos frigoríficos, conforme anunciou o governador Ivo Cassol na abertura do evento na última terça-feira), tem provocado a apresentação de alternativas viáveis de desenvolvimento sustentáveis da atividade.

"Nossa região tem o diferencial do denominado 'boi verde' e podemos explorar esse potencial intensificando a atividade nas áreas onde a atividade já ocorre e recuperando áreas degradadas, sem agredir mais o meio ambiente", apresenta um dos palestrantes, Newton de Lucena Costa, pesquisador e chefe geral da Embrapa Rondônia.

Para preservar a Amazônia e desenvolver a pecuária, segundo Lucena, deve-se promover a intensificação racional do processo produtivo, fortalecendo pequenos e médios produtores. "O produtor quer rentabilidade, quer produzir gastando pouco. Para isso é necessário aproveitar o potencial das pastagens e adquirir uma visão empreendedora. Estamos inseridos em um mercado globalizado e o diferencial é mostrar essa tendência ao produtor. Quem continuar esperando que as tecnologias caiam do céu, encontrará dificuldades de sobrevivência no mercado", diz o pesquisador.

Países vizinhos demonstram experiências

Exemplos bem e mal sucedidos da exploração da pecuária nos países vizinhos estão sendo discutidos pelos palestrantes. Abaixo, veja um diagnóstico da atividade na Colômbia, Peru e Bolívia.

Colômbia - Sistema semi-intensivo de exploração da pecuária, com utilização de rotação de piquetes. A pecuária de corte e leite ocupa a segunda posição no setor primário do país e representa 5% do PIB. O governo promove incentivos fiscais para a intensificação da atividade, realizada, em sua maioria, por pequenos produtores rurais. Ainda não existe uma política definida de preservação ambiental na Colômbia, de acordo com o pesquisador da instituição denominada "Corpoica", Jorge Medrado. Em relação ao seminário, Medrado destaca que o evento é fundamental para a integração entre os países, já que existem situações similares na maioria deles. "Com esse intercâmbio tecnológico, devemos partir agora para a oficialização das propostas discutidas", comenta.

Peru - A pecuária de leite e corte ocupa a segunda posição entre as atividades do setor primário do país, atrás somente da produção de banana. Produtores associados, em sua maioria, exercem a atividade de maneira intensiva, alternando entre áreas degradadas e sistemas agrosilvopastoris. A evolução da atividade foi iniciada a partir dos anos 80, com incentivo tecnológico de instituições de pesquisa. De acordo com o pesquisador do Instituto Nacional Autônomo de Investigação Agropecuária (NIIAP, localizado na cidade de Quito) Antônio Vera Sambrano, o primeiro seminário que discute o tema poderá definir estratégias para o exercício do livre comércio entre os países amazônicos.

Bolívia - A pecuária representa 17% do PIB do país. Hoje, segundo o coordenador da Federação dos Produtores da Província de Beni (Fegabeni), Wolfgang Roth, o rebanho bovino ultrapassa seis milhões de cabeças, das quais 400 mil animais são destinados à pecuária de leite. A atividade é exercida de maneira extensiva e apresenta baixa produtividade. "Nossa obrigação a partir da realização do seminário é estabelecer uma integração tecnológica entre os países que compõem a bacia amazônica", destaca Wolfgang.

Lideranças do Banco Mundial chegaram nessa quinta-feira, 17, para analisarem as propostas que estão sendo apresentadas. O seminário se prolonga até a próxima sexta-feira, 18, no auditório da Ulbra em Porto Velho. A entrada é franca. Mais informações podem ser obtidas junto à assessoria de comunicação social da Embrapa Rondônia pelo telefone (69) 229-9220.

Guilherme Ferreira Viana - MTb 06566 JP/MG Embrapa Rondônia Contatos: (69) 225-9387/222-0014 (ramal 6530) - gfviana@cpafro.embrapa.br  

Tema: Ecossistema\Amazônia

Mais informações sobre o tema
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