Com o objetivo de conhecer a cadeia produtiva da pecuária de Mato Grosso do Sul (MS), um grupo de seis engenheiros agrônomos e produtores rurais do Uruguai, realizaram visita a três unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Durante uma semana, eles conheceram os trabalhos desenvolvidos pela Embrapa Pantanal (Corumbá), Agropecuária Oeste (Dourados) e Gado de Corte (Campo Grande). O grupo de uruguaios, composto por membros do projeto de integração da cadeia da carne, denominado Procarne e também por representantes do programa de qualidade de Vaqueria do Leste, voltou satisfeito com as experiências e informações acumuladas na região.

O Procarne, é um programa vinculado a Fugrea - Federação Uruguaiana do Grupo de Centros de Experimentação Regional Agropecuários (Crea). Atualmente, existem no Uruguai 35 grupos de Crea, que atuam nos mais diversos segmentos agropecuários, o grupo que veio ao Brasil pertence ao Crea que trabalha com gado de leite e corte. Já, o programa de qualidade Vaqueria do Leste consiste na união de 22 fazendeiros do Uruguai, interessados na melhoria dos processos de produção e comercialização de carne.

Na Embrapa Pantanal, os produtores rurais conheceram detalhes do Pantanal, através do seminário sobre pecuária de corte. Durante o evento, o chefe administrativo da unidade, José Anibal Comastri Filho falou sobre o perfil e as potencialidades do sistema de produção de gado de corte no Pantanal. Para o engenheiro agrônomo, Andres Pantazoglu, essa palestra foi interessante e de qualidade técnica. "Gostei de saber que com idéias inovadoras da Embrapa, como por exemplo: incentivo a criação de bezerros, evitando a engorda do gado na região e transformando o Pantanal numa grande invernada maternidade, deixando o processo de cria para o Planalto, pode-se obter sucesso, viabilizando a pecuária e garantindo a conservação dos recursos naturais da região", explicou Pantazoglu.

O pesquisador Ubiratan Piovezan, proferiu palestra sobe demandas para o ecoturismo no Pantanal e a inserção da Embrapa Pantanal nesse contexto. Foi discutido o potencial turístico da região em relação ao turismo de observação da fauna e o pesquisador ressaltou a importância das pesquisas da Embrapa Pantanal, em prol do conhecimento da fauna pantaneira. "A Embrapa pode contribuir com o ecoturismo do Pantanal, através de levantamento de dados sobre a fauna e realização de cursos de capacitação para os profissionais de turismo, estamos trabalhando num projeto com esse objetivo", completou o pesquisador.

A palestra seguinte foi proferida pelo uruguaio e coordenador do projeto Vaqueria do Leste, Miguel Lázaro, que falou sobre a importância da integração horizontal e vertical na produção da carne no Uruguai. Miguel falou das dificuldades que envolvem o processo de integração de uma cadeia produtiva, porém ressaltou que o resultado é surpreendente. "O segredo da integração é a confiança, é preciso viabilizar negociações em que todas as partes envolvidas saiam ganhando sempre e que ninguém sinta-se prejudicado. A união é fundamental no mundo globalizado e tanto o setor agropecuário quanto a sociedade ganham com essa parceria", ressaltou Lázaro.

A coordenadora de comunicação e informação do Procarne, Alejandra Carrau, apresentou informações econômicas do processo de integração da cadeia da carne no Uruguai. Segundo ela, a rentabilidade ao longo do período de um ano, para os investimentos financeiros realizados no setor foi favorável. "Houve uma oscilação entre 15 e 20%, um retorno positivo significativo", salientou Alejandra.

Para a chefe de P&D da Embrapa Pantanal Aiesca Pellegrin a visita dos uruguaios proporcionou o conhecimento da organização da cadeia da carne no Uruguai, bem como as iniciativas que as sociedades de produtores e o governo uruguaio está fazendo para difundir uma marca de carne natural para o exterior. "São exemplos a serem seguidos e embora o Brasil esteja caminhando para isso ainda falta bastante para atingirmos estas metas. Por outro lado, pudemos mostrar o perfil do nosso sistema de produção, bem como o que estamos fazendo, tanto na área de pecuária sustentável quando de recursos naturais, além de nossa participação, enquanto empresa de pesquisa na geração de conhecimentos para o desenvolvimento do ecoturismo na região do Pantanal", completou Aiesca.

Pantanal – Depois de conhecerem os trabalhos desenvolvidos pela Embrapa Pantanal, os uruguaios foram para Fazenda Nhumirim. Lá participaram de Dia de Campo sobre a Produção Animal, onde tiveram a oportunidade de verificar "in loco" os trabalhos desenvolvidos pela Embrapa Pantanal. "Fiquei surpreso com o Pantanal, imaginava encontrar aqui uma região alagada, um banhado. No entanto, o que vi foi uma grande quantidade de areia e uma rica biodiversidade que chega a emocionar", explicou o uruguaio e engenheiro agrônomo, Roberto Pereira.

"Conhecíamos mais os trabalhos de pecuária desenvolvidos no Rio Grande do Sul e imaginávamos que o MS ainda precisava ser desbravado. Porém, após essa visita concluímos que o Estado encontra-se muito bem estruturado no setor agropecuário, especialmente em função das ações da Embrapa. Acredito que o MS encontra-se atualmente num segundo ciclo de desenvolvimento, partindo em busca da sustentabilidade do processo produtivo. Essa nova etapa envolve pesquisa, produção e integração da sociedade, beneficiando a economia local", completou o uruguaio e engenheiro mecânico de agroindústrias, Pedro Lázaro.

A pesquisadora Sandra Mara Araújo Crispim, acompanhou o grupo durante toda a visita, tanto em Corumbá quanto na fazenda Nhumirim, para ela os uruguaios ficaram satisfeitos com a experiência. "Eles ficaram encantados com a beleza do Pantanal e com as pesquisas apresentadas pela equipe da Embrapa Pantanal. Eles não tinham noção da dimensão de nossos estudos e ficaram deslumbrados com o que viram e ouviram", completou Sandra.

Christiane Rodrigues Congro - MTb-SC 00825/97 Embrapa Pantanal Contatos: (67) 233-2430 ramal 252 - congro@cpap.embrapa.br