A Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, está testando novas cultivares de cevada para malteação para serem plantadas no Cerrado. A primeira pesquisa com cevada começou na década de 80 com o pesquisador Dijalma Barbosa e resultou no lançamento conjunto entre Embrapa Cerrados e Embrapa Trigo da BRS 180, uma cevada de seis fileiras introduzida e adaptada às condições do Cerrado brasileiro, cuja peculiaridade é ser resistente ao excesso de nitrogênio, o que faz aumentar o índice de proteína do cereal e o torna inadequado para a indústria malteira.

O atual responsável pelas pesquisas com cevada na Embrapa Cerrados, pesquisador Renato Amabile, explica que, atualmente, duas mil linhagens de cevada para malteação estão sendo testadas para a região. Os experimentos acontecem no campo experimental da unidade de pesquisa e em diversas unidades de observação em Goiás, Minas Gerais e Bahia. O objetivo é oferecer, pouco a pouco, alternativas de diferentes cultivares do cereal, adequadas a diversos nichos ambientais no Cerrado.

Até o ano que vem, a cultivar BRS 195, de duas fileiras, já lançada pela Embrapa Trigo e recomendada para cultura no sul do País, deverá ter sua recomendação estendida para o Cerrado. "Além de ter duas fileiras, o que a torna tradicionalmente mais atrativa, a BRS 195 também tem se mostrado resistente à mancha marrom", explica Amabile.

O pesquisador prevê outras novidades da Embrapa para a cultura da cevada no Cerrado. "Outra variedade de seis fileiras proveniente do sul deverá ser lançada dentro de dois anos", explica, acrescentando que a vantagem desse material será sua melhor qualidade malteira em relação à BRS 180.

A pesquisa de cevada na Embrapa Cerrados tem o apoio de um convênio entre a Embrapa e o Icarda - Centro Internacional para a Pesquisa Agrícola em Áreas Secas/ Cimmyt - Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo. Essas instituições internacionais, que trabalham com o melhoramento, também fornecem cultivares para serem testadas e adaptadas às condições do Cerrado, o que deve gerar lançamentos de cultivares para os próximos anos. Amabile explica que o lançamento de uma cultivar implica todo o conhecimento sobre sua cultura e, por isso, suas pesquisas não se limitam ao melhoramento genético, mas abrangem também o manejo.

Um dos principais aspectos da cultura da cevada no Cerrado é a irrigação, sem a qual não pode ser bem-sucedida. Populações de plantas, densidade e manejo de nutrientes também são objetos de estudo nessa pesquisa, que inclui ainda a multiplicação de sementes. Em outra linha de pesquisa, a Embrapa Cerrados também procura a adaptação de materiais de cevada para alimentação humana e animal.

Vivian de Moraes - MTb 294.621 Embrapa Cerrados Contatos: (61) 388-9953 - vivian@cpac.embrapa.br