Pecuaristas de todo o país deverão se adequar ao Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT) a partir de janeiro do próximo ano. As exigências do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determinam que todos os bovinos e bubalinos sejam vacinados contra brucelose e tuberculose por profissionais credenciados a partir de treinamentos ministrados pelo órgão. Animais portadores das duas zoonoses deverão ser sacrificados após a realização de exames que comprovem as enfermidades. A partir dos treinamentos, especialistas de instituições de pesquisa ou professores de universidades de veterinária serão responsáveis pela multiplicação do conteúdo do programa a veterinários em todos os estados brasileiros.

A regulamentação que será implantada segue a Instrução Técnica Normativa nº 02 de 10/10/2001 da Secretaria de Defesa Agropecuária. "Deveremos cumprir as determinações do Mapa para nos adequarmos às exigências dos mercados e consumidores, promovendo a competitividade da pecuária nacional e diminuindo os impactos negativos dessas zoonoses na saúde comunitária", avalia o pesquisador Francelino Goulart da Silva Neto, médico-veterinário da unidade da Embrapa em Rondônia. No início do mês, Goulart foi credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a realizar o treinamento para veterinários em Rondônia, juntamente com mais um pesquisador da Embrapa Acre (Rio Branco, AC). Um professor da Universidade Federal do mesmo Estado obteve o credenciamento em seminário realizado anteriormente em Brasília. A equipe será responsável pela normatização do programa nos dois Estados, ministrando cursos para veterinários das redes estadual e privada.

SEMINÁRIO – O credenciamento dos pesquisadores das duas Unidades da Embrapa foi obtido a partir do "5º Seminário de Brucelose e Tuberculose em Bovinos e Bubalinos", realizado pelo Mapa no Laboratório Regional de Apoio Animal (Lara), órgão localizado em Pedro Leopoldo, município a aproximadamente 30 quilômetros de Belo Horizonte, Minas Gerais. O termo de cooperação técnica firmado entre Embrapa, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Delegacia Federal de Agricultura (DFA), Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril (Idaron), Secretaria de Agricultura, Produção e Desenvolvimento Econômico e Social (Sepaes) e Emater – RO possibilitou o treinamento e designou responsabilidades a cada órgão.

A Delegacia Federal de Agricultura será a entidade normativa do credenciamento de veterinários em Rondônia. O apoio logístico será de responsabilidade da Idaron. A Seapes entrará com o apoio técnico e a Emater – RO, através do Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira (Pró-Leite), irá adquirir os materiais para a realização dos treinamentos. A infra-estrutura e a organização dos cursos será de responsabilidade da Embrapa. Dividido entre teoria e prática, em laboratórios e propriedades rurais, o primeiro treinamento deverá acontecer até outubro na Embrapa Rondônia. "Nosso objetivo é oferecer qualidade em todos os produtos de origem animal", destaca o pesquisador da empresa Francelino Goulart da Silva Neto.

Qualidade nos produtos de origem animal é meta do Mapa

Após a obtenção do título de área livre de febre aftosa com vacinação, o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal deverá instaurar uma nova realidade na pecuária de Rondônia, valorizando ainda mais seus produtos de origem animal. A visão do pesquisador da Embrapa Rondônia responsável pelo credenciamento de veterinários no Estado, Francelino Goulart, vem de encontro à necessidade de controle de duas zoonoses graves que podem afetar os seres humanos. Segundo o pesquisador, os índices de incidência das enfermidades no Brasil são elevados. "Dados de notificação oficiais mostram que a prevalência de animais soropositivos para a brucelose atingiu entre 4 e 5% do rebanho bovino no período entre 1988 e 1998", revela Goulart. "A tuberculose atacou 1,3% do mesmo rebanho entre 1989 e 1998. As duas zoonoses estão disseminadas em todo o território nacional", alerta.

A brucelose ataca o aparelho genital feminino e masculino, provocando inflamações nos órgãos e infertilidade. É transmitida pelo leite, pela ingestão de alimentos contaminados e pelo contato com animais infectados. "A própria vacina para imunização pode ser instrumento de contágio. Daí a necessidade de atuação dos veterinários", pondera o pesquisador. Já a tuberculose é uma zoonose de evolução crônica e é caracterizada pelo desenvolvimento progressivo de lesões nos nódulos denominados tubérculos, que podem se localizar em qualquer órgão ou tecido. O programa do Mapa irá intensificar o controle na vacinação e otimizar a freqüência de exames das duas zoonoses, além de fiscalizar o trânsito de animais. "Devemos atuar junto com produtores e oferecer propriedades livres e monitoradas", afirma Goulart. Mais informações sobre o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal podem ser obtidas junto à Embrapa Rondônia pelo telefone (69) 225-9387 ou pelo e-mail goulart@cpafro.embrapa.br .  

Guilherme Ferreira Viana - MTb 06566 JP/MG Embrapa Rondônia Contatos: (69) 225-9387/222-0014 (ramal 6530) - gfviana@cpafro.embrapa.br