01/08/03 |

Especialistas discutem resultados do projeto Taquari-Pantanal

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Com o objetivo de promover a troca de informações e apresentar o resultado das pesquisas desenvolvidas pesquisadores holandeses e profissionais da Embrapa Pantanal (Corumbá, MS) unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, aconteceu nos dias 19 e 20 de agosto, o I Workshop sobre o projeto Taquari-Pantanal.

O evento foi realizado no auditório da Embrapa Pantanal e reuniu cerca de 75 pessoas. Dentre elas, participaram representantes das universidades, órgãos públicos, associações, políticos e pecuaristas de Mato Grosso do Sul e Mato grosso, envolvidos direta ou indiretamente nas questões ecológicas, sociais, políticas e econômicas do rio Taquari.

Durante o encontro foi apresentado o projeto intitulado EU/INCO Projeto Pantaneiros, que prevê cooperação da União Européia, visando promover a cooperação internacional tanto entre países europeus quanto da América Latina e que irá envolver o Pantanal do Brasil, Bolívia e Paraguai. O projeto EU/INCO Projeto Pantaneiros tem como objetivo principal desenvolver experiências hidrológicas e sobre o uso do sistema da Bacia do Alto Paraguai.

"Esse trabalho é fundamental para o desenvolvimento sustentável do uso da água no Pantanal. Além disso, ele servirá como base para a criação de cenários, nos processos de tomadas de decisões políticas nos três países latino-americanos. Nesse projeto, as pesquisas enfocarão prioritariamente o desenvolvimento sustentável da biodiversidade, pecuária, pesca e ecoturismo no Pantanal", explica o consultor holandês e coordenador do projeto, Rob Jongman. Para ele, a participação da Embrapa Pantanal nesse projeto é fundamental e se ele efetivamente for aprovado, pelo governo holandês, terá duração de três anos.

Para a chefe geral da Embrapa Pantanal, Emiko Kawakami de Resende, o envolvimento dos pesquisadores holandeses com o Pantanal é uma oportunidade de incrementar o conhecimento da região do Taquari . "Os holandeses trabalham e pesquisam áreas inundadas desde o séc. XVI e detêm muito conhecimento sobre esse tipo de assunto e estão agregando valor as nossas pesquisas", salientou Emiko.

Taquari – Com uma extensão de 787 quilômetros, o rio Taquari é um dos principais afluentes do Pantanal. No entanto, desde a década de 70, vêm sofrendo agressões que resultaram em um desastre ecológico. A região era caracterizada por pulsos de inundação, que alagavam a área entre os meses de outubro e maio, como todo o ecossistema pantaneiro que apresenta características de inundação pluvial. Entretanto, ao longo desses trinta anos, esses pulsos de inundação deixaram de existir, obrigando cerca de 6 mil pantaneiros e inúmeros animais silvestres que habitavam a área a abandonar a região. Atualmente, uma área de onze mil quilômetros quadrados encontra-se submersa.

Os problemas se agravaram em função do incentivo agrícola, fornecido pelo governo federal, em 1975. Em função da falta de orientação adequada, os agricultores passaram a desmatar a mata ciliar do rio Taquari, em sua parte alta. A exploração dos recursos naturais na região foi tão ampla, que em 1975, a produção de soja local era de 5 toneladas e, em 1980, a produção na mesma área saltou para 11 mil toneladas. Com o passar do tempo, surgiram a erosão no alto Taquari e o assoreamento ao longo do rio, em sua parte plana.

O pesquisador da Embrapa Pantanal, Carlos Padovani, explica que o atual alagamento constante de determinadas áreas, está diretamente ligado a esse histórico. "Em função da exploração desordenada das margens dos rios na região do alto Taquari, que provocou o acumulo de areia e outros materiais no fundo do rio, em muitas regiões o rio transbordou, abandonando sua própria calha e provocando os arrombamentos responsáveis pelo alagamento", explica o pesquisador. Padovani salienta que atualmente o rio Taquari chega ao final de seu curso, com apenas 10% de seu volume de água natural.

Para o holandês Jongman, atualmente o maior problema do rio Taquari é a erosão. Para ele, é encontrar urgentemente um meio de controlar esse processo, pois a longo prazo pode agravar-se. "Esse workshop sobre o rio Taquari, permitiu que durante dois dias, pesquisadores brasileiros e holandês pudessem trocar informações e experiências que viabilizem a médio e longo prazos as soluções para os problemas do rio. Esse encontro possibilitou a formação de grupos de trabalho, formados por pesquisadores brasileiros e holandeses, de área de pesquisa afins, que juntos estão pesquisando soluções científicas para cada área do problema", afirma Jongman.

Através do I Workshop sobre o projeto Taquari-Pantanal, além do lançamento do EU/INCO Projeto Pantaneiros, foram formados grupo de pesquisa internacional sobre fauna, hidrologia, climatologia, recursos pesqueiros, limnologia, sensoriamento remoto e sócio-econômia, que irão dedicar-se a produção de conhecimento que viabilizem soluções definitivas para o rio Taquari. "Não podemos nos precipitar em apresentar propostas que possam comprometer ainda mais o ecossistema do rio", ressaltou Jongman. Para ele, a construção de diques ao longo do rio, que faria com que o mesmo voltasse ao seu curso normal, não é viável, pois devido o alto custo poderia inviabilizar a execução do projeto, não existiriam maneiras de transportar a infra-estrutura logística necessária para realizar o trabalho e tampouco os pesquisadores poderiam garantir que essa estratégia resolveria o problema a longo prazo.

Durante o evento Padovani chamou a atenção para o fato de que as estratégias de implementação, dos modelos que serão sugeridos pelos pesquisadores, é uma responsabilidade dos governantes do Estado e do país. "Aos institutos de pesquisa compete o papel de levantar as informações e sugerir modelos que viabilizem a solução efetiva do problema. Entretanto, a viabilização das mesmas não é nossa responsabilidade, apesar de nossa disposição em orientar e acompanhar essa outra etapa do processo, que objetiva a solução definitiva dos problemas que envolvem o rio Taquari", completou.

Christiane Rodrigues Congro MTB 00825/SC Embrapa Pantanal Contatos: (67) 233-2430 (ramal 252) - congro@cpap.embrapa.br  

Tema: Ecossistema\Pantanal

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