01/08/03 |

Reforço à pesquisa agrícola no Tocantins

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Representantes da Federação da Agricultura (FAET) e do Fundo de Defesa Agropecuária (Fundeagro) do Tocantins estão formulando a proposta de criação de um fundo privado, voltado ao desenvolvimento das cadeias produtivas de arroz, soja, milho e abacaxi. O objetivo é constituir um mecanismo de arrecadação de recursos para o financiamento de ações de pesquisa e de capacitação e reciclagem técnica de extensionistas e agricultores.

O baixo investimento em pesquisa no Estado foi a principal justificativa para o estabelecimento do fundo, segundo o presidente do Fundeagro, Nasser Iunes. Ele afirma que o levantamento do problema e a iniciativa de solucioná-lo partiu dos próprios produtores por meio de suas associações, cooperativas e sindicatos rurais.

À semelhança do Fundeagro, que dá apoio aos pecuaristas no combate à febre aftosa, a partir de contribuições da cadeia produtiva do setor, o novo fundo deverá contar com a cobrança para os agricultores de um percentual sobre a produção agrícola no ato de autorização de trânsito vegetal intra ou interestadual.

Por exemplo, no caso do arroz, deverá ser arrecadada uma quantia em centavos, ainda não definida, para cada saco do cereal que circular no Tocantins. Os recursos serão revertidos para o financiamento de pesquisas, conforme as demandas dos produtores, após o aval do Conselho Deliberativo do Fundeagro.

O chefe geral da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás/GO), Pedro Antonio Arraes Pereira, acredita que poderá haver o fortalecimento da pesquisa e o benefício dos agricultores tocantinenses. "Com a implementação do fundo, a dinâmica de geração de novas variedades de arroz irrigado será intensificada, o que permite ao produtor mais opções para o plantio de materiais resistentes à brusone", diz.

A brusone é uma doença fúngica crônica nas várzeas do Tocantins, responsável pela diminuição da vida útil das variedades lançadas. A alta diversidade genética do fungo costuma quebrar a resistência do arroz após um ou dois anos de cultivo. Os prejuízos na produção da lavoura geralmente são significativos.

De acordo com o melhorista da Embrapa Arroz e Feijão, Paulo Hideo Nakano Rangel, as melhores medidas de controle da doença são o manejo da cultura e a utilização de variedades resistentes. A aplicação de defensivos no campo nem sempre é vantajosa, pois encarece os custos de produção entre 15% a 18%. Paulo Hideo considera que a erradicação da brusone nas lavouras é muito difícil, porque as altas temperaturas e a elevada umidade relativa do ar nas várzeas tropicais durante o verão favorecem o desenvolvimento da doença.

A Embrapa Arroz e Feijão, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pesquisa o arroz irrigado no Tocantins desde 1982 e possui parcerias com cooperativas, com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins) e com a Universidade do Tocantins (Unitins). Os frutos desse trabalho foram o lançamento de seis variedades, com a previsão de mais duas alternativas para plantio a partir de 2004.

Apesar do problema com brusone, Paulo Hideo afirma que as várzeas tocantinenses são uma região promissora ao cultivo do arroz, por causa da topografia plana e da água em abundância. "Além disso, o Estado possui uma posição estratégica como fornecedor para centros consumidores do Norte e Nordeste", complementa.

A proposta de criação do fundo para as cadeias produtivas do arroz, soja, milho e abacaxi deverá ser levada à apreciação do governador Marcelo Miranda (PSDB) ainda este mês. Segundo Iunes, estima-se a arrecadação de R$ 1 milhão de reais por ano.

  Rodrigo Peixoto - 1.077 MTb/GO Embrapa Arroz e Feijão Contatos: (62) 533-2108 - rpbarros@cnpaf.embrapa.br  

Tema: A Embrapa\Gestão 

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