As várzeas irrigadas do vale do Rio Araguaia no Estado do Tocantins são o melhor local do Brasil para produção de sementes sadias de feijão. Isse potencial é atribuído às condições de cultivo que permitem a obtenção de um produto livre da contaminação por doenças. Em vista disso, os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, acreditam que os municípios de Cristalândia, Dueré, Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão e Pium, num total de 60 mil hectares, possam se tornar pólo de produção de sementes de feijão para o Brasil.

O ciclo das lavouras no período sem chuvas, de maio a setembro, e a baixa umidade relativa do ar não favorecem o aparecimento de fungos que atacam o feijoeiro, ao contrário do que ocorre nos cultivos de verão. O sistema de irrigação também dificulta a disseminação de doenças fúngicas.

A umidade chega às sementes ou às raízes das plantas, devido à elevação do lençol freático. Conseqüentemente, não há borrifamento de água sobre as folhas como ocorre nos pivôs centrais, utilizados nos cultivos de feijão de inverno em Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal.

Os métodos de irrigação por aspersão criam ambiente propício à infestação de doenças na parte aérea do feijoeiro, como a ferrugem, a mancha angular e a antracnose, todas já espalhadas pelo Brasil e que são de difícil controle.

Outro aspecto é que ainda não foram constatadas nas várzeas irrigadas do Tocantins a presença de fungos de solo, como por exemplo o causador do mofo branco, que é bastante comum nos cultivos de feijão de inverno no Planalto Central.

A presença de doenças no campo pode comprometer a qualidade sanitária das sementes de feijão porque os esporos, ou seja, as partículas de disseminação dos fungos, podem infectá-las e, caso o agricultor as plante em outra área, estará contaminando sua própria lavoura.

Apesar da preocupação não só com a sanidade das sementes, mas também com suas características genéticas e fisiológicas, as estimativas da Embrapa indicam que apenas 20% do feijão brasileiro é plantado com materiais de qualidade. Via de regra, a leguminosa é cultivada por pequenos produtores que usam sementes ruins, pois não possuem recursos para adquirirem sementes certificadas, nem sabem como produzir boas sementes.

Rodrigo Peixoto - 1.077 MTb/GO Contatos: (62) 533-2108 - rpbarros@cnpaf.embrapa.br