Clonar um ser humano, um animal. Reproduzir um indivíduo ou grupo de indivíduos geneticamente idênticos, originados por reprodução assexuada, a partir de uma única célula. O assunto é polêmico, mas não quando se trata de clonagem de plantas. "Essa é uma prática bastante conhecida e presente no dia-a-dia de agricultores, jardineiros, viveiristas e donas de casa", diz a pesquisadora Ana Ledo, da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju/SE), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

No campo da ciência, a multiplicação de plantas em laboratório desperta a atenção de pesquisadores desde 1902, com base na teoria da totipotencialidade das células que diz que qualquer célula de um organismo vegetal tem a capacidade de gerar um indivíduo completo. "A clonagem é uma prática agrícola muito utilizada para a produção de mudas e pode ser efetuada por meio da enxertia, enraizamento de estacas e por técnicas de cultura de tecidos", acrescenta a pesquisadora.

A Embrapa Tabuleiros Costeiros aprovou dois projetos com recursos do Banco do Nordeste e do Fundo Estadual para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNTEC para dar início às pesquisas de clonagem "in vitro" de cultivares de coqueiro. A técnica permitirá que a partir de um fragmento de tecido do coqueiro, sejam produzidas diversas mudas num pequeno espaço físico e em curto período de tempo. Para os pesquisadores, esse tipo de técnica apresenta várias vantagens como a identidade genética, ou seja, as mudas produzidas apresentam as mesmas características genéticas de produção, qualidade do fruto, resistência/tolerância a enfermidades da planta mãe de onde foi retirado o material inicial para propagação, garantindo o rendimento e a qualidade fitossanitária do material.

Mudas de qualidade - Em Sergipe, a técnica de utilização de mudas provenientes de cultura de tecidos já é uma realidade. Alguns produtores de banana no Platô de Neópolis já vêm estabelecendo plantios com mudas oriundas de biofábricas da região Nordeste.

Cultura de Embriões - Outra atividade que está em fase final no laboratório da Embrapa Tabuleiros Costeiros é estabelecimento de um protocolo de cultura "in vitro" de embriões zigóticos de coqueiro. Segundo Ana Ledo, a cultura "in vitro" de embriões de coqueiro poderá reduzir os custos com transporte de sementes e facilitar o intercâmbio de germoplasma com resistência a doenças entre instituições de pesquisa.

O estabelecimento de protocolos de propagação clonal de coqueiro será muito importante para a multiplicação e disponibilidade em médio prazo de mudas de cultivares e/ou híbridos recomendados pelo programa de melhoramento genético de coqueiro da Embrapa Tabuleiros Costeiros, promovendo a sustentabilidade dos diversos sistemas de produção de coco no Brasil.

Banco de germoplasma – Provavelmente, Sergipe ganhará um Banco Internacional de Germoplasma de Coco em 2004. O projeto, que está sendo conduzido pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, terá sede em Itaporanga D´Ajuda, município localizado a 29 quilômetros de Aracaju. O Banco será formado por germoplasma de coqueiro oriundo de várias regiões do mundo. Mas todo o processo de intercâmbio ainda aguarda as negociações finais.

Segundo Lafayette Sobral, chefe geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros, entraves como o custo do projeto e a questão dos direitos de propriedade sobre os materiais que serão obtidos através do melhoramento genético do coqueiro estão adiando a implantação do banco. O assunto será discutido, em Brasília, com a assessoria jurídica da Sede da Embrapa. "O texto do acordo precisa ser analisado por advogados com experiência internacional", ressalta Sobral.

Sobral acredita que em 2004, a unidade deverá iniciar os trabalhos em Itaporanga. No local, a Embrapa possui uma área que apresenta solo com características propícias e condições climáticas favoráveis ao cultivo do coqueiro.

Jornalista Sayonara Marinho Embrapa Tabuleiro Costeiro Telefone: (79) 2261300 ramal 1361