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Tatiana Sá assume, dia 23, a Embrapa Amazônia Oriental

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O diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), empresa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Clayton Campanhola, vai empossar o novo chefe da Embrapa Amazônia Oriental, instalada em Belém, no dia 23 de setembro. Pesquisadora há 30 anos, Tatiana Deane Sá que assumirá a chefia geral da instituição, considera como maior de todos os desafios conciliar, na Amazônia, o quase irreconciliável: conservação ambiental, inclusão social e eqüidade, em suas múltiplas dimensões.

Uma missão difícil, segundo ela, mas uma oportunidade ímpar da instituição de utilizar de forma socialmente mais justa os conhecimentos e tecnologias gerados ou validados em seu âmbito, contribuindo assim com as políticas de desenvolvimento local, regional e nacional que ora se delineiam. Ela sucederá o também pesquisador Adilson Serrão que esteve à frente da instituição durante sete anos.

Propor e executar um plano de trabalho para uma instituição de pesquisa agrícola como a Embrapa é, para Tatiana Sá, inevitavelmente um grande desafio, dado o conflito natural que se impõe entre as atividades agrícola, pecuária e florestal e a conservação da natureza. "Esse desafio é amplificado na Amazônia, onde a dimensão ambiental ressalta pela especificidade, e a dimensão social tem que ser cuidadosamente considerada, em consonância com a política do governo federal que adota a inclusão social e a eqüidade como lemas. A disposição política sintetizada em slogans como Um Brasil Para Todos e Fome Zero levam a pressupor condições favoráveis a que as instituições da Amazônia, incluindo as de pesquisa agrícola, tenham respaldo para uma atuação renovada, seguindo as orientações do programa Amazônia Sustentável, que dará suporte ao Plano Plurianual 2004-2007 para esta região", explica.

Outro fator também ressaltado pela nova dirigente da Embrapa Amazônia Oriental, que assume a maior Unidade da Embrapa no País, agrava-se com o quadro econômico vigente, o que ela assegura, restringe a aquisição de recursos humanos e materiais, exigindo da administração criatividade, no sentido de maximizar a eficiência no uso dos recursos disponíveis.

Mas mesmo assim, atenuando os fatores limitantes há, na opinião de Tatiana Sá, a ser considerado o alto potencial atual da Embrapa, associado ao posicionamento da diretoria, que tem valorizado as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento direcionadas à agricultura familiar e a pequenos empreendedores rurais , mas sem deixar de estimular uma abordagem que apoie o desenvolvimento local. Isso, segundo ela, "arregimentando o melhor conhecimento universalista para pesquisas inovadoras em termos estratégicos que, para além das possibilidades de uso direto pelos agricultores, contribuem para aumentar e aprofundar o conhecimento existente e, assim, aumentar o repertório de possibilidades tecnológicas futuras".

A engenheira agrônoma, mestre em Ciência do Solo e Biometeorologia pela Universidade de Utah, Estados Unidos e doutora em Fisiologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi selecionada através de concurso público aberto a qualquer profissional de dentro ou de fora da Embrapa e que constou de análise de currículo, apresentação com argüição oral do plano de trabalho e avaliação do perfil gerencial realizado por um grupo de especialistas de São Paulo contratado pela Embrapa.

Ela é a primeira mulher a ocupar o cargo máximo na Embrapa Amazônia Oriental, instituição com mais de 64 anos, já que a Embrapa é sucessora do Instituto Agronômico do Norte (IAN) e Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Norte (Ipean). Tatiana Sá possui inúmeros trabalhos publicados em Português e Inglês, participa de projetos e de programas de grande impacto e relevância para a Amazônia, é (e foi) orientadora de diversos estudantes de pós-graduação e será uma das mulheres homenageadas, este ano, pela Revista Cláudia, na categoria Ciências (Prêmio Cláudia 2003).

Uma das mais importantes atividades dessa pesquisadora que completa este mês 54 anos, tem acontecido à frente do projeto Tipitamba, palavra que na língua dos Tiriyó, índios do norte do Pará, quer dizer, "capoeira" ou "ex-roça". O projeto tem identificado alternativas que possam substituir o uso do fogo na agricultura amazônica, prática milenar na região, pelo corte e trituração da capoeira (vegetação secundária que surge no período de pousio entre dois períodos de cultivo). O sistema proposto pelos pesquisadores elimina as implicações negativas da prática de queimar e propicia maior flexibilidade ao período de plantio, além de melhorar as condições físicas, químicas e biológicas do solo.

Um dos mais importantes reconhecimentos a esse trabalho, na opinião da pesquisadora e coordenadora do Tipítamba e agora chefe geral da Embrapa em Belém, foi o prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente, do Ministério do Meio Ambiente O projeto foi o vencedor na categoria "Ciência e Tecnologia" dirigido a pesquisadores individuais, grupos de pesquisa, públicas ou privadas, cujo trabalho tenha resultado em extraordinário avanço tecnológico no padrão de produção e/ou manejo de recursos naturais com potencial econômico, de preferência pela utilização de ferramentas de fácil difusão, capaz de beneficiar a população da Amazônia.

O projeto envolve aproximadamente 100 estudiosos entre pesquisadores e estudantes (brasileiros e estrangeiros), sendo oficialmente parceiros técnicos da Embrapa Amazônia Oriental, a Universidade de Bonn, e Universidade de Goettingen na Alemanha; o Woods Hole Research Center, nos Estados Unidos, a UFPa, através do Núcleo de Agricultura Familiar (NEAF), do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) e do Grupo de Hidrogeoquímica; a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra); o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa); a Universidade de São Paulo (USP), através do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, do Instituto de Física e da Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz; a Universidade Federal de Lavras; A Universidade Federal de Pelotas, a Embrapa Meio Ambiente e a Embrapa Instrumentação Agropecuária; e as firmas Albrás; Promac; e AHWI do Brasil. Além de diversas organizações de produtores do nordeste do Pará.

Financeiramente, as pesquisas têm o apoio do Programa Shift, uma cooperação entre os Ministérios da Ciência e Tecnologia da Alemanha e do Brasil, no Brasil através do CNPq, o PPG-7, o Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia (Funtec), a Embrapa, a UFPA, e o CNPq, através do Instituto do Milênio e de projetos de Agricultura Familiar e do Programa Norte de Pesquisa e Pós Graduação, e do Prodetab.

Ruth Rendeiro (DRT-PA 609) Embrapa Amazônia Oriental Telefone: (91) 299-4500 E-mail: ruth@cpatu.embrapa.br  

Tema: A Embrapa\Gestão 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/