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Embrapa incentiva novos territórios, nova pauta da pesquisa agropecuária

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Algodões coloridos podem criar nichos para cotonicultura nordestina
A nova pauta da pesquisa agropecuária pública brasileira se chama "territórios". Uma metodologia que tenta intervir em cenários técnicos e sociais de uma determinada conjunção de comunidades agrícolas, municípios e regiões geopolíticas. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deve começar a utilizar imediatamente o zoneamento já realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), para direcionar sua atuação de transferência de tecnologias para essa clientela preferencial do governo Lula. No semi-árido os novos territórios serão alvos das políticas públicas do atual governo, principalmente do programa Fome Zero.

Na Paraíba, a Embrapa Algodão de Campina Grande, PB, vai utilizar essa nova conceituação para incentivar o desenvolvimento da cultura do algodão BRS 200, a variedade marrom. A idéia é que se considere o território composto pelo seridó, na divisa com o Rio Grande do Norte, a região originária da variedade.

A maior vantagem dessa cultivar é seu ciclo semi-perene, que permite ao agricultor uma exploração econômica de até três anos consecutivos. Descendente dos algodoeiros arbóreos da região Nordeste, possui alto grau de resistência à seca, podendo ser plantada nas regiões do seridó e sertão, preferencialmente nas localidades zoneadas pela Embrapa para a exploração do algodoeiro arbóreo.

Os pesquisadores garantem, entretanto, que o algodão marrom pode ser explorado, também, sob condições irrigadas, no semi-árido, quando possibilitará a obtenção de rendimentos de até 3.300kg de algodão em caroço por hectare.

Doenças - A cultivar foi avaliada apenas no Nordeste, apresentando suscetibilidade a problemas como a mancha angular e bacteriose. "É na região onde as doenças do algodoeiro apresentam menor expressão econômica, não sendo conhecida sua reação às doenças que ocorrem nas regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil", explica Eleusio Curvelo Freire, da equipe que desenvolveu a nova cultivar colorida por meio de técnicas do melhoramento genético de plantas.

A BRS 200 é a primeira cultivar de algodão de fibras geneticamente coloridas obtida no Brasil, através de melhoramento convencional, com utilização do método de "seleção genealógica". A cultivar, que em termos técnicos se chamaria "bulk", é constituída pela mistura em partes iguais de sementes de várias linhagens desenvolvidas que possuem fibras de coloração marrom claro.

"Estas linhagens foram selecionadas em 1992, 1994 e 1995, a partir do banco de genes vegetais de algodoeiro de tipo arbóreo, implantado em 83, no campo experimental da Embrapa na cidade de Patos (PB), a partir de matrizes de algodoeiros arbóreos, coletadas nos municípios de Acari (RN) e Milagres (CE)", detalha Freire.

Para a obtenção das novas linhagens os melhoristas lançaram mão de técnicas de "autofecundação artificial". Em seguida as sementes foram aumentadas, sob condições de polinização livre, em diversas áreas experimentais da Embrapa no Nordeste.

Vantagens - A cultivar marrom com ciclo produtivo de três anos, selecionada a partir de algodoeiros arbóreos nativos do semi-árido nordestino, possui alto nível de resistência à seca e uma produtividade 64% superior as cultivares de algodoeiro do tipo "mocó".

Outra vantagem competitiva é que a fibra da BRS 200, por ser de coloração marrom clara, obtida através de processo de melhoramento não-transgênico, pode obter melhores preços no mercado de 30 a 50% superior ás fibras do algodão branco normal, que associada à produtividade mais elevada e maior rendimento de fibras, resulta em receita acima de 100%, em relação ao cultivo do algodoeiro arbóreo.

"Acreditamos que o algodão marrom pode se tornar um fator decisivo no desenvolvimento local daquela região, tornando-a um nicho de cultivo da cultivar BRS 200", diz o economista Ferreira dos Santos, candidato ao cargo de chefe-geral da Unidade paraibana da Embrapa.

Dalmo Oliveira - MTbPB 0598/PB Embrapa Algodão Contatos: (83) 315.4361 – dalmodasilva@ibest.com.br  

Tema: A Embrapa\Transferência de Tecnologia 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/