01/09/03 |

Viabilização da cotonicultura para a agricultura familiar será novo desafio da pesquisa

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Depois de ter contribuído decisivamente para a consolidação da cotonicultura no Cerrado da região Centro-Oeste, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, se depara agora com um grande novo desafio, viabilizar técnica e economicamente a cultura algodoeira para pequenos e médios produtores da Agricultura Familiar nacional.

Essa será uma das principais discussões do 4ª Congresso Brasileiro de Algodão, que inicia nesta segunda-feira, 15, e vai até o próximo dia 18, no Centro de Convenções de Goiânia-GO. Técnicas de manejos culturais, controle de pragas e até pesquisas para obtenção da primeira variedade de algodão transgênico resistente ao bicudo, devem ser algumas das ações em que a Embrapa Algodão (Campina Grande/PB) vai concentrar seus esforços para fazer aumentar a competitividade do modelo de agricultura familiar que cultiva o algodão em varias partes do país, principalmente no Nordeste e Centro-Oeste.

Durante o evento serão apresentadas pesquisas, que objetivam, por exemplo, identificar o perfil do agricultor familiar, como o trabalho que vem sendo feito pelos economistas Robério Ferreira dos Santos e Maria Auxiliadora Lemos Barros, que levantou o perfil socioeconômico dos produtores familiares da comunidade de Caxeiro, no município de Juarez Távora (PB)."Um programa sustentável de recuperação do algodão no Nordeste depende muito do conhecimento da base material de produção, sobretudo da fertilidade das terras, da formação social e do ambiente socioeconômico em que eles atuam, destacando o acesso diversificado aos mercados, ao crédito, à informação, à compra de insumos e ao exercício da cidadania", destaca Robério.

Num outro trabalho, realizado em Goiás, a agrônoma Divina Aparecida Leonel Lunas Lima observou que as famílias são pobres, a maioria detendo a posse temporária das terras, o que os conduzem ao exercício de uma agricultura intinerante dentro do próprio município que, junto com a grande migração que ocorre com os filhos adolescentes e alto nível de analfabetismo encontrado, constituem-se em explicações para o uso de uma tecnologia tradicional no campo.

Segundo a pesquisadora, há necessidade de incorporar tecnologias adequadas ao perfil do Sudoeste de Goiás, realizadas nos assentamentos da região para se traçar estratégias que viabilizem a cotonicultura local, em nichos de mercado potenciais para a inserção de atividades familiares, caso dos segmentos dos orgânicos e ou de produtos que possuam características diferenciadas como o algodão colorido. "Nos resultados parciais da pesquisa detectamos que os produtores familiares encontram-se motivados para estarem buscando alternativas produtivas que garantam uma rentabilidade, sendo que uns dos principais problemas apresentados pelos produtores familiares foram à falta de recursos financeiros em volume e tempo para a produção agrícola e o apoio técnico para a implantação e desenvolvimento de atividades dentro de suas propriedades.

O associativismo foi apontado pela maioria dos assentados como alternativa para organizar as reivindicações e melhorar sua representatividade nas negociações. Mesmo inseridos dentro de uma região altamente tecnificada, os produtores familiares têm um baixo padrão tecnológico o que confirma a necessidade de criar um nicho específico da cultura do algodão para viabilizar a produção neste segmento", ressalta Lima. A maior dificuldade dessa parcela de agricultores tem sido a indisponibilidade de áreas para a expansão da cotonicultura, agravada pela alta competição de culturas como a soja e o milho, que superam o algodão devido a investimentos que estão sendo utilizados na região, que agrega valor aos produtos.

Dalmo Oliveira (MTb N.º 0598/PB) Embrapa Algodão Telefone: (83) 315.4361 E-mail: dalmo@cnpa.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Matérias Primas\Algodão 

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