01/10/03 |

Pecuaristas da Nicarágua querem mais intercâmbio com a Embrapa

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Importadores da Nicarágua, de sementes de capim (forrageiras), em visita técnica à Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento disseram que os pecuaristas daquele país estão utilizando cada vez mais sementes do Brasil e por isso precisam mais assistência técnica e maior intercâmbio tecnológico com pesquisadores e extensionistas brasileiros.

"As sementes forrageiras do Brasil são muito boas, as compras dos pecuaristas da Nicarágua aumentam a cada dia, mas ainda há carência de mais orientação técnica e indicações de manejo", disseram William Chamorro e Francisco Martínez, da Semillas Cristiani Burkard, uma das importadores de sementes brasileiras, com sede na capital, Managua. Segundo eles, seria desejável trabalhos conjuntos entre a Embrapa Pecuária Sudeste e o Instituto Nicaraguense de Tecnologia Agropecuaria, do governo daquele país.

Em 2003 o Brasil vai exportar cerca de 70 mil kg de sementes forrageiras para a Nicarágua, um significativo aumento em relação aos 20 mil kg exportados em 2002. Nos últimos três anos o Brasil forneceu à Nicarágua cerca de 150 mil kg de sementes forrageiras, volume que dá para formar cerca de 50 mil hectares de pastagens. "O potencial de crescimento é muito grande, pois as áreas formadas com sementes brasileiras apresentam maior produtividade e a Nicarágua possui um total de 3 milhões de hectares de pastagens, a maior parte pastos naturais, que precisam ser substituídos", disse Juan Camilo de Mier, da Miguel Saenz Semillas.

O rebanho bovino é de 2,3 milhões de cabeças - Segundo os empresários nicaragüenses, as mudanças na pecuária do país estão ocorrendo rapidamente, em especial no aumento da produtividade do rebanho, por meio da melhoria de pastagens, da melhoria genética e de mais informações sobre manejo. O país importa consideráveis volumes de leite, principalmente leite em pó, trazido da Holanda e da vizinha Costa Rica. A Nicarágua é porém auto-suficiente em carne e exporta esse produto para o Panamá, México e Estados Unidos.

As variedades de sementes de capim mais exportadas pelo Brasil são a Brachiaria brizantha (braquiarão) cv marandu, Brachiaria decumbens, Tanzânia, seguidos pelo Mombaça e Brachiaria humidícola. Metade dos pecuaristas da Nicarágua são pequenos e médios, com áreas variando de 30 ha a 100 ha, onde predominam as raças Brahma, Indubrasil, Pardo Suiço, Jersey e muitos cruzados, principalmente Brahma com Pardo Suiço.

Para o chefe geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Aliomar Gabriel da Silva, a Embrapa tem grande interesse em ampliar as parcerias internacionais, dentro do intercâmbio comercial e tecnológico bilateral, sem assistencialismos. Ele lembra que o relacionamento da Embrapa com outros países traz outras conseqüências positivas para a economia, como o aumento das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos para a agricultura e pecuária, sementes, demais insumos, consultorias e outros.

A Nicarágua - Área: 131 mil km² (corresponde a menos da metade do Estado de São Paulo); população: 5,3 milhões, dos quais 1 milhão na capital, Manágua; crescimento demográfico: 2,6% ao ano (no Brasil 1,5%, era de 3% até a década de 1970); economia: as principais atividades são banana, algodão, café, açúcar e milho. Rebanho bovino de 2,3 animais. Exportações (2001) de 606 milhões de dólares e importações de 1,8 bilhão de dólares.

Após mais de meio século de corrupção, violência e dominação econômica e política por parte da família Somoza, a Nicarágua viu triunfar, em 1979, a guerrilha, de muitos anos, da FSLN-Frente Sandinista de Liberación Nacional, tendo à frente o presidente Daniel Ortega. As terras e todos os bens da família Somoza foram expropriados.

As eleições de 1984 confirmaram os sandinistas, mas no ano seguinte os Estados Unidos promoveram bloqueio econômico contra o país e passaram a patrocinar ações violentas contra o governo (os "Nicarágua contra"). Nas eleições de 1990 os sandinistas foram derrotados, mas os novos governantes mantiveram a reforma agrária de Daniel Ortega, que havia dado terras para 200 mil novos pequenos proprietários. Em 2000 foi eleito o atual presidente, Enrique Bolaños, quando os sandinistas perderam a eleição por pequena margem, tendo obtido 45% dos votos, triunfando em 11 das 15 capitais das províncias, inclusive Manágua.

Jorge Reti - MTb 12693-SP e MS 14130/SJPSP/FENAJ Embrapa Pecuária Sudeste Contatos: (16) 261-5611 - jreti@cppse.embrapa.br  

Tema: A Embrapa\Cooperação Internacional 

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