01/11/03 |

Tecnologia melhora qualidade pós-colheita de melão

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A vida útil de melões do grupo Gália depois de colhidos é de aproximadamente 14 dias. Técnica estudada pelos pesquisadores Maria Auxiliadora Coêlho de Lima, da Embrapa Semi-Árido (Petrolina, PE), e Ricardo Elesbão Alves e Heloísa Almeida Cunha Filgueiras, da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE), amplia esse tempo para cerca de 30 dias, com a manutenção da qualidade de frutos: menor perda de peso, boa aparência externa e maior firmeza de polpa. Esse prazo melhora as condições de comercialização da fruta que já é a terceira mais exportada pelo Brasil.  

Os pesquisadores combinaram o emprego de dois recursos técnicos que, em geral, são usados individualmente no retardamento da deterioração dos frutos depois de colhidos. Um deles é uma sacola de material plástico com características específicas e adequadas ao metabolismo do melão. Nessa sacola, os frutos são colocados e mantidos fechados durante o período de armazenamento em câmara fria. A porosidade do plástico mantém a concentração de gás carbônico (CO2) dentro da sacola maior que o encontrado fora, ao mesmo tempo em que limita a entrada de oxigênio (O2), mantendo-o em níveis menores do que o do ar exterior. Este ambiente reduz consideravelmente a respiração do fruto e torna mais lento o processo de amadurecimento.

O outro recurso avaliado pelos pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Embrapa foi a aplicação de um gás conhecido como 1 - metilciclopropeno ou 1-MCP que atua sobre o metabolismo de amadurecimento dos frutos e, desde agosto de 2003, teve seu registro liberado para fabricação e  comercialização no Brasil. Esse gás é injetado dentro da câmara frigorífica onde as caixas de melão ficam armazenadas. A câmara, então, deve ficar fechada por um período de 12 horas. Após esse período, pode ser aberta e não há nenhum risco de intoxicação. Primeiro porque a quantidade usada está em concentrações muito baixas (ppb ou partes por bilhão). Estudos do FDA, organismo do governo dos Estados Unidos que atua na liberação do uso de agroquímicos para alimentos, indicam que esse gás é praticamente não tóxico, revela Maria Auxiliadora.

O efeito de inibir ou atrasar o amadurecimento dos frutos por parte do 1-MCP provoca outro efeito benéfico de ordem fitossanitária nos frutos. Ao ser colhido, o fruto fica susceptível ao ataque de microrganismos exatamente no local em que ficava preso à planta. Quanto mais o fruto avança no seu estágio de maturação, forma-se, nesse local, uma rachadura, que se torna uma porta aberta à entrada de doenças o que acelera a sua depreciação no mercado. O gás diminui a evolução dessa abertura e, assim, reduz os riscos de infecção dos frutos por patógenos, explica Maria Auxiliadora.    

Uso conjunto – O material plástico, que é uma espécie de filme, reduz a perda água do fruto e mantém sua boa aparência por mais tempo. Manchas que aparecem nas cascas dos frutos depois de certo tempo de colhido em conseqüência de um processo normal de deterioração, costumam aparecer mais tardiamente em frutos tratados com esse filme. O 1-MCP, por sua vez, deixa os frutos mais firmes por mais tempo. Essa firmeza facilita o manuseio depois da colheita.      

O emprego conjunto das duas técnicas combina os benefícios que cada uma é capaz de proporcionar aos frutos, cujo resultado mais significativo é a ampliação do tempo de conservação do melão Gália para até 30 dias, sob refrigeração.

O melão Gália é um dos mais cultivados na principal região produtora do país, o agropolo de Mossoró-Açu. Esse tipo inclui melões aromáticos, de forma arredondada, casca amarela quando o fruto amadurece, polpa branca ou branco-esverdeada e pouca reticulação (rendilhamento da casca). O pouco tempo de vida útil pós-colheita é uma das principais limitações à oferta mais competitiva desse melão no mercado, esclarece Maria Auxiliadora.

Mais informações: Maria Auxiliadora Coêlho de Lima – pesquisadora Embrapa Semi-Árido Contatos: (87) 3862-1711 - maclima@cpatsa.embrapa.br

Marcelino Ribeiro – jornalista, Embrapa Semi-Árido Contatos: (87) 3862-1711 - marcelrn@cpatsa.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Frutas\Tropicais 

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