01/11/03 |

Fossa Biodigestora ganha o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2003

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

O sistema Fossa Séptica Biodigestora, que inclui também o Clorador Embrapa, desenvolvido para promover o saneamento básico na zona rural, recebeu dia 18, em São Paulo, o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social da região Sudeste do país. O projeto da Embrapa Instrumentação Agropecuária (São Carlos, SP), uma das unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura e Abastecimento, concorreu com 634 trabalhos de instituições públicas e privadas de todo o País.

Cada um dos projetos foi avaliado dentro dos critérios de sustentabilidade, baixo custo, fácil aplicação e reaplicabilidade –possibilidade de disseminar a solução entre outras comunidades que convivam com problemas similares. Das 634, apenas 96 foram consideradas tecnologias sociais, sendo pontuadas de acordo com o mérito, resultado e impacto de cada uma. Mas das 96, só 33 ações foram certificadas e cadastradas no Banco de Tecnologias Sociais, base de dados disponibilizada no site da Fundação (www.cidadania-e.com.br).

O sistema Fossa Biodigestora foi um dos projetos certificados e que disputou a final do Prêmio, cujo resultado foi divulgado no dia 18, na casa Tom Brasil, em São Paulo, na presença do ministro Luiz Gushiken; presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques de Oliveira Pena; representante da Unesco, Ari Mergulhão, entre outras autoridades. Das 33 finalistas, foram selecionadas sete, uma tecnologia de cada região do país, e uma na categoria Empresa. A região Sudeste foi dividida em dois grupos, devido ao grande número de participantes.

Em carta enviada ao pesquisador Antonio Pereira de Novaes, responsável pelo desenvolvimento do sistema Fossa Biodigestora, o presidente da Fundação Banco do Brasil já havia destacado que a participação da Embrapa Instrumentação Agropecuária no Prêmio tinha um valor inestimável para o desenvolvimento social brasileiro. "Uma demonstração clara de que as instituições brasileiras são capazes de, com criatividade e eficiência, fazer frente aos inúmeros desafios sociais existentes, e que, com sua atuação, estão contribuindo para melhorar a realidade social em nosso País".

Para o chefe-geral da instituição de pesquisa agropecuária, Ladislau Martin Neto, a classificação da Fossa Biodigestora, é motivo de orgulho para a Embrapa, que tem se preocupado cada vez mais com o desenvolvimento sustentável do País e com geração de tecnologias que reflitam em melhoria de vida para o cidadão brasileiro, e em especial do agricultor brasileiro. Para Pereira de Novaes, o Prêmio é o reconhecimento de um trabalho de toda a equipe do Centro. "Eu me sinto realizado com o trabalho desenvolvido na Empresa e envaidecido com a premiação".

O ministro Gushiken disse que vê com muita satisfação a ação da Fundação Banco do Brasil e garantiu que levaria a proposta da instituição ao conhecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que segundo ele, tem grandes chances de assumir esta ação. O representante da ONU também disse que vai empenhar para que as tecnologias premiadas sejam disseminadas internacionalmente, em vários idiomas.

A Fossa Biodigestora é um sistema simples e barato de tratar o esgoto na zona rural, onde falta saneamento básico. Nesse sistema, a tubulação do vaso sanitário é desviada para caixas de amianto, nos quais os coliformes fecais são transformados em adubo orgânico, pelo processo de biodigestão.

De acordo com dados da FAO/ONU, a agricultura de base familiar reúne cerca de 14 milhões de pessoas, mais de 60% do total de agricultores, e detém 75% dos estabelecimentos agrícolas no Brasil. Nessas propriedades o uso de "fossas negras" é muito comum, porém, contaminam águas subterrâneas e, obviamente, os poços de água, sendo que a probabilidade de contaminação da população rural e, sobretudo, de contração de doenças, entre elas, salmonelose, hepatite, diarréia e cólera, é considerável. Segundo dados do IBGE de 2001, apenas cerca de 12% do esgoto rural recebe algum tipo de tratamento, mas em algumas regiões, como Norte e Nordeste, esta porcentagem se reduz ainda mais, atingindo pouco mais de 5%.

A produção de adubo orgânico líquido, gerado ao término do processo de biodigestão do esgoto doméstico, é rico em macro e micronutrientes e pode ser utilizado para complementar a adubação de NPK na ordem de, aproximadamente, 4.200kg por ano. Estimando-se um preço médio de R$ 700,00 por tonelada da composição NPK, o uso do adubo orgânico líquido produzido pela fossa pode representar uma economia para o produtor em torno de R$ 3.000,00 ao ano com a aquisição de adubo.

Joanir Silva - MTb 19554 Embrapa Instrumentação Agropecuária Contato: (16) 274 2477 - jo@cnpdia.embrapa.br  

Tema: Atividades Temáticas\Instrumentação

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/