01/11/03 |

Embrapa e técnicos norte-americanos fazem experimento na região de Barreiras

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Técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de mais cinco instituições brasileiras de pesquisa e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos - USDA participarão de uma coleta de dados para um projeto de sensoreamento remoto entre os dias 30 de novembro e 10 de dezembro. O objetivo dos pesquisadores é estabelecer uma relação entre as imagens em tons de cinza geradas pelo sistema sensor AMSR (Radiômetro Imageador Avançado em Microondas), do satélite Aqua, lançado em 2001, e a umidade do solo em clima tropical brasileiro.

O pesquisador Edson Sano, líder brasileiro do projeto, explica que participarão da operação 30 técnicos, entre profissionais da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF) e da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), cientistas da USDA, da Unicamp, do Inpe, da UFRJ, do COPPE e do CPRM.

Nos 11 dias de pesquisa, os cientistas vão recolher amostras de solo. "As amostras nos dão resultados pontuais e o satélite, imagens captadas pelo Inpe, em Cachoeira Paulista, com 25 km de alcance", explica Sano. Os cientistas poderão comparar os dados para, depois de várias pesquisas, chegarem à conclusão de que tipo de imagem corresponde a que percentual de umidade de solo.

Os pesquisadores do USDA e da Embrapa, que participam do projeto por intermédio do Labex, laboratório virtual da Embrapa nos EUA, acreditam que essa função varia de acordo com o clima e com a cobertura vegetal local. Por isso, o projeto Soil Moisture Experiment - SMEX, do qual o experimento em Barreiras é uma das etapas, já estabeleceu uma função entre as imagens do AMSR e a umidade do solo em três Estados de clima temperado da federação americana no ano passado.

No Brasil, a região de Barreiras foi escolhida neste ano como área-teste de clima tropical. Em 2004, será a vez de obter uma função entre as imagens do AMSR e a umidade do solo de terrenos de clima semi-árido no Estado do Arizona (EUA) e no México.

Sano acredita que obter uma forma de estimar a umidade do solo de forma precisa, por meio de imagens de satélites, é fundamental para a produção agrícola. "Atualmente, a estimativa de umidade é baseada em dados de chuva de estações climatológicas, de forma indireta. Essas estações têm, em média, cerca de 60 km de distância uma da outra. Já o satélite tem alcance de 25 km", explica.

Ele aponta que um benefício seria a possibilidade de melhorar a previsão de safra. "Uma das coisas que mais afetam a safra é a umidade do solo, mais do que a quantidade de chuvas", avalia. Outra vantagem seria o próprio domínio tecnológico adquirido pelos cientistas brasileiros com essa experiência. "Isso nos abre possibilidades de trabalho com Tom Jackson (USDA), que é a maior autoridade no assunto no mundo, e de intercâmbio científico para treinamento de pesquisadores brasileiros, além de alunos de mestrado e doutorado no USDA.

De acordo com Sano, os dados coletados em Barreiras passarão por um pré-processamento na Nasa, que deverá durar cerca de 90 dias. O processamento será feito pela equipe de pesquisadores brasileiros, sob a coordenação da Embrapa e do USDA. Ele estima que os primeiros resultados serão obtidos seis meses depois, mas que a pesquisa toda a partir dos dados brasileiros chegarão a dois anos. Conforme o acordo feito entre a Nasa e a Agência Espacial Brasileira, todos os dados originais do SMEX em sua fase brasileira serão depositados na Embrapa.

Barreiras: um grande laboratório de sensoreamento remoto - Os onze dias de testes na região de Barreiras vão servir também para que os brasileiros tentem desvendar outros quebra-cabeças. O satélite CBERS-2, por exemplo, lançado recentemente em projeto conjunto do Brasil e da China, tem um sensor de tecnologia nacional, desenvolvido pelo INPE, que vai passar sobre a área de testes no dia 3 de dezembro.

Esse sensor mapeia áreas plantadas com diferentes culturas. Com a utilização de GPS (medições por latitude e longitude em terra), os técnicos presentes na região de Barreiras vão comparar os dados coletados com as imagens enviadas pelo satélite. "Isso será possível porque a região é grande produtora de grãos", explica Sano.

Os cientistas vão também fazer medições de temperatura do solo para estabelecer comparações com imagens enviadas pelo satélite meteorológico NOAA, lançado em 1970. A temperatura, juntamente com a umidade do solo, afeta o ciclo das águas.

Por estar instalado em dois satélites, o Aqua e o Terra, o sensor Modis capta imagens duas vezes ao dia: às 10h30 e às 13h30 (horário de Brasília), com uma resolução de 250m. De acordo com Sano, ela caracteriza melhor certos pontos mostrados pelo AMSR. Por isso, comparações também serão feitas a partir de imagens desse sensor como apoio ao projeto SMEX.

Vivian de Moraes - MTb 294.621 Embrapa Cerrados Contatos: (61) 388-9953 - vivian@cpac.embrapa.br  

Tema: A Embrapa\Cooperação Internacional

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