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Papo com Ciência discute a extinção dos herbívoros de grande porte nas Américas

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A quarta edição do Papo com Ciência, realizada às 20 horas, no dia 5 de novembro, reuniu estudantes universitários, professores e profissionais de diversos segmentos no Baís do Chopp, em Corumbá (MS). Na ocasião os participantes assistiram a uma palestra interativa intitulada "os pequenos grandes herbívoros do Pantanal e um rabo de olho na África", proferida pelo pesquisador Walfrido Moraes Tomas, onde foram abordadas as teorias da extinção desses animais das Américas.

Existem no Pantanal várias espécies de animais que se alimentam de plantas. Dentre os animais herbívoros do Pantanal, destacam-se o cervo do pantanal, os veados campeiros e mateiros, capivara, cotia, antas e roedores de pequeno porte. Segundo Walfrido também existem na África inúmeros animais herbívoros, porém nesse continente, os animais apresentam um porte muito maior, são conhecidos como megafauna. Dentre as espécies de herbívoros que habitam a África, o pesquisador chamou a atenção para a zebra, hipopótamo, girafa, camelo, os elefantes, entre outros.

Durante o evento os participante conheceram as teorias que explicam o porquê da existência de animais herbívoros de grande porte somente na África e não mais nas Américas, como já ocorreu até 12 mil anos. "Já foi provado cientificamente que existiam animais de grande porte nas Américas, pois têm sido encontrados esqueletos inteiros desses animais em nosso continente", salientou.

Uma dessas teorias é a de sobre-caça. Segundo dados dessa teoria, embasada no fato de a colonização mundial ter sido originada da África, posteriormente Europa, Ásia e, finalmente, a América. Assim, os animais da África tiveram mais condições de adaptar-se a convivência humana. "Essa teoria fundamenta-se no raciocínio de que quando os homens partiram em destino a colonização da América já estavam mais evoluídos, contavam com lanças mais afiadas, conheciam melhor o comportamento dos animais selvagens. Entretanto, os animais daqui eram inexperientes em relação ao contato com os humanos, foram presa fácil, facilmente exterminados", ressaltou.

Mas, segundo o pesquisador, essa teoria perde terreno em função das expedições arqueológicas que localizaram pinturas arqueológicas que retratam a presença humana nas Américas há mais 15 mil anos, e de indícios da presença humana no Brasil há cerca de 40 ou 50 mil anos. "Surgem então outras teorias, como a da extinção em função de uma mudança climática brusca ou de epidemias letais aos animais da mega fauna", completou o pesquisador.

Modernidade - "Acredito que esse é um tema muito relevante e atual, pois não existe uma explicação coerente e definitiva para a extinção desses animais, que pode ser a união das três teorias ou outros problemas que não podemos esclarecer. O fato é que esses animais foram extintos. Considero importante apresentar esses dados, com o objetivo de chamar a atenção para a fragilidade do meio ambiente, da importância da conservação da natureza", explicou. Para ele, a onda de extinções atual é séria e pode ser muito mais relevante do que a anterior, pois sabemos que essa é causada por seres humanos.

O pesquisador chamou a atenção para o fato de que atualmente nas Américas, o espaço físico que há 12 mil anos foi ocupado pela mega fauna herbívora, agora pertencer ao bovino. "Os bovinos podem ser considerados exemplares de mega fauna domesticada e de uso econômico. A pecuária tem modificado o ambiente ao longo do tempo e isso apresenta vantagens e desvantagens para os animais silvestres", afirmou. Walfrido exemplificou essa afirmação através da arara azul, animal beneficiado pelo material ruminado pelo gado, especialmente quando esses se alimentaram de coquinhos, como bocaiúva ou acuris. Entretanto, as araras azuis também são altamente prejudicadas em função das queimadas provocadas para dar origem a uma nova pastagem. "Cerca de 97% dos ninhos de araras azuis são feitos numa única espécie de árvore, o manduvi. Se a queimadas e desmatamentos continuarem a atingir as áreas onde existam muitos manduvis, os danos serão incalculáveis para essa espécie", ressaltou.

Os participantes aprovaram mais essa edição do Papo com ciência, que fez parte da programação de atividades da Semana do Estudante Universitário e contou com a presença de muitos alunos da UCDB e da UFMS. "Essa iniciativa da Embrapa é fantástica, pois transforma a comunicação científica num momento de descontração muito agradável e envolvente. Participei de todas as edições e sou fã número 1 desse evento. Estou curiosa para conhecer os temas que serão abordados no próximo ano", comentou a psicóloga, Nadia Pinheiro Chauvet.

Cronograma – O Papo com Ciência acontece sempre na primeira quarta-feira do mês e consolidou-se como uma opção cultural, artística e científica de lazer noturno no município. O quinto encontro, que encerrará o primeiro ciclo de edições do Papo com Ciência programados para 2003, acontecerá no dia 3 de dezembro. A palestra será ministrada pelo pesquisador Agostinho Catella, que falará sobre as oportunidades e desafios do turismo de pesca.

Christiane Rodrigues Congro (MTb 00825/SC) Embrapa Pantanal Contatos: (67) 233-2430 ramal 252 E-mail: congro@cpap.embrapa.br  

Tema: A Embrapa\Transferência de Tecnologia 

Mais informações sobre o tema
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