Foi-se o tempo em que formar um rebanho com vacas de alta produção era o caminho que o produtor de leite deveria seguir para garantir retorno financeiro com a atividade. Atualmente, com os custos de alimentação e instalações adequadas para o gado cada vez mais altos, trabalhar com vacas de médio potencial de produção e mais animais por hectare pode ser uma saída viável para se alcançar a estabilidade produtiva da fazenda. Pelo menos é o que indica a experiência argentina. No país vizinho ao sul, o método é bastante difundido e os resultados confirmam sua eficiência, com uma produtividade em torno de cinco mil litros por hectare/ano.

Um dos defensores da idéia é o coordenador do setor lácteo do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta) da Argentina, o pesquisador Eduardo Alberto Comeron. Sua proposta tem como base a redução dos custos de produção. "Vacas de maior potencial exigem uma alimentação diferenciada, cujos preços estão cada vez mais altos. Os gastos com instalações adequadas para um rebanho de elite também elevam muito as despesas", analisa.

Segundo o pesquisador argentino, trabalhar com vacas que produzem uma média de 18 a 20 litros por dia em lactação e no máximo 1,7 animaL por hectare (para as condições argentinas) garante resultados bastante satisfatórios. "Reduz-se um pouco a margem de lucro, mas reduzem-se muito os riscos. Com isso, o produtor evita as grandes oscilações e garante maior estabilidade", conclui.

Na palestra, "Produção de leite a pasto em bases sustentáveis", Comeron vai detalhar para os participantes do 5º Simpósio Sobre Sustentabilidade da Pecuária de Leite no Brasil a alternativa que vem funcionando em seu país. O evento integra o 3º Congresso Internacional do Leite, que será realizado mês que vem, na cidade mineira de Araxá.

Eduardo Comeron é engenheiro agrônomo com mestrado em fisiologia animal e doutorado em nutrição animal, títulos obtidos em universidades francesas.Congresso – O Terceiro Congresso Internacional do Leite é uma realização da Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora, Mg), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Serrana Nutrição Animal, CNPq e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, irá ocorrer de três a cinco de dezembro no Grande Hotel Tropical, em Araxá, MG.

O Congresso é um importante fórum de discussões do setor e é voltado para produtores e suas representações corporativas, lideranças políticas, representantes de organizações públicas e privadas ligadas ao setor, estudantes e profissionais da assistência técnica e extensão rural.

Para o Chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Duarte Vilela, "essa é uma rara oportunidade de reunirmos num mesmo fórum temas relacionados às políticas públicas e à tecnologia". Segundo ele, muitas políticas, para serem implementadas, necessitam de suporte tecnológico e vice-versa.

A exemplo do que ocorreu no Congresso realizado no ano passado, em Foz do Iguaçu, PR, ao final do evento será redigido um documento orientador a ser entregue às autoridades governamentais. "Pretendemos fazer uma revisão, item por item, do documento elaborado em Foz do Iguaçu. A partir daí, veremos o que foi ou não implementado e sugeriremos novas ações", afirma Vilela.

A idéia de se realizar um Congresso de porte para a cadeia produtiva do leite surgiu há quatro anos, em Goiânia, durante o Segundo Simpósio de Sustentabilidade da Pecuária de Leite no Brasil. No ano seguinte, na mesma cidade, ao Simpósio foi agregado o Workshop sobre Políticas Públicas, dando origem ao Congresso Internacional do Leite, que passou a ser itinerante.

Sem fins lucrativos (não há taxa de inscrição), o evento procura reunir o maior número de pessoas possível para se tornar cada vez mais representativo. Informações sobre o Congresso podem ser obtidas no site da Embrapa Gado de Leite (www.cnpgl.embrapa.br) ou pelo telefone (32) 3249-4753.

Rubens Neiva - Jornalista Embrapa Gado de Leite Contatos: (32) 3249-4712 / (32) 9103-8029 - neiva@cnpgl.embrapa.br