Desde que a Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS),unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 1989, importou da África casais de besouros da espécie Digitonthophagus gazella, para controlar a temida praga da mosca-dos-chifes, que o interesse dos produtores em adquirir exemplares do inseto não parou. Até hoje a procura é expressiva. Para atender essa demanda a empresa tomou providências que resultou em um convênio com a iniciativa privada visando à criação e disponibilização da espécie no mercado.

É preciso entender o porque do interesse dos produtores pelo besouro africano. A explicação é simples, diz o pesquisador Ivo Bianchin, que estudou o comportamento da espécie e constatou sua eficiência. "Eles adaptaram-se bem às nossas condições, são mais ativos que os besouros brasileiros e multiplicam-se com maior rapidez. A grande vantagem são os benefícios econômicos que proporcionam, considerados muitos e importantes", afirma.

Benefícios do besouro africano - Além impedir a proliferação da mosca-dos-chifres, o pesquisador destaca outros benefícios diretos do besouro africano, como: o aumento da fertilidade do solo, aeração e, conseqüentemente, capacidade de suporte das pastagens; destruição de larvas de vermes gastrintestinais e eliminação dos ovos da mosca que se desenvolvem nas fezes frescas dos animais.

A proliferação do D.gazella, acontece nessa época do ano, chuvosa e quente. Eles podem ser vistos em atividade nos bolos fecais que são desfeitos e enterrados. Os besouros escavam galerias no solo e carregam essa matéria orgânica. É nesse material enterrado que os besouros depositam seus ovos e se desenvolvem até a fase adulta.

Grande parte das fezes enterradas acaba sendo mineralizada em curto espaço de tempo e quantidades de nitrogênio e fósforo, presentes no material, tornam-se disponíveis às plantas, resultando em um efeito positivo na pastagem. É certo que os besouros possuem grande potencial na melhoria da produção de forragem, primeiro porque eles promovem a limpeza do pasto, aumentando a área de pastejo e segundo, que favorece o solo com os nutrientes do esterco.

Inseticidas matam os besouros e seu uso deve ser controlado - Na ânsia de livrar os animais do incômodo da mosca-dos-chifres produtores, muitas vezes, utilizam indiscriminadamente inseticidas, que por sua vez matam os besouros. O pesquisador Ivo Bianchin recomenda controle no uso desses produtos. "Somente utilizar inseticida quando os animais estiverem estressados, isto é, quando balançarem com freqüência a cabeça e a cauda", diz ele.

O uso desses produtos no período seco do ano deve ser evitado, lembra o pesquisador, que acrescenta: "A quase totalidade dos inseticidas existentes no mercado age nas fezes bovinas, eliminando, por exemplo, os besouros. Por isso deve-se usar o mínimo de inseticida nos animais, para diminuir, inclusive, a contaminação da carne e do leite e preservar o ambiente".

Como proliferar os besouros na fazenda - Ivo Bianchin, responsável técnico pelo convênio de prestação de serviço para a criação do besouro africano informa que os interessados em adquirir casais do inseto devem entrar em contato pelo telefone (67) 391-1034 ou e-mail moscadochifre@terra.com.br. A responsabilidade pela comercialização dos besouros é do técnico André Seemann. O preço de um casal é de R$ 1,50 e o atendimento de pedidos é para todo o Brasil.

O pesquisador Ivo faz a seguinte recomendação para a liberação de besouros na propriedade: Colocar cerca de cinco casais por bolo fecal fresco (máximo de dois dias); procurar colocar os besouros nas fezes onde os animais dormiram na noite anterior (malhadouro); espalhar os besouros nas fezes de animais que não receberam inseticidas ou ivermectin nos últimos 40 dias. Ele lembra também que o besouro se espalha naturalmente, não existindo a necessidade de libera-lo em todas as invernadas.

Eliana Cezar Silveira - DRT 15.410/SP Embrapa Gado de Corte Contatos: (67 368-2142) e 368-2023 - eliana@cnpgc.embrapa.br