"Rondônia possui aptidão leiteira e a produção orgânica é uma das alternativas viáveis para agregarmos valor aos nossos produtos". O pesquisador da Unidade da Embrapa no Estado (localizada em Porto Velho/RO) João Paulo Guimarães Soares aposta no potencial da Amazônia para divulgar o projeto "Produção Orgânica de Leite", desenvolvido em âmbito nacional pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A íntegra do projeto foi apresentado nessa quinta-feira, 04, a 60 agricultores familiares de Rondônia durante a "1ª Exposição de Leite e Derivados" a "1ª Expoleite".

Segundo ele, o potencial da região contribui de forma decisiva para a implantação de alternativas de substituição das práticas tradicionais da agricultura itinerante, fundamentada em ações de derruba e queima e controle de pragas e doenças através de defensivos químicos.

A Amazônia oferece pastagens verdes praticamente o ano inteiro, pela alta incidência de chuvas. De acordo com o pesquisador, a sustentabilidade da pecuária orgânica deve ser fundamentada na implantação de sistemas agrosilvipastoris, que conciliam pastagens, atividades agropecuárias e florestas. "A alternativa substitui a abertura de novas áreas para exploração e possibilita a recuperação de terrenos degradados", explica.

Para Soares, a mudança na consciência dos produtores é essencial para a redução das taxas de desmatamento na Amazônia, estipuladas em 18 milhões de hectares em maio de 2003, conforme levantamento divulgado pelo "Jornal do Brasil", o que corresponde a uma área maior que o estado de Sergipe.

Potencial - Rondônia detém a maior produção de leite da região Norte. De acordo com informações da Secretaria de Estado da Agricultura, Produção e do Desenvolvimento Econômico e Social (Seapes), são produzidos 483 milhões de litros de leite ao ano ou 1,5 milhões de litros ao dia em Rondônia.

Para pequenos e médios produtores, na visão do especialista, a produção orgânica do produto pode ser um instrumento para atenuar o impacto sobre a floresta e otimizar a produção leiteira. "Rondônia, apesar de ser reconhecida como a 'bacia leiteira da Amazônia', possui uma produtividade abaixo da média nacional. Somos responsáveis por apenas 6% da produção brasileira e podemos reverter essa situação", apresenta.

A baixa tecnologia utilizada pelos produtores aliada à carência de suporte técnico são as principais causas para esse subdesenvolvimento. "A industrialização precisa ser incentivada. Não temos, por exemplo, nenhuma indústria que produza o leite em pó", antecipa João Paulo. "A produção orgânica de leite pode ser uma alternativa para explorarmos o potencial do Estado.

A Embrapa possui tecnologias para isso", completa o pesquisador. A aceitação entre produtores foi positiva. "Não adianta cultivar vários produtos e o preço continuar lá em baixo. Devemos buscar qualidade e não quantidade", analisa Valdir de Freitas Viana, produtor rural de um distrito da capital do Estado que consorcia pastagens e urucum. "

As alternativas de produção orgânica são excelentes, mas precisamos de infra-estrutura em primeiro lugar", pondera o agricultor Valdomiro de Lima, se referindo à necessidade de reforma das estradas vicinais do Estado.

A "1ª Expoleite" está sendo promovida até o próximo domingo, 07, pelo Sebrae, Governo do Estado e entidades que investem na melhoria da qualidade e produtividade do leite, como Embrapa Rondônia, Emater/RO e Seapes. A entrada é um quilo de alimento não perecível. Mais informações podem ser obtidas através da assessoria de comunicação social da Embrapa Rondônia pelo telefone (69) 225-9387 ou pelo e- mail gferreiraviana@bol.com.br .

Guilherme Ferreira Viana - MTb 06566 JP/MG Embrapa Rondônia Contatos: (69) 225-9387/222-0014 (ramal 6530) - gfviana@cpafro.embrapa.br