01/12/03 |

Estudo mostra necessidade de racionalização do uso da água para irrigação no DF

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A partir de imagens de satélite, pesquisadores da Embrapa Cerrados conduziram um estudo sobre a demanda de água para irrigação no Distrito Federal. A pesquisa mostra que o número de pivôs centrais saltou de 55 para 104 entre 1992 e 2002. A água utilizada por esses equipamentos durante a década pesquisada aumentou cerca de 75%. No mesmo período, o consumo para o abastecimento dos habitantes do Distrito Federal cresceu cerca de 30%. A Embrapa Cerrados é uma das unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Os pivôs centrais foram identificados por meio de imagens do satélite Landsat. Nessas imagens, eles são mostrados como círculos perfeitos, o que facilita a identificação desses equipamentos.

Em 1992, a área irrigada do Distrito Federal era de 3.894 hectares. Esse número aumentou para 6.823 hectares em 2002. Baseados na literatura científica sobre a quantidade de água necessária para o suprimento das principais culturas irrigadas da região (feijão, trigo, cevada e milho), os pesquisadores fizeram outra constatação. Eles estimaram que, no mesmo período, o volume de água consumida pelos pivôs centrais cresceu de 23,36 milhões de metros cúbicos ao ano para 40,94 milhões de metros cúbicos ao ano, o que significa um incremento de 75,3%.

Durante o período estudado, o consumo humano anual passou de 131,85 milhões de metros cúbicos para 172,62 milhões de metros cúbicos, o que corresponde a um aumento de 30,9% (estimativa dos pesquisadores com base em dados da Companhia de Saneamento do Distrito Federal - Caesb). O estudo mostra que, embora, em volume, o consumo dos cidadãos seja maior, o da irrigação cresce em ritmo muito mais acelerado. A população do DF variou de 1.639.035 em 1992 para 2.145.839 em 2002, o que corresponde a aproximadamente 30% no período.

Os pivôs centrais do Distrito Federal concentram-se na Bacia do Rio Preto, na região leste da unidade federativa, uma de suas principais áreas agrícolas. Condições de relevo, solo e disponibilidade hídrica contribuem para o fato. Nessa bacia a irrigação já é, de acordo com os pesquisadores, o principal usuário dos recursos hídricos.

Perspectivas - O estudo da Embrapa Cerrados indica que se as taxas de crescimento do consumo de água utilizada na agricultura e no meio urbano se mantiverem equivalentes às do período estudado, o setor de agricultura irrigada poderá se tornar o principal usuário desse recurso natural no DF em cerca de 30 anos.

O pesquisador Jorge Enoch Furquim Werneck Lima aponta que, além da própria instalação de novos pivôs centrais, a falta de manutenção nos equipamentos e o manejo incorreto de irrigação também contribuem para o aumento do consumo de água destinada à irrigação.

"É comum vermos produtores irrigando sem necessidade, às vezes até na chuva". Ele explica que, além de causar desperdício, o mau manejo de irrigação traz problemas de produtividade. "É importante que haja a racionalização do uso da água para a agricultura irrigada", defende o pesquisador. Ele lembra que o DF tem bacias pequenas, sem grandes rios, o que aumenta o potencial de conflitos. No caso da Bacia do Rio Preto, o uso já é intensivo e, na estiagem, já pode faltar água para o abastecimento de todos os produtores irrigantes.

  Vivian de Moraes - MTb 294.621 Embrapa Cerrados Contatos: (61) 388-9953 - vivian@cpac.embrapa.br  

Tema: Ecossistema\Cerrados 

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