"Precisamos de uma revolução na agricultura que focalize o aumento da produção por unidade de água. Mais comida a partir da utilização de menos água, com sustentabilidade", afirmou o Diretor-Geral do Instituto Internacional de Manejo de Água (IWMI) e Presidente do Comitê Diretivo do Programa Desafio em Água e Alimento, Frank Rijsberman, em visita à Embrapa Sede na manhã de hoje, para discutir as bases do Programa e o papel da Embrapa no projeto de recuperação da Bacia do São Francisco. Segundo Frank, a Embrapa tem uma importante contribuição nesse sentido, graças à ampla base tecnológica que possui e a necessidade de compartilhar esses conhecimentos com outros países. "O tema Água e Alimento deve ser tratado com prioridade para atender as necessidades da Bacia do São Francisco e, principalmente, da região do Semi-Árido brasileiro. A previsão é que o trabalho no Brasil dure de 10 a 15 anos", informou.A escolha do Rio São Francisco como alvo dos trabalhos do Programa na América Latina foi baseada em estudos da Embrapa que mostram que a água do rio é utilizada de modo intenso, agrega vários conflitos de interesse e uma boa carga de alteração ambiental. Segundo o Chefe da Superintendência de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa, Geraldo Eugênio, o São Francisco é visado para fins de geração de energia, agricultura e subsistência humana. "Hoje temos pontos a serem resolvidos, como o desmatamento das margens, o não-tratamento de esgotos das cidades ribeirinhas e redução do estoque de peixes. Iremos trabalhar neste projeto, em parceria com várias instituições, como a Agência Nacional das Águas (ANA) e a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), de forma que possamos contribuir na geração e transferência de tecnologia, não só no São Francisco também em bacias da África e da Ásia", completou.

A Embrapa, em conjunto com o Programa e instituições parceiras, formulou projetos de conservação e está planejando uma série de seminários voltados para a comunidade do São Francisco, para que as ações tenham efetivo apoio. Entre os projetos da Embrapa na Bacia do São Francisco, destacam-se o de desenvolvimento de cereais e leguminosas para sistemas de cultivos sustentável, para a segurança alimentar e o bem-estar das comunidades da região; o de incremento da produtividade de uso de água em ambientes agrícolas e o de modelagem de manejo e uso de água para fins agrícolas na Bacia do Paracatu.

O Programa abrange nove bacias hidrográficas em vários regiões do mundo (Nilo, Indo-Gangético, Mekong, Limpopo, Volta, Rio Amarelo, Karkheh, Andes e São Francisco) e tem como objetivo o uso racional da água na produção de alimentos, para alívio da pobreza, garantia da segurança alimentar, prevenção de enfermidades e preservação ambiental. O Comitê Diretor do Programa é formado por um consórcio de 19 instituições nacionais e internacionais - no caso da bacia do São Francisco, a coordenação dos trabalhos está sob a responsabilidade da Embrapa. Dentre quatro projetos aprovados que envolvem a bacia do São Francisco, um é coordenado pelo IWMI, incluindo mais duas bacias. Os outros três, envolvendo apenas o São Francisco, são coordenados por instituições brasileiras, sendo dois pela Embrapa e um pela Universidade Federal de Viçosa. O montante aprovado para a bacia no primeiro edital do Programa é de U$5,9 milhões, dos quais aproximadamente U$ 2,6 milhões são recursos externos.

O Diretor-Geral do IWMI veio ao Brasil para participar da quarta reunião do Comitê Diretor e da Equipe Gestora do Programa, que será realizado em Salvador (BA), de 27 de março a 2 de abril, e das comemorações do Dia Internacional da Água. Acompanhado do Coordenador para fundos competitivos e Coordenador Interino do Programa, Jonathan Woolley, e da Coordenadora de Comunicação do Instituto Internacional de Manejo de Água, Sanjini de Silva Dias, ele visitou também a Embrapa Cerrados. Ainda hoje (25/03) a Comitiva vai estar na Agência Nacional de Águas (ANA) e na Companhia de Desenvolvimento do Vale de São Francisco (Codevasf). Amanhã (26/03), Frank Rijsberman estará disponível para coletiva com a imprensa na sede da Embrapa, de 11 às 13 horas.

Além da Embrapa e do IWMI, estão envolvidas nos projetos da bacia do São Francisco a Universidade Federal de Viçosa, Empresa de Assistência e Extensão Rural de Minas Gerais (EMATER-MG), Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Distrito de Irrigação do Gorutuba, Companhia de Desenvolvimento do Vale de São Francisco (CODEVASF), Agência Nacional de Águas (ANA) e FAPED, CIAT e IRD (França).

Jornalista: Flávia Bessa (MTb 4469/014) Assessoria de Comunicação da Embrapa Contato: (61) 448 4039 Correio eletrônico: flavia.bessa@embrapa.br