A viabilidade do plantio de grãos na região de Porto Velho – área em que a pecuária assume a principal atividade agrícola entre produtores rurais – está sendo comprovada com produtividades que atingem mais de 60 sacas / hectare de arroz. Em dia de campo realizado no último sábado, 27 de março, na fazenda Alexandria, o proprietário João do Vale Neto, presidente da Associação dos Produtores Rurais de Porto Velho (Aspro), enfatizou que uma região considerada de terras inférteis para a agricultura pode revelar produtividades altamente viáveis de diversas culturas. "A agropecuária é a possibilidade mais concreta de geração de emprego e renda para a população do município", disse.

Para João do Vale, a pesquisa desenvolvida pela Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é determinante para o desenvolvimento do setor. "Devemos saber como aproveitar essa tecnologia. É necessária a integração entre órgãos do governo do Estado e o pequeno produtor. Fazendo de forma correta, com a orientação da Embrapa, a região de Porto Velho produz muito bem", afirmou. O pesquisador da Embrapa Rondônia na Área de Melhoramento Vegetal André Rostand Ramalho, um dos palestrantes do dia de campo, deu ênfase à questão.

"Estamos quebrando esse paradigma de que não é possível plantar grãos em Porto Velho. Os solos são bastante ácidos, mas perfeitamente corrigíveis", disse. Segundo ele, políticas de incentivo poderiam contribuir na redução do valor do frete cobrado pelo transporte do calcário, originário do interior de Rondônia. Na propriedade foram plantados 239 hectares de arroz da variedade "Primavera", desenvolvida pela Embrapa em 1997, em áreas ocupadas até então por pastagens. A "princesa dos cerrados", como é conhecida, mostrou excelente adaptabilidade à região e, segundo o pesquisador, pode alcançar produtividades de até 65 sacas / hectare na próxima safra, tornando-se alternativa para a recuperação de áreas degradadas.

André Ramalho mostrou aos produtores as características de duas variedades recém-lançadas pela Embrapa: a "Talento" e a "Soberana", indicadas também para a rotação de culturas. O pesquisador ainda citou a função social que a agricultura pode exercer. "Mil hectares de arroz podem gerar 34 empregos diretos e até 52 indiretos. Essa é a possibilidade de desenvolvimento que a atividade pode oferecer ao município". O dia de campo foi realizado pelo grupo "Agromotores" e pela "Agropecuária Vale do Jamari" e contou com a participação da superintendência regional do Banco do Brasil.

Guilherme Ferreira Viana (MTb/MG 06566 JP) Embrapa Rondônia Contato: (69) 225-9387 - Fax: (69) 222-0409 Correio eletrônico: gfviana@cpafro.embrapa.br