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Papo com Ciência reúne interessados em Piscicultura

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Aconteceu nessa quarta-feira, 3 de março, no Baís do Chopp, em Corumbá (MS), a primeira edição de 2004 do Papo com Ciência, que abordou o tema Piscicultura no Pantanal Sul, através de palestra proferida pelo pesquisador Marco Aurélio Rotta. O evento foi realizado pela Embrapa Pantanal (Corumbá, MS), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e reuniu cerca de 50 pessoas interessadas no tema.

Na ocasião o pesquisador falou sobre o panorama mundial e nacional da piscicultura e enfatizou as vantagens e desvantagens da piscicultura no Pantanal, além de abordar aspectos relacionados ao cultivo de peixes em tanques-rede na região. "A piscicultura caracteriza-se pela criação de peixes em recintos fechados, que podem estar localizados tanto na terra quanto dentro da água, assim temos respectivamente os cultivos em viveiros de terra ou em tanques-rede ou gaiolas", explicou Rotta.

Segundo dados apresentados pelo pesquisador, no Brasil o consumo per capita anual de pescado corresponde a apenas 6,9 quilos por habitante. Em outros países como, por exemplo, o Japão esse número salta para 71,9 quilos ano por habitante, já em Portugal o índice é de 60,2 e na Noruega o valor corresponde a 41,1 quilos por ano, por habitante. "Esses números, aliados ao fato do pescado no Brasil ocupar o quarto lugar no consumo entre as carnes, perdendo para a carne bovina, de frango e suína, mostram o quanto o potencial da piscicultura ainda tem a se desenvolver", salientou o pesquisador da Embrapa Pantanal.

Os participantes do Papo com Ciência também conheceram os índices de crescimento da produção de pescado no Estado, que saltou de 1.600 toneladas em 1998, para 2.500 toneladas no ano passado, um aumento de 156%. De acordo com o pesquisador, cerca de 70% da produção estadual de pescado é vendida para pesque-pagues de São Paulo, sendo que as principais espécies comercializadas são pacu, tambaqui, pintado e tilápia.

"Mato Grosso do Sul tem um enorme potencial para o desenvolvimento da piscicultura, pois configura-se como uma importante alternativa de produção animal. Observa-se um aumento crescente da demanda e esta pode influenciar diretamente na diminuição da pesca extrativa, como também representar uma fonte de renda alternativa para os pescadores profissionais na época do defeso. Além disso, o Estado apresenta alto potencial hidrográfico e clima favorável", explicou Rotta que chamou a atenção para questões relacionadas a estruturação da cadeia produtiva, que ele considera fundamental para o sucesso da produção regional.

Dentre as vantagens apresentadas em relação a produção de peixes por meio de tanques-rede no Pantanal, Rotta ressaltou a possibilidade de utilização de corpos d'água já existentes, implicando em menor investimento inicial (60-70% dos viveiros), manejo simplificado, rápido retorno do investimento, inexistência de peixes com gosto de barro, criação de diferentes espécies no mesmo ambiente, produção de proteína animal de ótima qualidade, além da geração de empregos e incremento da renda da comunidade.

Quanto às desvantagens, ele revelou que a produção de peixes em tanques-rede apresenta necessidade de fluxo constante de água, pode ocorrer rompimento da tela ou rede, existe a dependência total de ração, que é cara, além de possibilidade de impactos ao ambiente, através de introdução de espécies exóticas, de doenças e alterações na qualidade da água. Adicionalmente a mão-de-obra requer maior nível de especialização. Os tanques-rede também apresentam grande suscetibilidade a furtos e vandalismo.

Para o pesquisador, a produção em tanques-rede no Pantanal Sul pode gerar alguns problemas como: degradação da beleza cênica, dificuldades em relação a navegabilidade das embarcações, alteração dos fluxo das correntes e aumento dos sólidos em suspensão, em função dos excretas e restos de ração produzidas nos viveiros. "No Pantanal, o fenômeno natural da dequada, que consiste numa diminuição expressiva da quantidade de oxigênio acompanhada de um aumento do gás carbônico na água, causando a morte de muitos peixes e que ocorre geralmente na fase de enchente, também deve ser levado em consideração. Durante esse período os produtores necessitariam consorciar o cultivo em viveiros de terra ou, então, teriam que vender toda a produção. Neste caso, a quantidade de pescado ofertado aumentaria significativamente, o que implicaria numa queda de preços, tornando a piscicultura no Pantanal inviável sob os aspectos financeiros", concluiu Marco Aurélio Rotta.

A segunda edição do evento, acontecerá no dia 7 de abril e contará com a participação da professora da UCDB, Maria Helena da Silva Andrade, que irá falar sobre Turismo de Natureza.

Christiane Rodrigues Congro MTB 00825/SC Embrapa Pantanal Contatos: (67) 233-2430 (ramal 252) - congro@cpap.embrapa.br  

Tema: Ecossistema\Pantanal 

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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