01/03/04 |

Manejo integrado é alternativa para controle das cigarrinhas das pastagens

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Dos 4,5 milhões de hectares de pastagens em Rondônia, estima-se que até um milhão estejam infectados por uma das pragas mais agressivas em gramíneas: as cigarrinhas-das-pastagens, insetos que sugam a seiva das folhas e injetam toxinas, provocando intoxicação nas plantas e interrompendo o processo vegetativo.

Além de agredir pastagens, a praga também ataca o arroz, o milho e a cana-de-açúcar. Os sintomas evoluem desde a secagem das folhas, fase caracterizada por manchas amareladas, até o desequilíbrio hídrico e esgotamento das reservas orgânicas da planta, provocando quedas significativas na produção e na qualidade da forragem. O gado sente os reflexos imediatamente, perdendo peso e diminuindo a produção de leite.  

Um dos capins mais utilizados em pastagens no Estado, o 'brachiarão', vem perdendo a batalha contra o avanço das cigarrinhas. Sua resistência ao ataque da praga foi vencido há mais de uma década. "O inseto não tem muita opção, já que 90% das pastagens são formadas por esse capim. Temos registrados ataques sucessivos nesse cultivar", explica o pesquisador Newton de Lucena Costa, da área de manejo de pastagens da Embrapa Rondônia.

Fatores como estresse do solo provocado pela formação de monoculturas e sua constante degradação são apontados por pesquisadores como uma das causas mais prováveis pela perda de resistência do capim. Outro fator que explica a alta incidência das cigarrinhas é o desmatamento, já que a diminuição da área formada por florestas diminui consideravelmente as barreiras naturais para controlar o avanço do inseto. Na região Norte, alia-se a essa causa as condições climáticas favoráveis, como umidade e temperaturas elevadas.

Ações - Órgãos agropecuários de Rondônia, como a Secretaria de Estado da Agricultura, Produção e do Desenvolvimento Econômico Social, Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril, Emater, Prefeitura Municipal de Pimenta Bueno, Delegacia Federal de Agricultura e Embrapa Rondônia vêm estudando a implantação de um programa fitossanitário.

No final do último mês, foi realizado o "1º Encontro Técnico sobre Cigarrinhas das Pastagens", no município de Pimenta Bueno. Nessa vertente, Newton de Lucena Costa antecipa que a Embrapa Rondônia (Porto Velho,RO), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, possui trabalhos de controle biológico para impedir o avanço da praga desde 1975, época de sua fundação.

"A Embrapa possui um conjunto de informações técnicas que podem ajudar o produtor rural", enfatiza. Para isso, segundo Lucena, o produtor deve conciliar o controle biológico - usando inimigos naturais - ao controle cultural, como a diversificação das espécies plantadas e a realização de práticas de manejo adequadas.

Combate deve aliar métodos diversificados - O combate ao inseto parte do levantamento do número populacional das cigarrinhas – realizado a partir de orientação de técnicos – e a implantação do "manejo integrado de pragas". O levantamento do número de ninfas é indispensável nesse aspecto: o controle biológico deve ser feito antes da cigarrinha chegar à sua fase adulta, fase na qual a planta já foi atingida em sua totalidade.

"Como as ninfas são mais suscetíveis à ação do fungo, sua aplicação deve coincidir com as maiores populações destas, que se dá entre a segunda e terceira gerações. Sua ação se torna mais eficiente em pastagens que apresentem 25 a 40 centímetros de altura, o que evita a ação indesejável da radiação ultravioleta", completa.

Quando bem utilizado, de acordo com Lucena, a eficácia pode chegar a até 60%. O fungo Metarhizium anisopliae é multiplicado em laboratório, dissolvido em água e pulverizado nas pastagens. "Elevada umidade, seguida de veranicos e temperatura na faixa de 25 a 27º C, são indispensáveis para obtenção de bons resultados", explica o pesquisador.

Aliada a um correto manejo, com subdivisão de pastos e controle da pressão de pastejo, além da realização da correção e adubação dos solos, o manejo integrado de pragas pode ser a única alternativa para a extinção do problema, já que o controle químico representa altos investimentos pelas grandes áreas formadas, além do risco ambiental que representa.

Guilherme Ferreira Viana (MTb/MG 06566 JP) Embrapa Rondônia Contatos: (69) 225-9387 - gfviana@cpafro.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Pecuária e Pastagens\Pastagem 

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