A Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, encaminhou para a destinação final 2,5 toneladas de resíduos (sólidos e líquidos) gerados pela unidade, resultado de pesquisas nos laboratórios e campos experimentais. O recolhimento, realizado no dia 19 de março, na sede da unidade, contou com o trabalho de uma empresa especializada neste tipo de procedimento em gestão ambiental.

O "Projeto Resíduo Zero" foi implantado na Embrapa Trigo no ano 2000, com o objetivo de estabelecer uma política de coleta, manipulação, armazenamento e destino final (reciclagem ou eliminação) para os resíduos produzidos nos diferentes setores da unidade. Uma equipe de empregados foi treinada para desenvolver o projeto, na correta separação e deposição dos resíduos. No processo, papéis e vidros são destinados para a reciclagem; o lixo comum é encaminhado ao aterro sanitário municipal; o lixo orgânico é depositado em aterro interno na unidade; as embalagens vazias de agroquímicos, após a tríplice lavagem, são enviadas para a Usina Regional de Reciclagem de Embalagens de Agrotóxicos; as lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias são direcionadas para eliminação em empresas credenciadas. O problema maior da Embrapa Trigo estava na destinação de restos de óleos e graxas, coletados em caixa separadora, restos de agroquímicos com validade vencida, assim como os resíduos de laboratórios que são coletados, identificados e armazenados em recipientes e locais apropriados. "Não existe empresa credenciada para receber este tipo de resíduo no Rio Grande do Sul, então foi preciso atender uma série de preceitos burocráticos e levantar recursos para encaminhar o material para outro estado", explica o coordenador do projeto, João Carlos Ignaczak.

No final do ano passado, a Embrapa Trigo obteve a licença da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM/RS) para o transporte dos resíduos que estão armazenados na unidade. Uma segunda autorização foi viabilizada junto a Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente (FEEMA/RJ) para que a empresa Tribel S/A possa receber e eliminar estes resíduos. O volume total encaminhado é de 2,5 toneladas de resíduos de laboratório (ácidos, base e sais mineirais) e resíduos de agroquímicos (inseticidas, fungicidas e herbicidas).

A correta promoção de um destino adequado ao resíduos está prevista no Código Estadual no Meio Ambiente: 'Compete ao gerador a responsabilidade pelos resíduos produzidos, compreendendo as etapas de acondicionamento, coleta, tratamento e destinação final' (Art. 218). Conforme o pesquisador Ignaczak, da Embrapa Trigo, preservar os recursos naturais da contaminação industrial é obrigação de todas as empresas, passível de multa pelos órgãos ambientais. Contudo, o pesquisador lamenta que ainda não exista uma fiscalização rigorosa, o que deixa muitos poluidores na ilegalidade. "Investimos na liberação, transporte e eliminação dos resíduos um valor em torno de R$ 7 por quilos de resíduo. Muito mais do que a natureza, vale a pena também pelo ambiente de trabalho limpo, seguro, livre da contaminação. Esperamos que nossa iniciativa sirva de exemplo para as demais empresas da região", conclui João Carlos Ignaczak.

Nas metas futuras do Projeto Resíduo Zero, estão a ampliação da capacidade de armazenamento dos resíduos embalados, a instalação de rede de esgoto na unidade e uma estrutura receptora da água da lavagem de tanques pulverizadores. A Embrapa Trigo avalia, ainda, uma proposta de atuação conjunta com as demais unidades da Embrapa no RS para destinação dos resíduos gerados pela pesquisa agropecuária de forma a baratear custos e otimizar o processo de gerenciamento ambiental na empresa.

Joseani M. Antunes (MTb 9693/RS) Embrapa Trigo Contato: (54)311.3444, fax (54) 311.3617 E-mail: joseani@cnpt.embrapa.br