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Embrapa lança núcleo de pesquisa em piscicultura

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A Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS) lançou recentemente o Núcleo de Pesquisa em Piscicultura. Peça fundamental na geração de tecnologias, o núcleo vai entrar em operação até o final do semestre deste ano com um objetivo claro: fortalecer a cadeia produtiva do peixe em Mato Grosso do Sul, através da geração de tecnologias para o setor.

Hoje, a piscicultura sul-matogrossense produz entre 1,6 e 2,7 mil toneladas de peixes por ano. Segundo o Chefe-Geral , Mário Artemio Urchei, "a Embrapa Agropecuária Oeste assumiu o compromisso de implantar o Núcleo da piscicultura em Dourados, a partir das demandas apresentadas pelo setor e encaminhadas por intermédio da Câmara Setorial da Pesca de Mato Grosso do Sul".

A expectativa da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República (Seap/PR) é que, em cinco anos, este volume tenha ultrapassado a marca das 10 mil toneladas anuais. Daí, a importância de investir maciçamente em pesquisa e geração de tecnologia para os piscicultores.

Ao todo, o núcleo deve consumir R$ 450 mil , dos quais a maior parte será aplicada na adequação da estrutura física (construção de tanques e laboratórios) da Embrapa Agropecuária Oeste, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), em Dourados, MS, onde vai funcionar.

Fruto de uma parceria entre a Embrapa Agropecuária Oeste, Embrapa Pantanal (Corumbá, MS), Embrapa Gado de Corte (Juiz de Fora, MG), Governo do Estado, Seap/PR, universidades e dos produtores e empresários ligados à cadeia produtiva do peixe, o Núcleo de Pesquisa da Piscicultura nasce para preencher algumas lacunas tecnológicas em um setor produtivo que tem crescido substancialmente nos últimos anos graças à rentabilidade oferecida aos produtores e a um vasto mercado consumidor ainda longe da estagnação.

"O Mato Grosso do Sul tem um grande potencial: clima propício, muita água e uma série de fatores que podem torná-lo uma referência internacional na área da piscicultura e o Núcleo de Pesquisa da Piscicultura nasce com este propósito", explica o pesquisador Renato Roscoe, chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agropecuária Oeste.

Coordenando esforços – O pesquisador explica que o novo núcleo não terá o papel de concentrar todo o esforço de geração de novas tecnologias em um só lugar. Além de desenvolver pesquisas em linhas específicas (projetos de pesquisa científica e tecnológica com enfoque em melhoramento genético, controle sanitário, reprodução, larvicultura, engorda e beneficiamento de espécies nativas e exóticas), o núcleo servirá para coordenar e articular pesquisas que estão sendo produzidas hoje de maneira isolada no Estado.

Além de racionalizar investimentos e otimizar resultados, o Núcleo de Pesquisa da Piscicultura promete diminuir a distância entre o pesquisador e o consumidor final da tecnologia. Em outras palavras, o núcleo pretende diminuir o tempo entre a geração das novas tecnologias e o tanque do produtor.

"Isso acontece porque este núcleo surge já com demandas produtivas muito concretas e bastante envolvimento dos piscicultores, que estarão trabalhando em conjunto com os pesquisadores", explica Renato Roscoe.

Crescimento da atividade – A piscicultura já está presente no Mato Grosso do Sul desde o início dos anos 80, mas ela só ganhou força mesmo no final da década passada. O núcleo, que será lançado na terça-feira, está inserido em um contexto muito mais amplo – o mesmo que provocou a abertura de frigoríficos de filetagem da carne de peixe em Itaporã, já em operação, e Mundo Novo (em construção). Hoje, grandes grupos do agronegócio começam a investir no setor e há políticas públicas específicas para transformar a piscicultura em uma alternativa de consolidação da agricultura familiar – em especial, os assentamentos da reforma agrária.

Para entender por que a piscicultura se transformou na menina dos olhos do setor produtivo é preciso olhar para fatores que estão dentro e fora do Brasil. Internamente, há uma disposição do poder público em diminuir a pesca extrativa, cujo impacto no meio ambiente é grande e que resultou na diminuição significativa dos estoques de peixes nos rios do país. Um exemplo desta disposição está no conteúdo das leis ambientais (federal e dos estados), que impõe restrições severas à quantidade de peixe que pode ser capturada nos rios.

No cenário mundial, há um esgotamento da capacidade da pesca nos oceanos, apesar do crescimento da demanda por alimentos de origem aquática. A FAO (órgão das Nações Unidas para a alimentação) já apontou esta realidade em seus relatórios.

Segundo o organismo internacional, a captura anual de 100 milhões de toneladas de peixe nos oceanos representa o limite da atividade e a piscicultura é o setor capaz de viabilizar a equação oferta/demanda de peixes.

Amplos mercados – Este horizonte mercadológico, somado à necessidade de diminuir a pressão sobre o meio ambiente, é, segundo o pesquisador Flávio Nascimento, da Embrapa Pantanal, uma das explicações para o desenvolvimento da piscicultura.

"Atualmente o governo brasileiro gasta mais de US$ 350 milhões/ano, com a importação de mais de 50% do pescado consumido no país em decorrência da diminuição da captura pesqueira de 1,2 milhão para apenas 600.000 toneladas.

Conseqüentemente, a piscicultura vem ocupando um espaço cada vez maior no cenário mundial e também no Brasil, como a alternativa mais viável para suprir essa demanda", explica o pesquisador, que está diretamente envolvido com o projeto do núcleo de pesquisa.

Suelma Bonatto Embrapa Agropecuária Oeste Contatos: (67) 425-5122 - sulema@cpao.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Pequenos Animais\Peixes 

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