01/04/04 |

Discurso do Diretor-Presidente Clayton Campanhola nos 31 anos da Embrapa

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É uma enorme satisfação compartilhar com todos os presentes a alegria das comemorações do 31º aniversário desta empresa, criada com o compromisso de contribuir para a construção de um Brasil soberano.

A história da Embrapa confunde-se com a de um país que bate recordes de produção e de produtividade na agropecuária. Que incorpora e gera avanços científicos e tecnológicos capazes de mover sua economia. Que se projeta, com segurança e de forma competitiva, no cenário internacional.

A trajetória da Embrapa é a mesma de um País que assume pactos com a sociedade. De gerar riquezas conservando o ambiente. De garantir a segurança alimentar da população. De assegurar a qualidade do produto final ofertado. De levar o conhecimento aos mais diversos segmentos produtivos. Enfim de criar condições de progresso e desenvolvimento para todos os brasileiros, sem distinção.

Honra-nos contribuir para o cumprimento desse compromisso. Em 2003, disponibilizamos para os produtores rurais 85 novos tipos de plantas (as chamadas cultivares), um aumento de 54% em relação ao ano anterior. Foram licenciadas 463 mil toneladas de sementes Embrapa, com um crescimento de 25% no número de contratos e de 14% no recurso arrecadado. Além disso, duas patentes internacionais foram concedidas à empresa em 2003.

Novas conquistas foram importantes, dentro e fora de nossas fronteiras, a exemplo do nascimento de mais um animal clonado, a bezerra vitoriosa da Embrapa, o que põe o Brasil e a Embrapa entre os líderes mundiais em reprodução animal.

É também motivo de orgulho a Embrapa ser lembrada pelo Presidente Lula como uma das principais instituições de sua política externa. Reforçamos nossas ações em regiões tradicionais, e ampliamos a atuação na África e na América Latina, com ênfase nos países fronteiriços de língua portuguesa, cumprindo o papel que se espera da principal instituição de pesquisa agropecuária entre os países do Hemisfério Sul. Ênfase tem sido dada também ao contato com a Ásia, onde a Embrapa incrementará as iniciativas de cooperação, envolvendo intercâmbio de especialistas e condução de projetos conjuntos com vários países.

A pesquisa vive de desafios e de demandas reais.

Os desafios projetam décadas à frente, permitindo delinear cenários para o futuro da agropecuária. Para enfrentá-los, temos investido em áreas como: biotecnologia, biossegurança, zoneamento agroclimático, e estudos de oportunidades de mercado.

Algumas áreas, contudo, demandam ações imediatas e a Embrapa deve estar pronta para responder no curto e médio prazo.

A contribuição da pesquisa agropecuária na produção de matéria-prima para a matriz energética nacional, por exemplo, incluirá estudos com culturas oleaginosas e com a cana-de-açúcar, através da inserção definitiva da Embrapa nessa importante cadeia produtiva para o Brasil presente.

O ótimo desempenho do agronegócio na balança comercial brasileira, nos últimos anos, é resultado do aumento das exportações de grãos, carnes e produtos derivados. É preciso, entretanto, nos precaver quanto aos danos que podem ser causados às economias de países produtores pelas enfermidades, cada dia mais agressivas. Os casos do mal-da-vaca-louca, inicialmente na Inglaterra, e da gripe do frango, em vários países, são um alerta para instituições como a Embrapa. A nossa participação nas ações relativas à sanidade animal, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, exemplificam a contribuição da Embrapa para a cadeia produtiva da carne.

Outros segmentos têm demandado a presença da Embrapa. Entre eles podemos citar a aqüicultura, com ênfase na produção de camarões da Região Nordeste e na piscicultura das águas interioranas do país.

Área também importante é o manejo e o cultivo florestal. A madeira e seus derivados representam umas das principais fontes de divisas para a economia nacional. Observa-se um aumento no cultivo de espécies florestais, da Amazônia ao sul do país. Contudo, o uso dos milhões de hectares já alterados na Amazônia é tema prioritário para a Embrapa.

Desenvolver e prover tecnologias para o uso racional destas terras, incluindo práticas de manejo florestal, agrícola e animal, permitirão reduzir ou mesmo eliminar a necessidade de novas áreas para a expansão do agronegócio neste bioma.

Em resposta às demandas apresentadas à Embrapa, algumas decisões foram tomadas. Uma delas foi no sentido de aperfeiçoar o processo, implantado em 1996, de seleção de chefes dos 37 centros de pesquisa distribuídos pelo país. O sistema permite à Embrapa contar com profissionais altamente qualificados cientificamente e com perfil adequado ao exercício da função gerencial. É importante também salientar que nesse processo foram selecionadas seis mulheres. Portanto a Embrapa também se preocupa com a questão de gênero, que é tão importante. Esperamos que nas próximas mudanças de chefes o número de mulheres ainda aumente.

Outro aspecto também importante é a visão de desenvolvimento da nação que a Embrapa, atendendo às recomendações do Governo Lula e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tem incorporado aos seus projetos.

Parcela significativa dessa visão está refletida no Balanço Social 2003 da Embrapa, publicação que estamos lançando hoje e que mostra, junto com os ganhos tecnológicos: o Lucro Social de R$ 11,6 bilhões proporcionado pela pesquisa, no ano passado; os 185.170 novos empregos criados pela adoção de tecnologias geradas pela pesquisa agropecuária; as 365 ações sociais empreendidas pela Embrapa e seus parceiros ao longo de 2003. Isso representa uma ação social por dia comandada e coordenada pela Embrapa.

Além de manter toda a programação científica em andamento, desde as biotecnologias até a agregação de valor aos produtos agrícolas, pecuários e florestais, é necessário alcançar, pelas mãos da informação, da tecnologia e da inclusão ao mercado, os mais de 3 milhões de pequenos produtores e assentados da reforma agrária. Sem isso a missão da Embrapa não será plenamente atingida.

Não há como um país ser livre, soberano e próspero, sabendo que 30% de seus filhos e filhas vivem em situações de pobreza inadmissíveis para o mundo atual. Não há, caros amigos e amigas, antagonismo entre o agronegócio e a agricultura familiar.

As instituições de pesquisa agropecuária, e a Embrapa em particular, já mostraram, que é possível incorporar agricultores familiares ao mercado.

É chegado o momento da reconciliação produtiva no país.

Todos os segmentos de produtores e de empreendedores rurais devem ser contemplados pela pesquisa agrícola, pecuária e florestal pública. Uma pesquisa que trate das peculiaridades e diferenças, mas que reforce a necessidade de convivência, para o bem da economia e da paz social em nosso país.

A Embrapa quer fazer parte desta empreitada, reconciliando o Brasil rural através da produção!

Ao finalizar, quero ressaltar e agradecer o determinante apoio do ministro Roberto Rodrigues e de sua equipe do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que é concretamente expresso no atendimento às necessidades da Embrapa.

Quero agradecer também aos demais ministros e dirigentes do Governo, que tanto nos têm prestigiado, e a todos os segmentos da sociedade, pelo apoio às instituições que fazem a pesquisa agropecuária nacional. Apoio esse que é fundamental para nos fortalecermos como líderes mundiais na geração de tecnologia tropical agropecuária e florestal.

E me permito encerrar agradecendo àqueles que são os principais responsáveis pela transformação do sonho em realidade. Que fizeram e fazem, daquela Embrapa sonhada há 31 anos, a Embrapa viva de hoje: os empregados dessa grande empresa.

Muito obrigado a todos.  

Tema: A Embrapa 

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