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Reunião discute a valorização da cevada como cereal de inverno

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  Fortalecer uma política de preços vinculada ao trigo foi a principal necessidade fundamentada pelos participantes da XXIV Reunião Anual de Pesquisa de Cevada, que encerrou ontem, dia 14, na Embrapa Trigo, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Passo Fundo, RS. A valorização da cevada como cultura de inverno centralizou os debates durante os dois dias de reunião.

A área plantada com cevada no Brasil na safra passada esteve em 136 mil hectares, num volume total de 379 mil toneladas do grão, produção que supre apenas 70% da demanda da indústria de malte cervejeiro nacional. Apesar da qualidade da última safra, atendendo a parâmetros como baixo teor de proteínas, germinação elevada e sanidade dos grãos, os produtores ainda estão pouco animados em substituir o trigo (principal cultura de inverno) pela cevada.

O motivo, segundo a Cooperativa Agrária, que reúne cerca de 300 produtores na região centro-sul do Paraná, estaria na remuneração inferior da cevada – R$ 360 a tonelada pelos grãos de primeira qualidade – em comparação com o preço do trigo, que ficou cotado em R$ 450 a tonelada na última safra. "A cevada exige os mesmo tratos culturais que o trigo, mas vale menos.

Se existe demanda de mercado, por quê o cultivo continua sendo mal remunerado?", questiona o coordenador técnico da cooperativa, Celso Wobeto, salientando que o melhor caminho seria estabelecer uma política de preços vinculada ao trigo, garantindo um mínimo de R$ 400 por tonelada de cevada em 2004.

Em resposta ao apelos do produtores, a AmBev - Companhia de Bebidas das Américas – anunciou na última terça-feira, um aumento em 11% no preço mínimo da cevada classe I produzida na região Sul, que poderá chegar a R$ 450 a tonelada. Conforme o representante da AmBev na reunião, o agrônomo Eduardo Caierão, a política de preços da empresa faz parte do programa de estímulo ao cultivo de cevada na região que inclui, além do pagamento de 90% da cotação paga pelo trigo, a parceria com a Embrapa para o desenvolvimento de cultivares mais resistentes.

Segundo a assessoria de comunicação da AmBev, a iniciativa de vincular o preço da cevada ao trigo aconteceu ainda no ano passado, tomando como base a Portaria 691/96 do Ministério da Agricultura que estabelece a classificação do produto. A valorização busca a nacionalização da cevada destinada a indústria cervejeira como forma de auto-suficiência na matéria-prima para produção do malte. Atualmente, parte da necessidade de cevada tem que ser importado do Cone Sul e Europa. No Uruguai, por exemplo, a cevada (127 mil hectares) já começa a roubar o espaço do trigo (180 mil hectares), numa produção voltada ao mercado brasileiro.

De acordo com o pesquisador Renato Amabile, da Embrapa Cerrados, a cevada no Brasil Central sob irrigação, consegue manter uma produtividade superior ao trigo, podendo atingir um rendimento variando entre 500 e mil quilos a mais por hectare. Avaliações feitas na região do Cerrados, com a utilização da cultivar BRS 195, apresentaram resultados econômicos semelhantes ao trigo, com custos de produção 10% mais baixos. A economia com água é outra vantagem apontada por Amabile "O consumo de água da cevada representa apenas 2/3 do volume utilizado pelo trigo". No Cerrado, a produção de cevada está concentrada no Triângulo Mineiro, onde o potencial de rendimento pode superar seis mil quilos por hectare. A área plantada em 2003 foi de 400 hectares, mas a meta regional é chegar a 2 mil hectares neste ano. No Brasil, a área com cevada deve passar dos atuais 136 para 157 mil hectares neste ano, representando um acréscimo de 16%. A semeadura inicia em maio na região Sul, onde está concentrada 99% da produção nacional.

"A safra 2003 certamente será histórica por bater recordes nacionais de produção, atingindo 379 mil toneladas, e recordes de produtividade, com 2.780 quilos por hectare", conclui o coordenador da Reunião Anual de Pesquisa de Cevada, Euclydes Minella. Ele lembra, ainda, que no Paraná, o maior produtor no ano que passou, os rendimentos chegaram a 6.500 quilos por hectare, refletindo o alto nível de eficiência da tecnologia gerada pela pesquisa nacional, principalmente através da Embrapa.

Joseani M. Antunes- MTb 9396/RS Embrapa Trigo Contatos: (54) 311.3444 - joseani@cnpt.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Grãos 

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