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Tarde de Campo destaca a importância do milho  na pequena propriedade

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  A produção do milho como principal fonte na alimentação animal e humana foi o foco da Tarde de Campo que aconteceu no dia 15, em David Canabarro, RS. Agregar valor ao grão com baixo custo de produção, além de avaliar tecnologias adequadas à pequena propriedade, foram os objetivos da Emater/RS, Embrapa Trigo e Sindicato dos Trabalhadores Rurais, promotores do evento.

Na comunidade rural de Santo Izidoro, interior do município de David Canabarro,  o agricultor Italvino Bresolin planta seis hectares de milho como principal cultura de verão. A preferência de Bresolin, assim com a grande maioria dos agricultores gaúchos, sempre esteve voltada para os milhos híbridos, que garantem a estabilidade na produtividade, mas resultam em sementes estéreis. Para a realização da Tarde de Campo, Bresolin destinou metade da área para a implantação das parcelas conduzidas pela Emater/RS e Embrapa Trigo, cobertas com os milhos varietais BRS Planalto e BRS Missões.

Conforme a pesquisadora Beatriz Emygdio, da Embrapa Trigo, o potencial de rendimento destas cultivares é de seis mil quilos por hectare, produtividade semelhante ao milho híbrido, com a vantagem do milho varietal manter a fertilidade da semente estável por, no mínimo, três gerações, com um custo 30% menor. Outro diferencial, segundo a pesquisadora, está na variação no desenvolvimento das plantas na lavoura: "O milho híbrido apresenta uma lavoura uniforme, com o pendoamento  acontecendo simultaneamente em todas as plantas, o que deixa a lavoura mais suscetível a estresses ambientais.

As cultivares varietais têm diferentes níveis de crescimento, pendoamento e maturação na mesma lavoura, o que atrapalha um pouco a colheita, mas garante mais resistência as plantas frente a intempéries como a seca ou ataque de pragas". Convencido dos benefícios das cultivares varietais da Embrapa Trigo, Italvino Bresolin espera colher 70 sacos de milho por hectare, rendimento altamente positivo, considerando os efeitos da seca que assolou lavouras na região. 

A utilização de plantas de cobertura como aveia, centeio e ervilhaca como fonte de nitrogênio e proteção do solo também fizeram parte das experiências realizadas na propriedade. De acordo com o agrônomo João Carlos Reginato, do escritório municipal da Emater/RS de David Canabarro,  o objetivo no uso de diferentes tipo de plantas foi verificar o melhor desempenho da cobertura verde no rendimento do milho.

"O milho semeado na resteva da ervilhaca demonstrou um desempenho muito superior em relação às demais coberturas de inverno", avalia Reginato. A explicação, apresentada pelo pesquisador Geraldino Peruzzo, da Embrapa Trigo, está na deposição de nitrogênio que a ervilhaca deixa no solo: "A ervilhaca pode deixar 100 quilos de nitrogênio no solo, que vai servir como nutriente para a cultura subsequente, neste caso o milho". Na comparação com as demais plantas de cobertura, o agrônomo da Emater/RS Cláudio Dóro,  lembra que o centeio e aveia retiram nitrogênio do solo para se desenvolverem, exigindo um custo maior para produção do milho que segue na rotação de culturas.

Técnicas de Manejo - O manejo da lavoura também foi diferenciado na área conduzida pela pesquisa e extensão. Em 50% da cobertura foi usado dessecante e na outra metade usou-se o rolo faca. As conclusões apontam desvantagens no uso do dessecante, como o custo de R$ 20 por hectare, além da incidência de plantas invasoras: "Na área tratada com dessecante foi registrado um número maior de invasoras", explica o agrônomo da Emater/RS, Antoninho Berton, ressaltando que o uso do rolo faca durante cinco anos seguidos elimina 80% dos inços da área.

A disponibilidade de maquinário agrícola adequado é outra demanda da agricultura familiar. "As pequenas propriedades estão instaladas, geralmente, em áreas declivosas, com grande incidência de pedras, o que dificulta o desenvolvimento de máquinas agrícolas apropriadas", analisa o pesquisador da Embrapa Trigo, Antonio Faganello. Ele lembra o empenho da pesquisa agropecuária em reduzir o peso das semeadoras: "As semeadoras que na década de 60 chegaram a pesar 70 quilos, hoje estão mais leves, com a média de 40 quilos, e apresentando uma melhor eficiência na distribuição de sementes".

O milho na alimentação - Já foram descobertas mais de 200 aplicações do milho para as mais diversas áreas: indústria química, têxtil, petrolífera, indústria de minérios, produtos farmacêuticos,  alimentação humana e animal. Na avaliação da extensionista Rozimeri Galante, da Emater/RS, o milho é um dos alimentos mais nutritivos ao homem, fornecendo proteínas, gorduras, hidrato de carbono, vitaminas e minerais. A produtora rural Grasiema Basto Fiorentin já sabia do valor do milho quando ouviu a palestra da Emater/RS: "Na minha casa sempre usamos a farinha de milho nas refeições da família. Nunca faltou polenta na mesa, bolo de fubá e rosca de milho".

O evento para divulgar tecnologias adequadas à agricultura familiar aconteceu também nos municípios de Entre Rios, RS, e Campos Novos, SC. A Tarde de Campo em São José das Missões, RS, ainda não tem data marcada, mas deve acontecer até o final do mês de abril.

Joseani M. Antunes- MTb 9396/RS Embrapa Trigo Contatos: (54) 311.3444 - joseani@cnpt.embrapa.br  

Tema: Produtos Agropecuários\Grãos\Milho 

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